Giulio Meotti
§ "O
jornal já não é mais o mesmo, Charlie se encontra sob asfixia artística
e editorial". — Zineb el Rhazoui, intelectual e jornalista
franco-tunisiana, autora de Destruindo o Fascismo Islâmico.
§ "Temos
que continuar retratando Maomé e Charlie, não fazer isso significa que não há
mais Charlie". − Patrick Pelloux, outro cartunista que deixou a revista.
§ "Se
nossos colegas, no debate público, não dividirem parte do risco, então os
bárbaros venceram." — Elisabeth Badinter, filósofa que testemunhou no
tribunal a favor dos cartunistas franceses no documentário "Je suis
Charlie."
§ Depois
que os irmãos Kouachi massacraram os jornalistas do Charlie Hebdo, eles
saíram correndo para o meio da rua gritando: "vingamos Maomé. Matamos a Charlie
Hebdo. "Dois anos mais tarde, parece que eles venceram mesmo. Eles
conseguiram silenciar a última revista europeia disposta a defender a liberdade
de expressão ceifada pelo islamismo.
Em um espaço de vinte anos, o
medo já devorou importantes parcelas da cultura e do jornalismo ocidental.
Todas desapareceram em um sinistro ato de autocensura: as caricaturas de um
jornal dinamarquês, o episódio do "South Park", as pinturas da Tate
Gallery em Londres, um livro publicado pela Yale University Press, Idomeneo
de Mozart, o filme holandês "Submissão", o nome e o rosto da
cartunista americana Molly Norris, a capa do livro de Art Spiegelman e o
romance "A Joia de Medina" de Sherry Jones, só para citar alguns.
Inúmeros destes viraram fantasmas que vivem na clandestinidade, escondidos em
alguma casa de campo ou então se recolheram à vida privada, vítimas de uma
autocensura compreensível, porém trágica.
Somente a revista satírica
francesa Charlie Hebdo não constava desta longa e triste lista. Isso até
agora.
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