segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Nosso futuro a Deus não pertence

José Manuel
Existem vários tipos de previsibilidades, genericamente falando, é claro, mas duas em especial são as que nos interessam, por que retratam exatamente o que vai acontecer em nosso país.
Primeiro, a previsão do que pode ocorrer para melhor:
Segundo, a previsão do que pode ocorrer para pior.

Infelizmente nos encontramos na segunda opção, pois somos um país altamente previsível  nos piores aspectos.
O lamentável é que  acompanhamos as notícias, sabemos o que vai acontecer, porque o óbvio está indecentemente escancarado, mas o poder público apenas e sempre sai tomando as medidas reativas ao problema, sem nunca se aprofundar  nas causas, sua prevenção necessária e urgente.
A pergunta é: Por quê, e a quem interessa esse estado de irresponsabilidade em que o país foi transformado?

Recentemente, o secretário de segurança do Estado do Rio de janeiro, deu um entrevista em que afirma que o Rio enfrenta " Uma nação de criminosos ".
Essa constatação dele, nós, Cariocas, já sabemos há muitos anos, muito antes da sua gestão como secretário.
Ao longo de décadas, nada de sério, responsável e moderno, lastreado em atitudes tecnicamente concebidas e a longo prazo, foi feito tanto pelos governos estaduais, como pelo governo federal para que houvesse uma redução da criminalidade. A continuar este estado de coisas, as próximas atitudes desses criminosos, a exemplo de seus colegas do Estado Islâmico, poderão vir a ser em decepar as cabeças de traficantes rivais, para apresentá-las a um público horrorizado, e se equipararem internacional e midiaticamente aos bandidos das arábias.

Aliás, no presídio de Pedrinhas, no Maranhão, já se praticou semelhante barbárie importada e seria aconselhável e urgente que se acenda uma luz em nossos dirigentes para que não cheguemos a esse ponto.

A partir da declaração do secretário, corremos o risco do próprio Estado Islâmico,  os promoverem a embaixadores de sua hedionda criminalidade, uma vez que já são uma Nação,  porque  os AK-47 e os AR-15 que aqui gorjeiam, são os mesmos que gorjeiam como lá e as fotos similares com os fuzis- metralhadoras eles já divulgam há muito tempo e a todo o momento. Só faltam as cabeças.

Por falar em embaixadas, o que está sendo feito com um dos ícones do país mais repeitáveis mundo afora, é simplesmente inconcebível.
O Itamaraty, órgão respeitado pelo seu passado de glórias diplomáticas, como o águia de Haia na figura de Ruy Barbosa ou, mais recentemente com Sérgio Vieira de Mello, alto comissário das Nações Unidas, morto em Bagdá, dentre outros medalhões da diplomacia nacional, está entrando em agonia, com a falência múltipla dos seus vários órgãos.

Há anos isto vem sendo previsível e não foi por falta de avisos de setores especializados no assunto e do que poderia acontecer.

O que vemos agora é um disparate sem tamanho, com o país devendo as suas obrigações financeiras contratuais, junto a órgãos mundiais, como o Tribunal Penal Internacional, por exemplo, em que o país está proibido de votar por estar em débito com seus pagamentos, depois de ter sido um dos países que ratificou o " Estatuto de Roma ", quando foi criado esse tribunal em 1998.

Ruy Barbosa, que foi juiz na Corte Internacional de Haia, não deve estar nada satisfeito com este panorama na diplomacia Tupiniquim.
São 190 milhões de dólares de débito ao TPI, ONU e UNESCO, fora o não envio de 87 milhões às operações militares de paz.
Então para e por quê enviaram-se vários contingentes ao Haiti? Para mostrar o quê exatamente? A nossa pujança econômica?
A nossa força militar?

Essa previsibilidade da vergonha por que passaríamos está aí desde antes de 2010, quando a diplomacia nacional foi relegada a segundo plano, e agora embaixadas mundo afora não tem dinheiro nem para pagar a luz, muito menos o aluguel, seus funcionários, e os embaixadores pedindo socorro em documentos publicados na mídia.
Até quando estaremos às avessas no foco do cenário diplomático mundial?

Mas a coqueluche do momento, graças ao que já sabemos há mais de ano mas que os gerentes regiamente pagos para trabalhar e nos informar, não o fazem, serão os banhos que deixarão de ser tomados após um dia inteiro de trabalho, e os aparelhos, máquinas, computadores, salas de cirurgia, metrô, elevadores, indústria, comércio, que irão parar várias vezes ao dia com os apagões das usinas que não geram eletricidade, porque já estamos praticamente mortos em volume e atitudes, com a falta de água.

Era previsível ou não para nós mortais pagadores de impostos e que trabalhamos duro, exatamente para que isso não acontecesse?

O mais incrível é que mesmo com a previsibilidade de uma catástrofe que se aproxima, apenas algumas cidades de Minas Gerais cancelaram o carnaval por decreto, mas nem mais um governador, prefeito dos Estados mais afetados ou até mesmo a Presidência tenha determinado até agora por decreto a suspensão incondicional do carnaval,  numa época em que se gastam bilhões de litros de água, extra cotas normais.

Muito pelo contrário, há anúncios em jornais sobre festas carnavalescas nas piscinas dos clubes da cidade do Rio de Janeiro.
Crucificação à parte, por esta realidade que dói, vamos aguardar.

Ou seja, a única certeza que temos é a de que em mais quinze dias estaremos sem tomar banho e com uma vela na mão.
Previsível?

Para tecer e arrematar o manto da previsibilidade, desde 2010 estamos vindo ladeira abaixo com os piores índices de produtividade, alta inadimplência, rombos em contas públicas, Pibinhos cada vez menores, corrupção inimaginável em órgãos públicos, gastos estratosféricos pelo nosso turismo externo, a Petrobras sendo a Jules Rimet da vez, mas mesmo assim patrocinamos uma Copa, com DOZE sedes, DOZE estádios novinhos e o pior resultado esportivo desde 1950.

Como se não bastasse tudo isso continuamos a gastar com uma Olimpíada que a cada dia se anuncia mais cara, e elegemos o mesmo governo responsável por todas as mazelas que irão transparecer ao longo de 2015.
Não há a menor necessidade de se jogar búzios, visitar cartomantes ou terreiros de macumba, para saber qual o nosso futuro.


Ah, antes de terminar este texto, gostaria de lembrar que quando quebraram o fundo de pensão Aerus, sabíamos que poderia demorar, mas também sabíamos nove anos atrás que apesar de todas as adversidades e perdas humanas pelo caminho, o governo iria ser responsabilizado por mais essa incompetência com ares de tragédia, e que retomaríamos os nossos salários de volta.

Estava na cara, e os que se acham donos perenes do poder não acreditaram. Era previsível e fecharam as festas de fim do ano de 2014, assinando a lei que nos devolve a dignidade a partir de 2015.
Deus sempre nos ajudou, mas acho que se cansou, desistiu e solicitou outra nacionalidade.
Título e Texto: José Manuel, ex-tripulante Varig, 2-2-2015

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