[Aparecido rasga o verbo] “Galinha”

Aparecido Raimundo de Souza  

O DUDU GANHA todas. Basta chegar no meio da galera, as representantes do belo sexo alvoroçavam os olhares. O espécime raro chama a atenção não só pelos dezoito anos incompletos, como também pelo corpo sarado, a cabeça madura, a inteligência acima de qualquer suspeita, além de exímio praticante de esportes radicais.  

Sem contar que é dançarino, charmoso, skatista, divertido, alegre, eclético e carismático. Adora futebol e sempre que se aventura a jogar uma pelada, faz sucesso como atacante. Tudo nele pode enganar menos as digitais. Dudu é o que comumente as pessoas alcunham de “passador de régua”. 

E o que se entende por “passador de régua?”. O come todas. O “papador.” Faz juz ao apelido que lhe alcunharam. O moleque que não pode ver um rabo de saia. Paquera todas, ama todas, come todas. Depois de comida, palita os dentes com as calcinhas e pula fora. De sério, nele, nem as cuecas que usa. São falsas, ou compradas nessas lojinhas de R$ 1,99. 

O outro apelido de Dudu além de “galinha” é conhecido no pedaço como “Coruja.” Não pela inteligência, em decorrência dos olhos que podem localizar uma presa a longas distâncias, ao tempo em que calcula, com precisão, o mergulho necessário para capturar o seu jantar. 

As meninas, ensandecidas, quando se encontram com ele, seja na escola, no clube, nas ruas do bairro ou na pracinha, perdem a linha. Mandam para o lixo a tal da compostura. Na tentativa de se mostrarem, umas jogam beijos, fazem coraçõezinhos, atiram calcinhas outras, sutiãs, blusas, dinheiro, e algumas doidivanas, mais afoitas, arremessam, sem pensar nas consequências, as respectivas pererecas. 

Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, de Vila Velha, no Espírito Santo, 7-1-2025 

Anteriores: 
O Stubby 
De saia justa 
Um remédio tiro e queda 
[Aparecido rasga o verbo – Extra] Breves palavras de agradecimento aos familiares 
Pesadelos da noite de Natal