Vê-se que a maneira mais óbvia de se formular
um argumento a favor do relativismo moral é um fracasso. Por que outra razão,
então, alguém aceitaria a conclusão? Talvez a principal razão hoje seja uma
visão equivocada do conceito de tolerância. Pergunte a um universitário
qualquer ou a um morador progressista ou liberal de cidade grande (pessoas do
interior costumam ser mais conservadoras, tanto politicamente quanto
eticamente) e eles lhe responderão que é de algum modo errado julgar alguém ou
alguma ação como imoral. Por quê? Porque devemos ser tolerantes. E o oposto do
tolerante é o fanático. E é moralmente errado ser um fanático. A tolerância se
tornou a virtude suprema na nossa cultura, de tal forma que a única coisa que
não pode ser tolerada é a intolerância (e esqueça o fato de isso ser
auto-refutável).
Ora, é evidente que a recusa
em fazer um julgamento sobre a moralidade de uma ação não é tolerância genuína;
é covardia moral, ou preguiça intelectual ou uma completa confusão. A
verdadeira tolerância é a concepção de que mesmo se eu acreditar que você está
errado, eu não vou usar de coerção para impor minha crença. (Agora é evidente
que há exceções, como no caso de ações que causem dano a outrem). Uma pessoa
realmente tolerante não vai se abster de fazer julgamentos, em vez disso
abster-se-á de usar da força para fazer com que os outros mudem suas crenças,
para, em vez disso, fazer uso apenas da persuasão.
Deste modo a tolerância como
um argumento para o relativismo ético também fracassa, visto que se apoia numa
noção equivocada de tolerância. Mas então se ambos os argumentos do relativismo
descritivo e o argumento da tolerância fracassam, e é relativamente fácil
perceber seu fracasso, por que tantas pessoas persistem em defender uma visão
relativista de moralidade? Talvez não esteja muito longe da verdade sugerir que
na nossa sociedade, com sua ênfase no individualismo, nos direitos e nas
liberdades, um novo contrato social implícito surgiu: eu não te julgo, se você
não me julgar. Isso parece especialmente verdadeiro nos chamados crimes sem
vítimas, em particular nos relacionados a sexo.
Título e Texto: Garrett J.
DeWeese e J. P. Moreland, in “Filosofia Concisa”, tradução: Vitor Grando
Pereira
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