José Manuel
Existem vários tipos de
previsibilidades, genericamente falando, é claro, mas duas em especial são as
que nos interessam, por que retratam exatamente o que vai acontecer em nosso
país.
Primeiro, a previsão do que
pode ocorrer para melhor:
Segundo, a previsão do que
pode ocorrer para pior.
Infelizmente nos encontramos na
segunda opção, pois somos um país altamente previsível nos piores
aspectos.
O lamentável é que
acompanhamos as notícias, sabemos o que vai acontecer, porque o óbvio
está indecentemente escancarado, mas o poder público apenas e sempre sai
tomando as medidas reativas ao problema, sem nunca se aprofundar nas
causas, sua prevenção necessária e urgente.
A pergunta é: Por quê, e a
quem interessa esse estado de irresponsabilidade em que o país foi
transformado?
Recentemente, o secretário de
segurança do Estado do Rio de janeiro, deu um entrevista em que afirma que o
Rio enfrenta " Uma nação de criminosos ".
Essa constatação dele, nós,
Cariocas, já sabemos há muitos anos, muito antes da sua gestão como secretário.
Ao longo de décadas, nada de
sério, responsável e moderno, lastreado em atitudes tecnicamente concebidas e a
longo prazo, foi feito tanto pelos governos estaduais, como pelo governo federal
para que houvesse uma redução da criminalidade. A continuar este estado de
coisas, as próximas atitudes desses criminosos, a exemplo de seus colegas do
Estado Islâmico, poderão vir a ser em decepar as cabeças de traficantes rivais,
para apresentá-las a um público horrorizado, e se equipararem internacional e
midiaticamente aos bandidos das arábias.
Aliás, no presídio de Pedrinhas,
no Maranhão, já se praticou semelhante barbárie importada e seria aconselhável
e urgente que se acenda uma luz em nossos dirigentes para que não cheguemos a
esse ponto.
A partir da declaração do
secretário, corremos o risco do próprio Estado Islâmico, os promoverem a
embaixadores de sua hedionda criminalidade, uma vez que já são uma Nação,
porque os AK-47 e os AR-15 que aqui gorjeiam, são os mesmos que
gorjeiam como lá e as fotos similares com os fuzis- metralhadoras eles já
divulgam há muito tempo e a todo o momento. Só faltam as cabeças.
Por falar em embaixadas, o que
está sendo feito com um dos ícones do país mais repeitáveis mundo afora, é
simplesmente inconcebível.
O Itamaraty, órgão respeitado
pelo seu passado de glórias diplomáticas, como o águia de Haia na figura de Ruy
Barbosa ou, mais recentemente com Sérgio Vieira de Mello, alto comissário das
Nações Unidas, morto em Bagdá, dentre outros medalhões da diplomacia nacional,
está entrando em agonia, com a falência múltipla dos seus vários órgãos.
Há anos isto vem sendo
previsível e não foi por falta de avisos de setores especializados no assunto e
do que poderia acontecer.
O que vemos agora é um
disparate sem tamanho, com o país devendo as suas obrigações financeiras
contratuais, junto a órgãos mundiais, como o Tribunal Penal Internacional, por
exemplo, em que o país está proibido de votar por estar em débito com seus
pagamentos, depois de ter sido um dos países que ratificou o " Estatuto de
Roma ", quando foi criado esse tribunal em 1998.
Ruy Barbosa, que foi juiz na
Corte Internacional de Haia, não deve estar nada satisfeito com este panorama
na diplomacia Tupiniquim.
São 190 milhões de dólares de
débito ao TPI, ONU e UNESCO, fora o não envio de 87 milhões às operações
militares de paz.
Então para e por quê
enviaram-se vários contingentes ao Haiti? Para mostrar o quê exatamente? A
nossa pujança econômica?
A nossa força militar?
Essa previsibilidade da
vergonha por que passaríamos está aí desde antes de 2010, quando a diplomacia
nacional foi relegada a segundo plano, e agora embaixadas mundo afora não tem
dinheiro nem para pagar a luz, muito menos o aluguel, seus funcionários, e os
embaixadores pedindo socorro em documentos publicados na mídia.
Até quando estaremos às
avessas no foco do cenário diplomático mundial?
Mas a coqueluche do momento,
graças ao que já sabemos há mais de ano mas que os gerentes regiamente pagos
para trabalhar e nos informar, não o fazem, serão os banhos que deixarão de ser
tomados após um dia inteiro de trabalho, e os aparelhos, máquinas,
computadores, salas de cirurgia, metrô, elevadores, indústria, comércio, que
irão parar várias vezes ao dia com os apagões das usinas que não geram
eletricidade, porque já estamos praticamente mortos em volume e atitudes, com a
falta de água.
Era previsível ou não para nós
mortais pagadores de impostos e que trabalhamos duro, exatamente para que isso
não acontecesse?
O mais incrível é que mesmo
com a previsibilidade de uma catástrofe que se aproxima, apenas algumas cidades
de Minas Gerais cancelaram o carnaval por decreto, mas nem mais um governador,
prefeito dos Estados mais afetados ou até mesmo a Presidência tenha determinado
até agora por decreto a suspensão incondicional do carnaval, numa época
em que se gastam bilhões de litros de água, extra cotas normais.

Crucificação à parte, por esta
realidade que dói, vamos aguardar.
Ou seja, a única certeza que
temos é a de que em mais quinze
dias estaremos sem tomar banho e com uma vela na mão.
Previsível?
Para tecer e arrematar o manto
da previsibilidade, desde 2010 estamos vindo ladeira abaixo com os piores
índices de produtividade, alta inadimplência, rombos em contas públicas,
Pibinhos cada vez menores, corrupção inimaginável em órgãos públicos, gastos
estratosféricos pelo nosso turismo externo, a Petrobras sendo a Jules Rimet da
vez, mas mesmo assim patrocinamos uma Copa, com DOZE sedes, DOZE estádios
novinhos e o pior resultado esportivo desde 1950.
Como se não bastasse tudo isso
continuamos a gastar com uma Olimpíada que a cada dia se anuncia mais cara, e
elegemos o mesmo governo responsável por todas as mazelas que irão transparecer
ao longo de 2015.
Não há a menor necessidade de
se jogar búzios, visitar cartomantes ou terreiros de macumba, para saber qual o
nosso futuro.
Ah, antes de terminar este
texto, gostaria de lembrar que quando quebraram o fundo de pensão Aerus,
sabíamos que poderia demorar, mas também sabíamos nove anos atrás que apesar de
todas as adversidades e perdas humanas pelo caminho, o governo iria ser
responsabilizado por mais essa incompetência com ares de tragédia, e que
retomaríamos os nossos salários de volta.
Estava na cara, e os que se
acham donos perenes do poder não acreditaram. Era previsível e fecharam as
festas de fim do ano de 2014, assinando a lei que nos devolve a dignidade a
partir de 2015.
Deus sempre nos ajudou, mas
acho que se cansou, desistiu e solicitou outra nacionalidade.
Título e Texto: José Manuel, ex-tripulante Varig,
2-2-2015
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