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Vamos, não sofra tanto, o homem nasceu para isto mesmo! Amar, odiar, alegrar, sofrer. Mas, será que temos que viver caminhando nos opostos? É a alma humana um abismo constante? Por que temos que estar todo tempo despencando nestes abismos? É isto o que Deus quer? Para que Deus quer que seja assim? Ou colocamos o nome de Deus para dar uma razão a tudo? Será que existe razão deveras? Digo para mim mesmo; sofro mais pelos outros que pelo meu próprio sofrimento. Estou sendo honesto? Não há uma auto-piedade camuflada nisto? Não devo mudar de opinião? Aprendi que o homem que sabe o que quer não deve mudar de opinião. Mentira! Temos sim que mudar de opinião. Se não mudarmos não haverá evolução. O que não queremos é evoluir, mudar. Ah, isto não! Mudar dá trabalho, desconforto, sofrer. Não queremos sofrer. Desejamos ser água estagnada, apodrecendo. Por que precisamos modificar? A mãe passando a mão em nosso rosto, penteando o nosso cabelo na infância. Enxugando a nossa lágrima e nos consolando que tudo é bobagem e tudo passa. Precisava modificar? Crescemos feitos uns desesperados, depois, desejamos voltar a infância. Ambicionando um parto as avessas, com medo do sofrer. Dizemos que só aprendemos com o sofrimento. Palavras para amenizar a dor. O que temos de apreender? Não estamos prontos? Falta algo na natureza humana. Recuso-me a esta verdade aceitar.
Lá adiante está o prédio da Varig. A principio não quero olhar. Sei que estão lá o presidente atual, Bottini, o futuro comprador, Lap Chan, o Juiz que está conduzindo a operação, Ayoub, muitos funcionários. Todos preocupados. Faz cinco meses que não recebem seus salários. Continuam trabalhando com uma dedicação invejável a qualquer patrão. O décimo terceiro, ainda, não receberam, e até café levam de suas casas para bordo. Muitos foram despejados de hotel no exterior, porque o gerente afirmava que não havia recebido as suas diárias. Lá está o prédio da Varig. Um aperto no peito dolorido. Tenho que lembrar algo agradável. Um líquido suave para descer esta pílula amarga. Urgente, Manoel Barbosa vem a memória, como se fosse um bálsamo.
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Sede da Varig, Rio de Janeiro, 07 de julho de 2003, foto: Jim Pereira |
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