Nem Sete, nem Oito: não vai dar em nada!

O que aconteceu ontem no Brasil foi, como escreveu Igor Gielow, na Folha de S. Paulo, lembrado por José Manuel, um flop. Sim, um fiasco. De público, de intenção, de resultado. Consequentemente, de futuro.

Ontem, enquanto assistia na Record News, que transmitia em direto as “manifestações” em São Paulo e no Rio de Janeiro, São Paulo na metade esquerda da telinha, a do Rio na metade direita, sentia que algo estava errado, algo não tinha dado certo. Enquanto do lado esquerdo pessoas caminhavam, não enxerguei nenhuma faixa, cartaz… do lado direito um grupo juntava material para fazer uma grande fogueira, acho que na esquina da Pinheiro Machado com a Rua das Laranjeiras. Especialmente esta me encafifou. Contra o quê ou porquê manifestavam-se estes pacíficos populares?

O que levei comigo para a cama foi a impressão nítida que o “povo” saíu às ruas para protestar CONTRA a polícia e a FAVOR do ‘direito’ de esconder o rosto.

Aqui lembrei-me das imagens da famosa e arrepiante Marcha dos Cem Mil, pela Avenida Rio Branco, em 1968. 

Não vi nenhuma máscara. E olha que o regime que governava o Brasil era de ditadura e o pau comia… Então, por que se esconder, agora nestes tempos de ‘liberdade democrática’, quando você sai à rua para protestar? Agora que, felizmente, somos governados por aqueles que tanto lutaram pela ‘liberdade democrática’? Ok, alguns ficaram ricos com e/ou por causa dessa ‘luta’…

É interessante, se não mandatório, lembrar que até agora ainda não vi o povão manifestar-se. Me refiro a uma maioria da população do Brasil, que não está pobre porque o governo do Partido dos Trabalhadores resolveu que ela, essa maioria, agora, é classe média. Não sei se por gratidão pelo decidido upgrade ou contrariedade pela oposição a tão diligente e popular governo, é fato que essa maioria ainda não foi vista nas manifestações.

Em junho, e antes, vi imagens em algumas manifestações de faixas e cartazes protestando contra fatos degradantes da vida política e social brasileira: corrupção (embora, aqui, tenha ficado e permanece genérica, é lindo de ler, só), contra Renan Calheiros e, as melhores, por Saúde e Educação e contra o gasto norte-coreano para copas, olimpíadas e outros desfiles grandiosos e intermináveis em honra do líder. Bom, junho se foi e estamos em setembro.

Contra o quê protestam os brasileiros? Contra a polícia e a favor de mascarados e deguisés?

O grande problema, na verdade um problemão, é a falta de ideologia. Até por falta de conhecimento do que seja uma ideologia e para que serve. Enquanto os governantes, seus asseclas e apalermados têm uma nítida ideologia e lutam por ela, quando não atropelam, os ingênuos e bem-intencionados acreditam em (fantasiados de) Batman, Cinderela, Saci-Pererê, Boto-cor-de-rosa, Cascavel que chocalha Ivete Sangalo…

Atual e urgentemente, o Brasil precisa de cidadãos ideologicamente engajados, quero dizer, pelo menos aqueles que se considerem do ‘contra’, abracem uma ideologia, pode até ser a atual, marxista-leninista, desaguada e abrigada em bolsas-família, minhas casas, meus carnavais, minhas copas do mundo, e “olha só como eu falo grosso com Obama!”... e saia para as ruas defendendo-a.

O que não pode continuar acontecendo/existindo é cidadãos muito bem-intencionados e sem ideologia saírem às ruas para multiplicar a ‘multidão’ de ‘blacks blocs’, de ´Levantes Populares’ e de outros grupelhos com ideologia muito bem definida, mas muito bem escondida, e saírem por aí divulgando as imagens dos pobres coitadinhos batidos por bandidos policiais.

Eu não aprovo a violência policial, nem qualquer outra violência, agora, pelo amor de Deus!, você sabe quais os valores que defendem os black bloc, os levantes populares, o psol… São os seus? Se forem, não está mais aqui quem ‘falou’.

Se não forem, saia às ruas exibindo cartazes, faixas, cartolinas… CONTRA, por exemplo:

- Renan Calheiros (já te esqueceram!),

- José Dirceu

- Lula da Silva

- Rosemary Noronha (a amante!)

- Etc…

Eu sei, vai ser difícil, a julgar pelo que aconteceu em Porto Alegre. Mas não custa tentar.
A propósito, você sabe o que é marxismo?