segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Passos Coelho deve voltar?

Telmo Azevedo Fernandes

Segundo se retira do relato magistral que o José Meireles Graça fez de uma recente intervenção pública de Vasco Pulido Valente, este considera que Pedro Passos Coelho [foto] continua a ser o “líder natural da Direita”.

Foto: Andre Kosters/EPA
Agora que o PSD parece estar em vias de implosão e que a “liderança” de Rui Rio é diariamente criticada e (quase) desafiada, muitos tenderão a olhar para Passos como “a” solução e terão esperança de que volte às lides partidárias num futuro que gostariam tão breve quanto possível. O recente artigo de PPC no Observador sobre a não recondução da Procuradora-Geral da República talvez lhes tenha até dado alento adicional.

Antevendo o que hoje se assiste no partido que ganhou as últimas eleições legislativas, o Rui Albuquerque dizia que é de Pedro Passos Coelho que pode vir uma verdadeira alternativa ao que está.

Mas a pergunta da Helena Matos faz todo o sentido: “Passos Coelho voltaria para quê?”.

De facto, com a degradação do regime e entregues a uma cultura socialista absolutamente dominante, que resultado teria um novo exercício de funções governativas por Pedro Passos Coelho?

Certamente estancaria derivas totalitárias e, com sorte, conseguiria travar a perda de graus de liberdade que cada um de nós sofre com o avançar da interferência do estado nas nossas vidas. Mas, não teria o mesmo fim que teve em outubro de 2015?

É que, como diz o Alberto Gonçalves, os portugueses “simplesmente não querem saber. Os portugueses querem levar a vidinha sem sobressaltos, maçadas e vergonha na cara”. E ao contrário da fé que o Paulo Milheiro da Costa parece ter nos novos movimentos e partidos ditos liberais, não creio que seja por via de máquinas de acesso ao poder nem pela via legislativa que se altera uma cultura socialista intrínseca ao portugueses.

Por benéfico que possa ser para o país, o que Pedro Passos Coelho fez enquanto primeiro-ministro merece, todavia, o nosso respeito não colocando nele pressão moral para o seu regresso.

O “interesse nacional” não deve obrigar um indivíduo a lidar com esterco uma segunda vez.

Por isso, apesar de contra minha vontade, paradoxalmente espero e desejo que Pedro Passos Coelho não volte.
Título e Texto: Telmo Azevedo Fernandes, Blasfémias, 23-9-2018

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