quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Portugal paga a taxa mais baixa de sempre em emissão de dívida a dez anos

Raquel Godinho

Portugal regressou, esta quarta-feira, ao mercado para emitir dívida a dez anos. Pagou uma taxa de juro de 2,5062% nesta operação, a mais baixa de sempre.

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) colocou no mercado 1,25 mil milhões de euros em obrigações do Tesouro (OT) a dez anos, o valor mais elevado do montante indicativo entre mil e 1,25 mil milhões de euros que tinha sido anunciado, numa operação realizada num contexto em que o futuro da Grécia continua a preocupar os investidores.

Nesta operação, o Tesouro português pagou uma taxa de juro de 2,5062%, sendo que, na última operação semelhante, em Novembro, Portugal pagou uma taxa de juro de 3,1766%. Esta foi, assim, a taxa mais baixa de sempre. Esta emissão surge depois de Portugal ter realizado, a 13 de Janeiro, duas emissões de OT a 10 e 30 anos, com a ajuda de um sindicato bancário. Nessas operações, pagou uma taxa de juro de 2,92% na maturidade mais curta e 4,131% na linha a 30 anos.

"Portugal nunca pagou um juro tão baixo no mercado, o que é muito vantajoso para a intenção de amortizar antecipadamente o empréstimo do FMI", considera Filipe Silva, director da gestão de activos do Banco Carregosa.

A procura demonstrada pelos investidores nesta dupla operação superou em 1,88 vezes a oferta total, ligeiramente abaixo da procura registada na última operação que ascendeu então a 2,07 vezes a oferta.

"A procura não teve problemas -  os investidores continuam a manter a confiança em Portugal", defende Filipe Silva. Já Steven Santos acredita que "as preocupações sobre a sustentabilidade da dívida grega e a reunião do Eurogrupo agendada para hoje poderão explicar a menor procura pelas obrigações portuguesas face a Dezembro, com alguns investidores internacionais a preferirem esperar para ver os próximos desenvolvimentos".

Além de Portugal, outros países foram esta quarta-feira ao mercado, como a Alemanha, Itália e Grécia. Mas "embora tenha sido uma manhã activa no mercado de dívida de curto prazo, Portugal foi o único país europeu a colocar obrigações a longo prazo, o que ajudou a concentrar as atenções dos investidores, apesar de terem lançado menos propostas de compra", acrescenta o gestor da XTB.

Ou seja, "a falta de concorrência no vencimento a 10 anos e a caça por rendimento suportaram a operação, com as Obrigações do Tesouro a serem o título de dívida com juros mais altos emitido hoje no mercado primário", realça Steven Santos.

"Claro que uma taxa de 2,5% a dez anos em termos absolutos não é muito interessante para os investidores mas, em termos relativos, se virmos que há países que oferecem taxas negativas a cinco anos, acaba por ser um atractivo investir em dívida portuguesa", conclui o especialista do Banco Carregosa.

No mercado secundário, os juros exigidos pelos investidores para apostarem na dívida pública portuguesa seguem em queda na maioria dos prazos, à excepção da maturidade a três meses. Na dívida a dez anos, a "yield" recua 4,2 pontos-base para os 2,538%.
Título e Texto: Raquel Godinho, Jornal de Negócios, 11-2-2015
Grifos: JP

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