domingo, 3 de abril de 2016

Passos, o líder isolado

Carlos Guimarães Pinto

Alguns orgãos de comunicação social e comentadores ligados ao PS têm falado de Passos Coelho como um líder isolado dentro do partido. Um líder prestes a cair e com uma oposição interna forte e consolidada prestes a substituí-lo. O congresso, tanto aquele que passa nas câmeras de televisão como o dos bastidores, conta uma história completamente diferente.

Passos é hoje um líder consensual. Para além dos habituais apelos às bases, as únicas palavras que conseguem sacar aplausos dos delegados do PSD são os elogios a Passos. Aqueles que poderiam, efectivamente, a curto prazo substituir Passos, são mais passistas que o próprio Passos. Paulo Rangel e Aguiar-Branco, que perderam as eleições internas contra Passos, são hoje os seus mais acérrimos defensores.

Mesmo os opositores declarados só conseguiram sacar palmas do congresso quando elogiavam Passos Coelho. Todos, sem excepção, sentiram a necessidade de elogiar Passos no princípio das suas intervenções para garantir que os congressistas se mantinham interessados até ao final. A oposição a Passos é tão inócua que se fica na dúvida se pessoas como José Eduardo Martins não estarão a fazer o mesmo papel que Filipe Anacoreta Correia teve durante a liderança de Portas: identificar a oposição com um líder sem carisma, impedindo assim que uma verdadeira oposição se desenvolva.

O isolamento de Passos é uma história apetecível. Apetecível como narrativa mediática e da perspectiva da coligação de esquerda que gostaria de ir a eleições contra um líder mais fraco. Mas é absolutamente falsa. Os leitores habituais deste blog conhecerão as minhas críticas à actuação de Passos Coelho, à “Social-Democracia, sempre” e às escolhas infelizes na oposição, mas a última coisa de que se pdoe acusar Passos é de ser um líder isolado. Pelo contrário, continua a ser o líder isolado do PSD, bem à frente de todos os outros e com o consolo adicional de os perseguidores mais próximos serem membros da própria equipa. Apesar da passividade na oposição e de algumas escolhas infelizes, Passos tem o partido com ele. É o líder isolado, e por uma grande margem, do PSD.
Título e Texto: Carlos Guimarães Pinto, O Insurgente, 3-4-2016

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