quarta-feira, 9 de maio de 2012

A Venezuela e o aviso-ameaça de Fidel Castro

Imagem: AD
Roger Noriega
Quando um déspota intimidador, como o Coma Andante Fidel Castro, começa a ter medo, seu instinto de sobrevivência o faz tentar semear o terror entre seus muitos inimigos. Hoje em dia, enquanto seu ‘filho adotivo’ e ‘benfeitor’ da Venezuela, Hugo Chávez, está morrendo de câncer, o que realmente o ditador socialista cubano teme é que o seu regime está a ponto de perder bilhões de dólares em ajuda sob a forma de petróleo. Portanto, em 27 de abril, num artigo intitulado “O Que Obama Sabe”, Castro predisse que haverá “um rio de sangue na Venezuela” caso o governo chavezista seja expulso do poder pela “oligarquia” (leia-se, pelo voto popular) ou “derrubado” pelos Estados Unidos.
Seria uma surpresa escutar da boca do Coma Andante que o presidente Obama está advogando a derrubada de Chávez. Antes estivesse… A política passiva de Washington tem consistido em manter apenas relações comerciais com Caracas e desejar o bem de sua gente através de sua intocável soberania e autoderterminação.
O que alarmou tanto Castro é o aumento da intensidade dos esforços da Justiça dos EUA com a resolução – principalmente por parte da agência DEA (Drug Enforcement Administration) e do Departamento do Tesouro – para conseguir fazer com que os funcionários do regime da Chávez prestem contas de sua cumplicidade e associação com o narcotráfico e o terrorismo.
Chama a atenção o fato de que ao tentar identificar e punir os ‘capos’ da droga na Venezuela – narcogenerais e associados – se perceba tal ação como uma agressão contra o governo de Caracas, já que se trata de uma acusação feita aos principais dirigentes do regime chavezista, questão que exime de responsabilidade as políticas americanas. Ou seja, é apenas uma questão de bandidagem e combate ao crime abraçado por um estado criminoso.
O aviso-ameaça desesperado de Castro provém da notícia de que um ex-chavezista e ex-magistrado da Corte Suprema de Justiça da Venezuela, Eladio Aponte Aponte, buscou refúgio nos Estados Unidos para preservar a sua vida e está cooperando com a DEA. De fato, a liderança chavezista entrou em pânico, porque sabe que Aponte Aponte é só o primeiro de muitos desertores que ajudarão os fiscais estadunidenses a expor uma conspiração criminosa internacional que implica Chávez e seu círculo mais próximo. É provável que as acusações que emanam dos Estados Unidos minem uma sucessão encabeçada por militares leais a Hugo Chávez, como Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional; o camandante-em-chefe Gal. Henry Rangel Silva, ministro da Defesa, e o general de divisão Cliver Alcalá, comandante da IV Divisão Blindada do Estado Aragua – a unidade de maior poder de fogo na Venezuela – que foram recentemente colocados nestes postos chaves apesar de seus vínculos com o narcotráfico.
Por razões óbvias, um homem tão corrupto e paranoico como Fidel Castro é um especialista sobre o funcionamento do sistema judicial dos EUA. Portanto, sabe ele que uma acusação contra Hugo Chávez é praticamente impossível, devido a sua condição de chefe de Estado. Assim mesmo, os fiscais federais americanos sabem muito bem que acusar um alto funcionário do governo venezuelano requer a aprovação prévia do Departamento de Justiça em Washington. Castro, que há 60 anos era conhecido por ser um bom jogador, está divulgando uma mensagem diretamente à cabeça de Obama: “apazigue seus fiscais, ou trate de lidar com um caos sangrento nas ruas de Caracas”.
Sem dúvida, o ditador astuto sabe que a administração de Obama será muito cautelosa num ano eleitoral. De fato, a ideia de que a Casa Branca pediu ao Procurador-Geral da República, Eric Holder, que intervenha para salvar os traficantes de drogas em Caracas é simplesmente um contrassenso.
Minha opinião é a de que os Estados Unidos, logo que possível, apresentarão as acusações formais; de que os desertores continuarão saindo da Venezuela; e de que os assassinatos de gente envolvida com a máfia das drogas aumentarão para tentar enterrar qualquer vestígio de seus atos criminosos e de corrupção.
A segunda advertência-ameaça de Castro foi dirigida aos “oligarcas” da oposição que têm a intenção de desafiar o chavezismo nas urnas nas eleições de 7 de outubro próximo, quando se supõe que o sucessor de Chávez poderá ser eleito. O pai adotivo cubano de Chávez enviou um aviso, não tão sutil, de que os opositores democráticos serão identificados como colaboradores da justiça americana, agora que apenas começam a escavar os cimentos corruptos do regime. Se esse for o caso, então, os chavezistas civis como o chanceler Nicolás
Maduro, o vice-presidente Elías Jaua, o governador Adán Chávez e José Vicente Rangel, são igualmente cúmplices dos atos dos narcogenerais que financiam e defendem a política de Estado já que os crimes da cúpula militar estão expostos, pelo que os chavezistas civis não terão credibilidade alguma.
Talvez os sequazes de Chávez estejam contando com os milhares de pistoleiros cubanos e membros das milícias paramilitares venezuelanas que estão armados até os dentes com armas russas. Portanto, se houver derramamento de sangue na Venezuela, não se pode esquecer quem será responsável por instigar a violência. Sem dúvida, caso a violência quer ser contida, a oposição terá que ser muito hábil e será precisa muita coragem por parte da grande maioria dos militares que são leais à Constituição e que poderão evitar um derramamento de sangue.
Só alguém como o facínora Fidel Castro poderá considerar que a repressão sangrenta ao povo a favor da causa dos narcotraficantes é um ato de nobreza. Sua esperança demente é que uma ameaça tão terrível impedirá que os líderes latinoamericanos, a quem ele conhece muito bem, e o presidente Obama, a quem ele conhece muito pouco, façam o que é correto agora que o narco-estado venezuelano está sendo desmascarado.
Texto: Roger Noriega, Investigador visitante no American Enterprise Institute e Diretor Executivo de Vision Americas LLC. Ex-embaixador dos EUA junto à OEA e ex-subsecretário de Estado. Publicado no jornal “El Nuevo Herald”.
Título e Tradução: Francisco Vianna

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