sexta-feira, 3 de abril de 2020

[Aparecido rasga o verbo] Os nossos eternos encantadores de placebos

Aparecido Raimundo de Souza

INDUBITAVELMENTE, SENHORAS E SENHORES, a partir de hoje, a população brasileira poderá ficar tranquila. Aquelas famílias que têm seus doentes em casa, ou em corredores de hospitais, se tranquilizem.  Principalmente se eles estiverem aos cuidados do operante, majestoso inconfundível e incomparável SUS, Sistema Único de Suicídios.

Nossos entes queridos não serão mais acometidos pela Tuberculose, Diabete, HIV/AIDS, Diarréia, AVC (Derrame), Câncer, Cardiopatia isquêmica, Hemofilia, enfim... Todos os nossos pacientes (mesmos os considerados terminais) poderão ficar em paz. A partir de hoje, por decreto do Capiroto, só o Coronavírus terá o poder de tirar a vida das pessoas.

Somente o Coronavírus, efetivamente, será o responsável direto e também indireto pelos óbitos. Indagarão os leitores, atônitos: por que essa merda passou a ocorrer? A resposta é facil prezados. Em face do Coronavírus, ou como queiram, do COVID-19. Seja um espirro, um peido, uma mijada fora do penico, um arroto, um tombo, coronavírus na fita e estamos conversados.

Relembrando, para que não esqueçam. Morreu de susto? No mortório do falecido, deve ser colocado vítima de coronavírus. Estava fodendo no motel, teve um piripaque? Na certidão, coronavírus. Morreu com cinco tiros. Coronavírus. Os médicos inclusive devem atestar (no caso de homicídio) que as balas da arma do autor dos disparos estavam infectadas. Coronavírus está dando audiência, está enchendo os bolsos de muitos vagabundos e empresários, sem falarmos nos nossos políticos.

A esses que manipulam a sociedade, não interessa qualquer outro tipo de morte no desenlace. Seja qual for a causa, CORONAVÍRUS. O QUE CONTA É A ESTATÍSTICA. QUANTO MAIS SUCEDIDOS POR CORONAVÍRUS... Percebam outra mudança radical nessa fuzarca toda. Quem morrer agora, os familiares sequer terão chance de velarem e enterrarem seus mortos.

Deverão se contentar com a certidão e as cinzas. Já que a coisa chegou nesse pé, procuremos enxergar a situação pelo lado bom. Raciocinem, amigos leitores. Se o papel da certidão emitida pelo cartório que fornecer o falecimento for aceitável, macio, confortável, os familiares do “de cujus” poderão limpar a bunda quando chegarem em casa. Aos mais afoitos (aqueles que sabem da “enganação”, pela qual a raia miúda está passando), nada os impedirão de enfiarem as certidões nos cornos dos esculápios que atestaram os respectivos transpassamentos.

Do outro lado dessa putaria, a nossa imprensa (escrita, falada, televisada, fofocada e a até aquela que sobrevive por ouvir dizer), esqueceu das outras epidemias existentes, quais sejam, Michel Jackson Temer, Dilma,  Lula, os Renan Pai e Renam filho, Edson Lobão,  Gleisi Hoffmann, Rodrigo Maia, Celso Russomanno (aquele hipócrita da Patrulha do Consumidor), Romero Jucá, Missionário José Olímpio, e outros  picaretas.

A lista se perde de vista. Maior que a do rombo do PT, Partido dos Trapaceiros. Todos esses calhordas e outros que deixamos de grafar os nomes, ficaram para segundo plano, como, de igual forma, os filhos da puta de colarinhos brancos no congresso, os parlamentares e trapaceiros da câmara, os sabichões do STF e outras figuras canarvalescas (como os bonecos de Olinda), que sugam nosso mirrado dinheirinho proliferando, como vermes, pelas sarjetas do “Grande Avião Pousado”.

Agora, a palavra de ordem é: Coronavirús. O resto, que se exploda. Talvez seja por esse motivo, lembrando, a virose coronaviral, que os seguidores de sua “sentidade” o Papacu Seuchico, mundo afora, tenham deixado seu líder a ver navios e se debandaram para o lado dos evangélicos. Afinal das contas, sua “Eminedeficiência, o Papacu, não vende toalhinhas abençoadas por Deus, não comercializa camisas com sangue produzidas por esfaqueamentos no pescoço. Tampouco garrafinhas de águas fluidificadas vindas do Rio Jordão...

E agora, tão em moda, máscaras recém chegadas da Terra Santa juntamente com frascos de álcool em gel ungidos. O estranho, nessa história, é que só os líderes evangélicos conseguiram esse canal direto com o Altíssimo. Vejamos alguns. Valdespirro Sentiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus, apenas para ilustrar o que aqui escrevemos, está vendendo aos seus fiéis os pentinhos de cabelos usados por Deus, quando orquestrava o princípio da construção do mundo.

Pedir Maiscedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, comercializa as giletes com as quais Jesus Cristo fazia a barba. R R Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus, para não perder terreno, não se fez de rogado. Passou a vender as teologias da prosperidade juntamente com as toalhinhas que Jesus Cristo usou para se enxugar quando tomava banho.

Em senda paralela, o Papacu não dispõe de nada a oferecer à sua legião bestificada. Se ao menos a sua figura aparecesse mais em televisão, tagarelasse em rádio, mostrasse a sua fuça maravilhosa, com aquele gorrinho branco (na verdade o nome certo do chapeuzinho é Solideu) de “não me toque nos chifres” num dos muitos frascos de perfumes da linha Jequiti, sabor “Bunda cheirosa com fragrância gases raros dos arcanjos celestiais”, por exemplo, quem sabe conseguisse vender mais que Celso Portiolli e estancar a hemorragia daqueles ceguetas e míopes, que ainda acreditam ser ele o representante do Eterno aqui na Terra.

Uma pesquisa recente veiculada pela FG Consultoria em Marketing, com sede na Avenida Paulista, em São Paulo, deu conta que quarenta e oito por cento da população brasileira se tornou evangélica, grosso modo, uma enorme massa de debilóides, se debandou para os braços poderosos do Pedir MaisCedo, R R Soares e outros espertalhões que vivem da exploração da FÉ dos simples e ignaros.  Trinta e um por cento, é efetivamente católica, e, dez por cento, não seguem porra nehuma.  São além de ateus, “atoas”.

Trocados em miúdos, dizemos que esses bispos e apóstolos abarrotam bolsas, sacolas, malas e mochilas o tempo todo.  Falamos, senhoras e senhores, de grana viva. Toda essa “baba faz-me rir” voa  “pela aí” em modernos helicópteros que, diariamente cortam os céus do país. Esse cagalhão todo nos leva a desembocar numa outra realidade igualmente estapafúrdica.

O número de adeptos da igreja romana do Papacu diminuiu quase a metade desde a época em que o Brazzzil ainda era colônia (deixou de ser? Quando? Onde? por quê??!!). Nessa briga acirrada pelos bolsos dos Pedros Pererecas e Joaninhas Sem Dentes, a chuva de protestantes avançou a níveis de ser comparada MAIOR, acreditem, caríssimos, MAIOR que as mortes do pior holocausto brasileiro (alguém se lembra dele? Onde foi mesmo??!!) quando mais de sessenta mil pessoas passaram desta para melhor e com a aprovação e o consentimento do Estado), na acolhedora “Colônia”, ou melhor, no Centro Hospitalar Psiquiátrico da pacata cidadezinha de Barbacena, nas Minas Gerais.

Essas mazelas ninguém mostra, ninguém fala, ninguém traz à baila, porque não interessa, não gera audiência e não fustigando o fiofó da audiência, não dá IBOPE, não faz ninguém perder tempo diante da televisão. Mas o coronavírus... Uau!, está alimentando um IBOPE arretado. Um IBOPE tremendamente intocável para nenhum de seus representantes reclamarem da sorte.

A propósito: além do IBOPE, existe outra “instituição de caridade” no mesmo seguimento?! Possivelmente, se existe, não dá IBOPE! Voltando ao povo e suas alternativas de escolhas, os católicos, em 2010, passavam dos sessenta e quatro por cento. Segundo o censo (sem censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, antigo Instituto Brasileiro de Gatos Escaldados), eles chegavam a noventa e um por cento em 1970.

Em 2010, os evangélicos se faziam pouco mais de vinte e dois por cento dos brasileiros. Os estudiosos, nesse seguimento, apontam que esse quadro mudará  ainda mais, em queda cada vez expresiva do número de autodeclarados seguidores do catolicismo (sem contar que existem muitos dos cognominados “não praticantes” embutidos nesse cardápio) e um crescente avultante dos evangélicos, tão exagerado, que eles serão a maioria nessa década que ainda está no começo.

Essa multiplicação avassaladora será notada com mais descortino e refinamento em 2022, ano em que o Brazzzil completará cem anos de independência (kikiki... Independência do quê?!, ah desculpem, “sem” independência). Se essa coisa da autonomia fosse verdade e a nação, a nossa nação, realmente, se mostrasse soberana, autônoma, emancipada, indomada, seria uma paridade bem interessante e oportuna para se bater palmas.

Como nosso Brazzzil está envolvido num colapso (possivelmente por conta do coronavírus), só nos resta fazermos como Paulo Coelho: sentarmo-nos numa das margens do Rio Piedra (perdão, do Rio Tietê) e nos debulharmos em lágrimas. Chorando ou não, em 2050 as cabeças evangélicas serão a maioria absoluta, com cinquenta e um por cento.

Para as senhoras e os senhores terem uma ideia, esse tipo de estudo para se saber qual denominação terá mais adeptos ou não, remonta da década de oitenta. Tudo começou com Paul Freston, antropólogo e historiador do Canadá. Esse sujeito vem realizando ampla pesquisa sobre a marcha dos evangélicos e a diminuição dos católicos no mundo.

À revista Veja, ele asseverou, em reportagem recente, que inclusive o Brasil, é o País que registrou o maior crescimento da população evangélica em todo o Planeta em cerca de trinta anos. Para que o Papacu SeuChico não tenha que fechar as portas da Secreta Madre, perdão, caros leitores, da Sagrada Madre Igreja Romana, por causa de fiéis pulando de banda, sugeriríamos  ao Sumu Patífice que Suma, não, que isso, de novo, mil perdões, sugeriríamos que o Sumo Pontífice passe a dar mais as mãos para serem beijadas por aqueles que ainda sentem por sua carcaça  algum tipo de carinho.

Deixar de recolher as mãos (que coisa feia!), temendo pegar o coronavírus e ser cremado sem que a sua família o venere. Afinal, não fica bem para um cara que canta de galo e diz ser o braço direito de Deus na Terra. Como dissemos, vender tercinhos bentos, crucifixos, Bíblias, essas miscelânias palpáveis não arrecadará dinheiro imediato.

Se o cidadão de Deus Pai quiser colocar Roma no topo, o “Vaiticano” no Jornal Nacional, com William Bonner e Renata Vasconcellos, recomendaríamos, de imediato, a venda de imagens benzidas de Santo Lula do PT, recém beatificado, Madre Dilma Rouboussett de BH, Padre Michel Tietê Temer, e, com certeza, também teriam boas saídas os  escapulários do ministro de Deus, o “deucano” Tatuiense Celso de Mello Mellado.

Para finalizar, não ficariam em estoque, os patuás da milagreira de Montes Claro, Santa Carmem Lúcia, etc.etc. Está dada a dica. Noutra espiada de ótica, vamos ver, senhoras e senhores, até onde a grandiosidade do coronavírus nos levará, e, mesma via de estrada sem volta, onde chegarão nossos políticos com suas manobras, armações e mumunhas. 
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, de Vila Velha, Espírito Santo, 3-4-2020

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