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Palestino lê o Alcorão, foto: AP |
Alberto Gonçalves, Diário de Notícias, 12-09-2010
Perante a anunciada queima de exemplares do Alcorão, "represália" prévia de um pastor americano à hipotética construção de uma mesquita junto ao Ground Zero, por todo o Ocidente inúmeras almas horrorizadas perguntaram: o que aconteceria se muçulmanos queimassem a Bíblia ou a Tora
A resposta é simples: nada. Não conheço casos em que tenham sido incinerados os livros sagrados de cristãos e judeus, mas ocorrem-me alguns casos recentes em que os servidores do Islão atearam fogo a numerosos cristãos e judeus propriamente ditos, além de ateus, budistas, xintoístas, animistas e, imagine-se, muçulmanos que se encontravam ao alcance das explosões perpetradas por "mártires".
A diferença passa justamente pelo "martírio". Quer concretize ou não a ameaça (à hora a que escrevo, parece que não), ninguém, ou quase ninguém, louvará o dúbio heroísmo do tal pastor da Florida, que exerce numa igrejinha exótica e, nem de propósito, dá pelo nome de um dos Monty Python, Terry Jones. Pelo contrário, aqueles que assassinam em nome de Alá contam com o apoio, o incentivo e, após consumação do acto, o agradecimento de tantos dos seus parceiros de crença e líderes espirituais.
A desigualdade é de facto notável. Nós temos um excêntrico que promete atirar papel para o fogo; eles têm milhares (ou milhões) de criaturas desejosas de ver arder cada infiel à superfície da Terra. Nós ficamos alarmadíssimos com o excêntrico; eles prometem vingar-se de todos os que o rodeiam. Nós tentamos compreender as causas do ódio alheio e não esquecemos que este não representa o famoso Islão "moderado"; eles não tentam compreender coisa nenhuma e o Islão "moderado" costuma esquecer-se de moderar seja o que for.
No primeiro aniversário do 11 de Setembro, aliás, o jornalista Thomas L. Friedman avisava no New York Times que "se não houver uma luta dentro do Islão sobre regras e valores, haverá uma luta entre o Islão e nós". Friedman não previu a possibilidade de uma capitulação total do Ocidente, que vive aterrado a evitar o lançamento de Alcorões para a fogueira. Nove anos após 2001, eles defendem a uma voz o Islão. E nós, fora uma minoria desprezada e uns equívocos bizarros, também. Não há luta, pois.
Alberto Gonçalves
No islão, maomé até queimou o próprio allah.
ResponderExcluirDeixou-o sem fala e sem espírito.
Pior.
No islão, maomé só deixou o bota-fogo à solta.
De Júlio Ferreira:
ResponderExcluirNada como um 11 de Setembro para evidenciar como os norte-americanos, mesmo sendo a maior potência militar do mundo, borram-se de medo dos militantes islâmicos. Vejamos o episódio em que um aloprado religioso dos Estados Unidos, o pastor Terry Jones, para protestar contra construção de uma mesquita muçulmana em Nova York, nas proximidades de onde ficavam as torres gêmeas, destruídas pelo atentado perpetrado pela Al-Qaeda, em 2001, ameaçou queimar exemplares do Alcorão em praça pública. O mundo quase veio abaixo! Enquanto de um lado líderes muçulmanos protestavam de forma histérica, do outro, influentes personalidades dos Estados Unidos, inclusive o próprio presidente Barack Obama, só faltaram suplicar para que o pastor Terry Jones desistisse da idéia, temendo que, em represália, cidadãos norte-americanos fossem alvo de retaliações. Parece brincadeira! Se queimar exemplares do Alcorão causa tamanha ofensa aos muçulmanos, o que dizer de bandeiras dos Estados Unidos sendo queimadas quase que diariamente por fanáticos religiosos, nos mais diversos países islâmicos. Sabe aquele negócio de pimenta nos olhos dos outros é refresco? Pois é! Na hora que fanáticos islâmicos queimam bandeiras e/ou praticam atos de terrorismo, por mais insanos e covardes que sejam, esses mesmos líderes muçulmanos, que agora se alvoroçam em fingida indignação, pretensamente na defesa de princípios religiosos, são incapazes de condenar, com a devida veemência, os dementes terroristas que aviltam sua religião, manchando-a com o sangue de inocentes.
Júlio Ferreira
Recife - PE
E-mail: julioferreira.net@gmail.com