Maria Teixeira Alves
O dia foi marcado por mais uma
polémica mediática que mais uma vez desembocou numa medida drástica e imediata
do Governo (ultimamente é assim que é governado o país). Na sexta-feira houve
um jantar da Web Summit no Panteão Nacional, onde estão os túmulos de
personalidades históricas de Portugal. O jantar com o CEO Paddy Cosgrave, com
os fundadores de startups e outras empresas que participaram na Web Summit,
chama-se Founders Summit e nele participaram cerca de 200 CEO (presidentes-executivos)
fundadores de empresas e startups, investidores de alto nível, com o objetivo
de estabelecer ligações entre eles (networking).
Bastou ter-se levantado uma
onda de indignação pública, com eco nas redes sociais, para o Governo mostrar
mais uma vez como é eficaz. O Governo de António Costa reagiu. Culpou o Governo
anterior (as usually). Mostrou-se muito indignado em solidariedade com a
indignação geral, e zás, proibiu os jantares no Panteão. Tal como já tinha
feito no Urban Beach (que se apressou a mandar fechar - by the way, pôs 200
pessoas no desemprego com essa precipitação. Podia ter multado, ter
estabelecido regras duras, mas não, a solução foi: desemprego para toda aquela
gente) - e tal como fez com os incêndios e armas de Tancos roubadas, toma
decisões muito radicais. Mas sempre, sempre à posteriori.
Mas, mais uma vez, um
paradoxo. É que o próprio Paddy admitiu ter falado com o "ministro".
Paddy (que não deve estar a acreditar no que está a acontecer, conheceu
finalmente o lado lunar de Portugal) viu-se obrigado a pedir desculpa, mas
deixou o recado que isto na Irlanda nunca se passaria (esta indignação). Não
estranhem se o Web Summit rumar a outra capital.
O que veio dizer o
primeiro-ministro António Costa (que se mostrou indignado, mais uma vez em coro
com o Presidente da República)? Considerou este sábado, em comunicado,
"absolutamente indigna" a utilização do Panteão Nacional para um
jantar inserido na Web Summit.
"É absolutamente indigna
do respeito devido à memória dos que aí honramos. Apesar de enquadrado
legalmente, através de despacho proferido pelo anterior Governo, é ofensivo
utilizar deste modo um monumento nacional com as características e
particularidades do Panteão Nacional", declarou o chefe de Governo (e
Marcelo disse o mesmo).
"Tal como já foi
divulgado pelo Ministério da Cultura, o Governo procederá à alteração do
referido despacho, para que situações semelhantes não voltem a repetir-se,
violando a história, a memória coletiva e os símbolos nacionais", prometeu
o governante.
A prova que o Governo anda ao
sabor da indignação mediática, é que afinal o jantar da Web Summit no Panteão
Nacional, não foi caso único. Também uma empresa pública, a NAV Portugal,
realizou um jantar, em outubro, e até publicou as fotografias no Facebook. Para além do jantar de gala para homenagear
trabalhadores, o evento do dia 16 de outubro teve direito a um welcome drink no
terraço do Panteão.
Ora, para quem não sabe, a NAV
Portugal tem como missão garantir a prestação de serviços de navegação aérea e
é tutelada pelo ministério do Planeamento.
O mundo chama populista a quem
governa contra a corrente mediática, mas populismo é precisamente o oposto.
Populismo é isto de governar em função da indignação popular.
Esta dupla de populistas que
representam e lideram o país, estão a transformar Portugal num cartoon.
Título e Texto: Maria Teixeira Alves, Corta-fitas,
12-11-2017
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