sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Democracia ameaçada


Juarez Cruz
                                               
O Brasil vem passando por transformações políticas desde o golpe militar de 1964, a primeira delas se deu logo após o fim da ditadura, em 1984, com a eleição de Tancredo Neves, via Colégio Eleitoral. Infelizmente, com a morte inexplicável de Tancredo seu vice, José Sarney, teve que assumir e seu sucessor, Fernando Collor de Melo, que surgiu como um salvador da pátria, sofreu impeachment dois anos depois de assumir a presidência, acusado de corrupção. Sua renúncia se deu em 29 de dezembro de 1992.

Durante este período e mesmo nos governos de Fernando Henrique Cardoso-PSDB (1994/1997 e 1998/2002) o metalúrgico e líder sindical, Luiz Inácio Lula da Silva, se colocava como uma alternativa à esquerda para assumir o país. Depois de três tentativas frustradas, eis que em 2002, finalmente, Lula ganha a eleição e assume o governo (2003) com o discurso de fazer um governo diferente de todos os seus antecessores, com discurso da moralidade, sob a égide da ética, prometendo um governo mais plural, menos desigual e que beneficiasse trabalhadores e os mais pobres. 

O governo Lula-PT (2003/2006 e 2007/2011) assim como o poste que o sucedeu, Dilma Rousseff-PT (2011/2014 e 2015/2016) que também foi impedida de governar por práticas ilícitas em 2016, mostrou que tudo não passou de um golpe contra o povo que votou neles, contra a nação e suas instituições, quando formou uma composição política com partidos que iam da extrema-esquerda à extrema-direita (famoso centrão), aliando-se na época ao que havia de mais retrógado, reacionário, fisiológico e corrupto na política e no segmento empresarial, sempre apoiados pelo PCdoB, PSB, PDT, partidos que, como o PT, tanto combateram estas coligações e práticas de governanças nefastas ao País.

Durante todo o governo de Lula o PT se notabilizou por fazer o mesmo do mesmo durante sua governança, com a compra de votos (mensalão), corrupção, fisiologismo, aparelhamento da máquina administrativa do Estado e da Petrobras, Eletrobras e todas as estatais, se apropriaram dos fundos de pensões da Caixa, Banco do Brasil e Correios, além de usar o dinheiro público para beneficiar seus apaniguados: ONGs, lideranças de movimentos populares e sindicais, UNE, MST, MTST, blogs, alguns jornalistas, pseudointelectuais e artistas de esquerda que se apropriaram do ministério da cultura e da Lei Rouanet em benefício próprio. Isto sem falar do assalto aos cofres da Petrobras e do Banco Nacional de Desenvolvimento Social-BNDES para encherem os bolsos dos donos das empresas amigas e dos amigos bolivarianos: Cuba, Venezuela, Bolívia, Nicarágua, Angola, Moçambique e outros. Toda essa tramoia contou também com apoio do maior partido brasileiro e não menos corrupto que é o PMDB, hoje MDB.

Esta festa com o dinheiro público deu origem aos maiores escândalos, denominados como mensalão, petrolão, e na maior operação movida pelo TRF4, que deu origem à Lava-Jato e que culminou com indiciamentos e prisões de dezenas de políticos, fulminando com a prisão de seu líder maior e ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, e nas prisões de dezenas de outros políticos e empresários por formação da maior quadrilha já montada para assaltar os cofres públicos dos governos municipais, estaduais e federal, deixando uma herança maldita nas contas do povo brasileiro.

Este é um breve roteiro de acontecimentos políticos (sem falar da estranha morte do ex-prefeito Celso Daniel-PT, Santo André-SP, que ameaçava mostrar um dossiê envolvendo políticos do partido na administração desta cidade) que pode nos levar a um retrocesso político e que agora, com a tentativa de assassinato do candidato a presidente pelo PSL Jair Bolsonaro-RJ, em Juiz de Fora-MG, no dia 6 de setembro, ameaça nossa jovem democracia e joga por terra tudo que fizemos pelo fim da ditadura militar em nosso País.

Quem quer que seja ou esteja por trás deste atentado não sabe o que é um Estado Democrático de Direito, onde qualquer um tem o direito de se manifestar, de se posicionar, mesmo que não concordemos com ele, isto é democracia, o contrário disto é o que não queremos e que não devemos alimentar e que já se mostrou danoso aos direitos individuais, coletivos e que só servem aos interesses de uns poucos que acham que o Estado pode ser propriedade de seu grupo político onde o governo do povo ou governo popular, que é o que pressupõe democracia, pode ser menosprezado.

Extremismos de esquerda ou de direita mais a alienação de um povo pela imposição de ideias fascistas e alimentação do ódio do eu contra eles, podem nos levar de volta a regimes autoritários e isto ameaça nossa democracia.
Título e Texto: Juarez Cruz, Escritor e cronista, Salvador-BA, 21-9-2018

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