domingo, 30 de setembro de 2018

Carisma, Identificação, Confiança

Maria Lucia Victor Barbosa

Estrutura partidária e recursos financeiros são, sem dúvida, muito importantes para candidatos em campanha. Existe, porém, algo mais que vai além de imagens construídas artificialmente por marqueteiros. Trata-se dos elementos carisma, identificação, confiança.

Carisma, conceito geralmente confundido com populismo, significa “dom da graça”. Em seu estudo sobre autoridade carismática, Max Weber analisa essa característica atribuída a profetas e heróis vistos como forças realmente revolucionárias na história.


Transposto o conceito para a política, carismático é o personagem que foge ao habitual graças a sua ascendência sobre os demais, ao seu fulgor que impõe a adesão e admiração, ao seu talento pessoal.

Nesta eleição de 2018, se pode dizer que entre os candidatos à presidência da República, Jair Messias Bolsonaro é o carismático. Note-se que ele é chamado de mito. E mito tem simbologias ligadas a personagens como deuses e heróis. Esses componentes são por vezes misturados a fatos que caracterizam humanos. Assim sendo, Bolsonaro é percebido pelo inconsciente coletivo como uma espécie de herói por ser um homem contra o sistema.

Um homem sem estrutura partidária, sem recursos financeiros, que enfrenta um sistema onde avulta a infamação de sua imagem pela mídia mais poderosa. Um sistema infiltrado pelo PT em desespero para retornar ao poder.  Um poderoso sistema que quase deu fim sua vida.

A identificação também é essencial ao candidato e se dá quando alguém se assemelha aos eleitores através de propósitos, valores, comportamentos. E quando nesses tempos do politicamente correto um líder fala o que está preso na garganta de milhões de pessoas, a identificação acontece. O eleitorado de Bolsonaro se identifica com o mito que tem a coragem de se expressar corajosamente pela maioria silenciosa.

Bolsonaro representa também o antipetismo e o porquê disto é fácil de entender. Depois de quase 14 anos de PT chegou-se a um ponto de degradação não apenas econômica, mas também de valores. Nesses anos de Lula/Dilma a esquerda requentada, que escamoteou a realidade dos tenebrosos e fracassados sistemas comunistas, tornou a corrupção institucionalizada. 

Promoveu a louvação e a defesa dos bandidos insuflando assim a violência. Dedicou-se a perversão das crianças através da falácia de que não existem meninos e meninas, estimulando a sexualidade prematura e a pedofilia. O aborto tornou-se algo natural. O feminismo descambou em manifestações grotescas de mulheres nuas que, paradoxalmente, se ofereceram como objeto. A Lei Rouanet financiou exposições abertas a crianças e jovens onde prevaleceram a degradação da arte, a vulgaridade, a mediocridade, o apelo a pedofilia, a zoofilia, a profanação através de aberrantes figuras religiosas.

A reação a esse estado de coisas não pode ser explicada simploriamente como conservadorismo da direita radical, de moralismo burguês, mas trata-se da repulsa espontânea da sociedade diante da depravação, da decadência moral, do favorecimento a desintegração social.

Nesse quadro, em que todos os mecanismos morais, éticos e estéticos afrouxaram sente-se a necessidade da ordem, do equilíbrio. Desse modo, quando Bolsonaro vocaliza as angústias e perplexidades porque passa a sociedade brasileira, a identificação acontece naturalmente e ele se torna um de nós.

Finalmente, sem confiança nenhum candidato vence. Mais atento nessa eleição, descrente dos políticos mergulhados nos esquemas de corrupção do governo petista, o povo está mais imune às promessas mirabolantes. Pouco interessa aos eleitores os partidos, as simulações ideológicas, os programas de governo. O que se deseja é alguém que transmita segurança e esperança. Alguém em que se possa confiar. E isso Bolsonaro transmite, o que também o diferencia dos demais candidatos.

Entenda-se, que se ganhar, Bolsonaro não fará milagres porque a herança maldita do presidiário e de seu poste Rousseff não se conserta em um dia. O Congresso seguirá venal com parlamentares voltados para seus próprios interesses. A Justiça, com exceção do juiz Moro e de outros magistrados continuará injusta. Haverá sempre o risco de nova tentativa de assassinato.

Continuará a perseguição pelos meios de comunicação, O PT tentará destruir o eleito porque petistas não perdoam quem ganha dos seus companheiros.

Mesmo com toda dificuldade que o espera, sendo bem-intencionado e cônscio de sua responsabilidade, Bolsonaro fará o que estiver ao seu alcance. O que não dá é reeditar o pesadelo do autoritarismo, da incompetência, da corrupção, da esbórnia petista. Isto sim, seria uma desgraça inominável.
Título e Texto: Maria Lucia Victor Barbosa, Socióloga, 30-9-2018
Marcação: JP

4 comentários:

  1. Não está fácil, Doutora!

    Embora eu nunca tenha visto/assistido um candidato à presidência do Brasil despertar/provocar tamanha ADESÃO ESPONTÂNEA e ALEGRE!

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  2. Mais um sinal da debandada tucana
    De acordo com o Radar, Geraldo Alckmin ignorou tucanos graduados, como Tasso Jereissati, João Doria, Mara Gabrilli e Marconi Perillo, ao decidir transformar Jair Bolsonaro, não o PT, como seu alvo principal.

    O candidato do PSDB decidiu seguir o conselho de Antonio Lavareda.

    A nota do Radar pode ser interpretada como mais um sinal da debandada tucana.
    O antagonista

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  3. Apesar de todo o desprezo da mídia, o Brasil, de norte a sul, das capitais ao interior, mandou sua inequívoca mensagem.

    As incontáveis manifestações, pelo país afora, deixaram claro que uma multidão não quer a volta do PT ou dos seus fiéis aliados ao poder. Tornou-se, praticamente, impossível não enxergar o favoritismo do Capitão Jair Bolsonaro e suas boas chances de vitória.

    Logicamente, a eleição não está ganha, temos o fantasma da urna eletrônica inauditável, mas o momento, hoje, vivido pelo país é bem distinto daquele de 2014. Temos uma boa parte da população brasileira lutando contra o comunismo, seus tentáculos, e votando por CONVICÇÃO.

    Se quiserem, efetivamente, fraudar a eleição vindoura precisarão bem mais do que coragem e descaramento: precisarão derrotar completamente a bandeira do país, as nossas Forças Armadas e o povo nas ruas.

    O Brasil pode ter, depois de décadas, seu primeiro presidente eleito por um movimento popular que não teve auxílio algum da mídia, de partidos políticos, de artistas engajados do beautiful people, dos intelectuais de meia tigela, dos expoentes das universidades, do dinheiro dos corruptos, ou do dinheiro público.

    A direita meio incipiente - como sempre é chamada no Brasil - conseguiu até aqui um feito pra lá de histórico. E isto não é pouco, viu?
    Claudia Wild

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  4. Esse homem conseguiu um fato inédito: Fazer o brasileiro usar camisa do Brasil sem Copa, cantar o Hino nacional que a maioria já tinha até esquecido que existia e mais ainda... levantar a bandeira do Brasil o que causava constrangimento e vergonha! Como não votar nele👉🇧🇷1️⃣7️⃣
    Pátricia Barraca

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