segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

"Nem Varig nem Panair são meus cemitérios, nem guardarão meu túmulo."

Vanderlei dos Santos Rocha
Saibam, nessa história de viuvez, há umas carpideiras que me irritam.
Culpar, incriminar, desvalorizar, quem absorveu a Panair.
Não vejo ninguém a culpar o regime de exceção.

Adoro os protestos dos brasileiros.
Vejamos, morre um traficante, bloqueiam avenidas, queimam automóveis alheios e transportes coletivos.

Foto: Marco Ambrosio/Folhapress

Bala perdida mata um inocente, bloqueiam avenidas, queimam automóveis alheios e transportes coletivos.

Reclamam dos aumentos de tarifas, bloqueiam avenidas, queimam automóveis alheios e transportes coletivos, quebram bancos, destroem o patrimônio público, rapinam lojas e supermercados.

Governo reclama de traficante morto após condenação por tráfico fazendo guerra diplomática, e o povo aplaude.

Governo culpa governo de quinze anos atrás por fraudes e corrupção na Petrobras.

Nossos protestos sempre punem o povo.
As viúvas da Panair culpam a Varig.

Àqueles que perdem seus patrimônios, seus transportes coletivos, nessas badernas, a quem devem culpar?
Talvez devam se sentirem culpados.

A Panair morreu, foi morta, mas muitos garantiram seus empregos, ou os tiveram garantidos.
A Varig morreu, e muitos tiveram seus empregos perdidos, sem rescisórias trabalhistas.
Quem aceita uma decisão judicial com dúbias jurídicas, em troca de uma dívida?

Governos após governos produzem assassinatos, crimes, fraudes e ninguém os culpam.
A culpa sempre recai nos que absorvem os prejuízos.

Já fiz uma exposição sobre os caixas de pensões, que foram roubados para construir Brasília, a CSN, a Petrobrás, a VALE, caixas econômicas e outras "cositas" mais que desapareceram com canetaços e as dívidas jamais pagas.
As dívidas desses imbróglios são impagáveis.

Águas passadas, já chegaram ao mar.
Ficam remoendo picuinhas. O governo deu a Panair para a Varig, e daí?
Qual o problema?
Moral e ética de não aceitar?
Poupem-me.

Parecem judeus cobrando dívidas de guerra do império romano ou otomano.
Parecem desgraçados perenes que festejaram a derrocada da VARIG.
Explodam-se os passados.
Nem Varig e Panair levaram legados aos seus túmulos.

Houveram outras, Cruzeiro, Vasp, Transbrasil etc... algumas absorvidas, outras falidas, e a culpa foi entregue aos seus trabalhadores.

Chego a conclusão de que:
Quem mandou você trabalhar na Real, na Panair, na Varig, na Transbrasil, na Vasp, na Cruzeiro?
Então F…, seus trouxas.
Felizmente, eu fui um deles, e agradeço pelo que foi bom.

Nem Varig nem Panair são meus cemitérios, nem guardarão meu túmulo.

O que nos arrebata ano após ano são nossos governos corruptos, na terra do pau-brasil vivemos no Brasil, levando pau por nossas convicções de eleger a corja que habita Brasília, a legítima Shangri-La tão decantada em inúmeras crônicas.
Título e Texto: Vanderlei dos Santos Rocha, 21-2-2015

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4 comentários:

  1. Também acho, poderia ter ido trabalhar, na KLM, na American Airlines, na TAP, mas olha onde eu fui bater como um urubu daqueles que se arrebentam nas asas dos nossos sonhos. Na Varig, onde tive lindos sonhos delirantes.
    E para piorar, depois de muito anos ainda tive a minha vida castrada por entes supra divinos que habitam aos montes lá pelo planalto Shangri-la.
    José Manuel

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  2. Obrigado, por compartilhar meu ponto de vista.
    A primeira casa de meu pai foi financiada pela VARIG, por isso comparo Ruben Berta a Robert Owen, apesar de que os motivos de Berta ter feito a Fundação, foram diversos, a fim de evitar uma encampação governamental.
    Tanto Varig quanto Panair eram pseudo subsidiárias de governos estrangeiros.
    O sonho de Robert Owen foi destruído pelos próprios funcionários, assim como parte da Varig.
    Meu pai era da Varig, tios, primos, irmãos e casei com a filha de um funcionário, com irmãos, sobrinhos e filhos trabalhando na Varig.
    São mais de 350 anos de serviços prestados.
    Enalteço as coisas boas da VARIG, não era só o emprego, era muito melhor que a tal Panair.
    Serviço médico e dentário, óculos, material escolar, remédios e super mercado.
    Meu pai era mecânico mas em 1958 tinha um Austin A-40, eu frequentava colégio pago, assim como irmãos.
    Em 1967 meu pai comprou um apartamento financiado pelo IAPFESP em Porto Alegre.
    Quando entrei na Esvar, caminhava 3 quilômetros para pegar o cipó, ônibus que levava os empregados ao serviço.
    Quando tive apendicite uma ambulância da fundação me levou ao hospital.
    Após a Esvar eu Fazia o científico à noite.
    Chegava em casa meia noite, e levantava às 5.
    A VARIG não era só meu emprego, era parte da família.
    Digam-me as viúvas da Panair se a subsidiária americana fazia isso?
    Eu também fui um urubu sugado pelas turbinas dos sonhos, também sonhei com uma aposentadoria decente.
    Agora, jamais serei viúvo do passado, quem fica deve administrar suas saudades e lembranças para que não interfiram no presente.
    Acontece que esses governos incompetentes interferiram nos presente de muitos
    funcionários da Varig.
    Quando você escreve aos montes, aqui no sul monte sempre é composto de fezes.
    Ser funcionário da Varig não era opção, era destino.
    Nunca se pode buscar justificativas pelo passado.
    Temos que justificar sempre o futuro.
    Meu pai morreu, nunca chorei sua morte, fiquei triste, magoado, mas com a certeza de dever cumprido como filho.
    Não há de se chorar os mortos, isso não é destino ou "fate" é realidade incondicional.
    Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe.
    Queria ser médico, acabei mecânico de voo.
    Queria tirar filosofia, o AERUS acabou.
    Quando me pergunto como vou, sempre respondo:
    -Levando a vida antes que ela me leve.
    Quando me dizem vá com deus, digo:
    - Não tenho pressa nenhuma de ir com ele.
    Nunca digo adeus, para ninguém, é despedia de mortos.
    Sequer imagino, meus netos, daqui a 50 anos, virarem carpideiras da VARIG, é um desatino.
    Os motivos do passado, não representam os motivos no futuro.

    bom dia

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  3. Gosto de ler Chopra, ND Walsch e muitos outros.
    Ah! Também gosto de poesia e particularmente de um poeta filósofo gaúcho, que disse que se escrevesse em sua lápide simplesmente, Eu não estou aí!
    Ah! Gostaria de ser vizinho do túmulo dele, e deixaria escrito:
    Eus também não!!

    Boa tarde
    Ivan A Ditscheiner

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