terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Dispensamos bem as profecias patéticas e os deslizes de Varoufakis... mas pode continuar!

Tavares Moreira
1. O novo ministro das finanças da Grécia parece não estar ainda satisfeito com a inenarrável confusão que conseguiu criar em torno da já muito difícil situação económica e financeira do seu País, tornando indecifráveis as suas prioridades e objectivos – e dando mesmo a sensação de estar sobretudo empenhado em indispor os seus credores aos quais, paradoxalmente, vai apresentando exigências, com o falso rótulo de propostas, para obter novos financiamentos.

2.  Na verdade, para além desse trabalho tão meritório como deletério, na frente interna, entretém-se agora a disparar ameaças sobre a zona Euro, tendo ontem chegado ao ponto de afirmar que esta zona será como um baralho de cartas: se lhe tirarem a carta da Grécia, a mais vulnerável como se depreende das suas próprias palavras, a seguir cairão as cartas Portugal, Itália, e assim sucessivamente…

3.  Ao mesmo tempo, divulgou conversas que supostamente (…) teria mantido em privado com responsáveis governamentais italianos, nas quais estes lhe teriam afirmado que a dívida pública italiana seria também insustentável e que isso só não era tornado público para não por em causa a “tranquilidade” da zona Euro…

4. ... tendo obrigado a um rápido desmentido do Ministro das Finanças de Itália, em termos bastante diplomáticos mas suficientemente claros para se perceber quanto lhe “agradou” o deslize de Varoufakis…

5. Curiosamente, a reacção dos mercados tem sido no sentido de castigar a Grécia, com fortes subidas do juro implícito (yield) na cotação da dívida grega e quedas de valor na bolsa de Atenas, com relevo para as acções representativas do capital dos bancos… mantendo uma calma olímpica em relação às dívidas dos restantes países do Euro…

6. Relativamente à inabilidade e ao evidente amadorismo do Snr. Varoufakis na solução da complexíssima situação em que a Grécia se encontra – quando esta recomendaria uma abordagem radicalmente oposta ao estilo incendiário de Varoufakis – temos de reconhecer que é assunto que diz respeito aos gregos, pois se foram eles que decidiram mandatar estes especialistas para lhes tornar a vida ainda mais difícil do que já estava, só a eles cabe avaliar o desempenho dos seus mandatários…

7.  Mas, em relação às declarações claramente insensatas dirigidas a Portugal e á Itália, já nos cabe, mais afoitamente, recomendar ao Snr. Varoufakis um conveniente silêncio.

8. Que se limite a tratar mal os problemas da Grécia, nós vivemos melhor sem os seus comentários apocalípticos e os seus deslizes de linguagem… e, melhor ainda, dispensamos o seu amadorismo…

9.  Todavia, se quiser insistir nesta senda de profecias patéticas e de dislates do mesmo tipo dos atrás citados pode prosseguir - quanto mais descrédito acumular melhor será para nós… e, em última análise, para os gregos, também. 
Título e Texto: Tavares Moreira, “4R – Quarta República”, 10-2-2015

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