Raquel Godinho
Portugal regressou, esta
quarta-feira, ao mercado para emitir dívida a dez anos. Pagou uma taxa de juro
de 2,5062% nesta operação, a mais baixa de sempre.
A Agência de Gestão da
Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) colocou no mercado 1,25 mil milhões de
euros em obrigações do Tesouro (OT) a dez anos, o valor mais elevado do
montante indicativo entre mil e 1,25 mil milhões de euros que tinha sido
anunciado, numa operação realizada num contexto em que o futuro da Grécia
continua a preocupar os investidores.
Nesta operação, o Tesouro
português pagou uma taxa de juro de 2,5062%, sendo que, na última operação
semelhante, em Novembro, Portugal pagou uma taxa de juro de 3,1766%. Esta foi,
assim, a taxa mais baixa de sempre. Esta emissão surge depois de Portugal ter
realizado, a 13 de Janeiro, duas emissões de OT a 10 e 30 anos, com a ajuda de
um sindicato bancário. Nessas operações, pagou uma taxa de juro de 2,92% na
maturidade mais curta e 4,131% na linha a 30 anos.
"Portugal nunca pagou um
juro tão baixo no mercado, o que é muito vantajoso para a intenção de amortizar
antecipadamente o empréstimo do FMI", considera Filipe Silva, director da
gestão de activos do Banco Carregosa.
A procura demonstrada pelos
investidores nesta dupla operação superou em 1,88 vezes a oferta total,
ligeiramente abaixo da procura registada na última operação que ascendeu então
a 2,07 vezes a oferta.
"A procura não teve
problemas - os investidores continuam a
manter a confiança em Portugal", defende Filipe Silva. Já Steven Santos
acredita que "as preocupações sobre a sustentabilidade da dívida grega e a
reunião do Eurogrupo agendada para hoje poderão explicar a menor procura pelas
obrigações portuguesas face a Dezembro, com alguns investidores internacionais
a preferirem esperar para ver os próximos desenvolvimentos".
Além de Portugal, outros
países foram esta quarta-feira ao mercado, como a Alemanha, Itália e Grécia.
Mas "embora tenha sido uma manhã activa no mercado de dívida de curto
prazo, Portugal foi o único país europeu a colocar obrigações a longo prazo, o
que ajudou a concentrar as atenções dos investidores, apesar de terem lançado
menos propostas de compra", acrescenta o gestor da XTB.
Ou seja, "a falta de
concorrência no vencimento a 10 anos e a caça por rendimento suportaram a
operação, com as Obrigações do Tesouro a serem o título de dívida com juros
mais altos emitido hoje no mercado primário", realça Steven Santos.
"Claro que uma taxa de
2,5% a dez anos em termos absolutos não é muito interessante para os
investidores mas, em termos relativos, se virmos que há países que oferecem
taxas negativas a cinco anos, acaba por ser um atractivo investir em dívida
portuguesa", conclui o especialista do Banco Carregosa.
No mercado secundário, os
juros exigidos pelos investidores para apostarem na dívida pública portuguesa
seguem em queda na maioria dos prazos, à excepção da maturidade a três meses.
Na dívida a dez anos, a "yield" recua 4,2 pontos-base para os 2,538%.
Título e Texto: Raquel Godinho, Jornal de Negócios, 11-2-2015
Grifos: JP
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