Filipe Garcia Martins
Luciano Huck não irá
sobreviver ao que chamarei, a partir de hoje, de "maldição da revista Isto
é" — a sina de ter que carregar nos ombros uma candidatura biônica e
artificial, maquiada para aparentar muito mais força do que de fato possui.
O apresentador global
certamente tem muitos recursos que o tornariam um candidato forte e competitivo
em determinadas circunstâncias, além de contar com conselheiros que o amparam
com uma boa retaguarda estratégica, mas o desespero e a sanha da grande mídia
para fazer com que ele pareça mais forte do que de fato é irão resultar no
oposto do esperado, convertendo-o em um candidato ainda mais frágil do que ele
já é.
A maior evidência disso talvez
seja a pesquisa do Instituto Ipsos, cantada em prosa e verso pelo establishment
midiático como se representasse algo além de uma pesquisa mercadológica,
construída sob medida para fazer crer que há alguma correlação entre a
popularidade de uma celebridade televisiva e os votos que ela obteria em uma disputa
eleitoral.
Ao se deparar com a manchete
vergonhosa do Estadão ou com a capa patética da Isto é, o leitor desavisado
pode concluir que o apresentador é de fato um "fenômeno", um
candidato "incrível", que mal insinuou seu desejo de concorrer à presidência
e já obteve 60% das intenções de voto.
Evidentemente não é isso o que
a pesquisa, uma medição malfeita* da aprovação de algumas figuras públicas,
diz; mas é isso o que o Estadão e a Isto é tentam, deliberadamente, fazer com
que seus leitores acreditem — as escolhas das palavras nas chamadas e o
conteúdo das matérias não dão espaço para dúvidas.
Diante disso, é possível
afirmar com tranquilidade que a mídia está tentando plantar um candidato forte,
mas colherá um candidato frágil, vulnerável e incapaz de sobreviver a uma
campanha em que terá, a um só tempo, que defender as contradições e os muitos
defeitos da Rede Globo e que se esquivar das investidas dos demais candidatos.
Partindo de uma posição extremamente frágil, ele terá que lidar com candidatos
resilientes como Lula, Alckmin e Ciro Gomes e, também, com pelo menos um
candidato anti-frágil, representado pela figura do deputado Jair Bolsonaro.
Pensem por um instante no
esposo da Angélica, essa ilustração singular de como é possível construir uma
imagem de bom moço com marketing e hipocrisia, na mira da retórica cortante de
um Ciro Gomes, da malícia acusatória de um Lula ou do discurso moral de um Jair
Bolsonaro. Imaginou? Pois é...
Ao falsificar a força de
Luciano Huck, a mídia o condenou à dependência de fatores externos (sobretudo,
da manutenção constante de sua imagem falsa e enfeitada); à necessidade de um
super-gerenciamento de riscos e de danos (algo impossível com as redes sociais,
que deixaram claro que os riscos e os danos são a regra e não a exceção); e à
indispensabilidade de uma megaoperação de campanha (para tentar manter
azeitadas todas as engrenagens da máquina de farsas).
Isso tudo faz do apresentador
global um candidato extremamente frágil. Assim, se hoje a popularidade dele pode
ser traduzida, generosamente, em algo em torno de 10% nas intenções de voto,
muito em breve ele não poderá contar nem com uma coisa nem com outra.
Emmanuel Macron não teria
chegado à presidência se não tivesse despontado como opção viável apenas na véspera
das eleições. Pelo mesmo motivo, é pouco provável que Huck se torne o
presidente do Brasil.
Os estrategistas dele, dentre
os quais estão pessoas muito competentes como o Guillaume Liegey, podem tentar
reverter isso tudo, mas, hoje, certamente é mais seguro dizer que Huck não irá
sobreviver à maldição da "revista Isto é".
Digo que a medição é malfeita
porque o Instituto Ipsos utiliza uma amostra por quota, realizando um recorte
prévio da população consultada e fazendo opções esdrúxulas como, por exemplo, a
de deixar de fora a totalidade da população rural.
Gostaria de saber se luciano "Bozo'" huck, durante a campanha, vai voar de teco-teco ou ele só economiza quando mulher e filho o acompanham?
ResponderExcluirLuciano Huck não será candidato a presidente da República
ResponderExcluirApresentador de TV disse que continuará tentando contribuir para o crescimento do país, porém não como candidato ao Planalto