Portugal conseguiu realizar
uma emissão de dívida a cinco anos que só pode ser considerada um êxito. A procura foi
três vezes maior do que a oferta, a taxa de juro diminuiu em relação à emissão
anterior e os interessados em comprar dívida portuguesa são menos especulativos
do que no passado.
Há crescentes sinais de que a
situação económica do País está a mudar. As exportações cresceram 7,2% em Novembro, a poupança das famílias aumentou, o
défice de 2013 será inferior à meta da troika, a confiança recupera e, na vertente do emprego, parece haver indícios de uma melhoria surpreendente, embora não seja ainda claro que tipo de
postos de trabalho estão a ser criados (que sejam mini-jobs, só alguém com
emprego pode achar mal).
Vivemos durante três anos
embalados na narrativa da desgraça e agora, quando chegam as primeiras boas
notícias, vão aparecer os habitantes do outro lado do espelho, os
panglossianos, que só verão o lado róseo da realidade.
O que temos perante nós não
será inferno nem paraíso, mas antes uma aborrecida e lenta recuperação, com
altos e baixos, avanços e recuos, momentos de alegria e também de desalento.
Quem agora vender novas ilusões de uma recuperação rápida estará a cometer o
mesmo erro das cassandras. A saída da troika não mudará um aspecto essencial: a
longo prazo, Portugal terá de manter contas públicas equilibradas e orçamentos
de rigor. É isso ou saída da zona euro.
Para os portugueses sem
emprego e com pouca esperança, o facto de baixarem as taxas de juro da dívida
não dirá grande coisa. No entanto, não podemos esquecer as razões desta crise:
o Estado português esteve em pré-falência e a alternativa ao resgate
internacional foi a bancarrota e, então, não haveria dinheiro para pagar as
reformas, os salários ou as importações. A alternativa à troika foi sempre, e
continua a ser, a saída do euro, esse sim o verdadeiro cataclismo.
Título e Texto: Luís Naves, Fragmentário,
09-01-2014
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