Vitor Cunha
A excitação foi crescendo,
pronta para parir um rato, ou, mais propriamente, os desejos do Rato, numa
osmose perfeita com o mata-e-esfola dos média em concubinato com a geringonça –
ou seja, em diferentes graus, quase todos, uma espécie de aberração estatística
à portuguesa – à medida que o início do congresso se aproximava.
Morais Sarmento discordava sem
especificidade;
Rio anunciava que ficaria,
mais uma vez, em casa, de pantufas, para não causar uma guerra termonuclear por
requisição de autógrafos – “não é para mim, é para o meu sobrinho, que estuda
jornalismo, ramo vocacional de causas” -;
Pedro Duarte, que se terá
dividido por todos os canais de noticias e que acabaria a fazer uma curta
intervenção sem história;
e José Eduardo Martins, que
entre queixas esotéricas sobre “divisão internacional de trabalho”, “escassez
de sensibilidade social” e, omitindo deliberadamente os sistemáticos chumbos do
tribunal da corte, vulgo Tribunal Constitucional, além do soundbyte adoptado à
geringonça que aumenta combustíveis como se restassem meras três gotas do
“brutal aumento de impostos”, uma caracterização vil aos necessários cortes das
pensões mais elevadas como “frio e burocrático”.
Se, por um lado, Paulo Rangel
acabou por suceder a Martins com o maior anti-clímax desde que a RTP anunciou
que a sua grande contratação de 2016 era um tal de Adão e Silva, Santana Lopes
conseguiu o feito de apoiar Passos Coelho sem deixar de ser Santana Lopes.
Na sexta-feira, no
Contraditório da Antena 1, Ana Sá Lopes caracterizava Passos Coelho como tendo
“líder derrotado e a prazo totalmente colado à pele”. É a contínua repetição do
“discurso PEC 4”, o de que repetindo a mesma lenga-lenga se consegue reescrever
a realidade. “Passos está agarrado ao passado e a gente quer é futuro”. Pois
bem, se a Ana Sá Lopes e todos os que “querem é futuro” deixarem de ansiar
tanto para que este assuma a forma de um sereno seguro de vida para a
geringonça, poderão relaxar e perceber que o presente ao PS pertence, o grande
responsável pelo que vier a acontecer quando sedentos de poder a qualquer preço
se unem a lunáticos.
Passos Coelho, no discurso
final, não conseguiu dissipar a teoria do líder a prazo. Porém, não foi por
culpa própria ou dos congressistas, que demonstraram a quem quis ver que o
partido está com o seu líder; a culpa é dos ‘opinadores de causas’ que, tendo já decidido que Passos
seria líder a prazo, demonstram serem bem mais obstinados que ele através da
bizarra indivisibilidade nacional entre ‘artigos de opinião e anseio’ com
jornalismo de factos.
A Ana Sá Lopes, Passos Coelho pareceu ser “um líder
deprimido”. Daqui concluo que devo abster-me de tentar caracterizar o estado de
saúde mental das redacções dos jornais, de tão persistente que a maleita é.
Título e Texto: Vitor Cunha, Blasfémias,
3-4-2016
Marcação: JP
Ontem, sábado, este editor,
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