sábado, 4 de dezembro de 2010

Menos turistas podem salvar um monumento?

Rua de Pompeia, 21-06-2003, foto de Paul Vlaar

No último mês foram três os desabamentos de ruínas históricas em Pompeia que, um após outro, abalaram não apenas o mapa-mundo do Património da Humanidade mas o Governo de Silvio Berlusconi, cuja política cultural recebeu sérias críticas.
Há dois anos, o sítio arqueológico recebeu fundos extras para apoiar um programa de recuperação, mas há críticas sob a forma como este foi gerido. Ao mesmo tempo, os anunciados cortes de 280 milhões de euros no sector da cultura levantam mais vozes preocupadas com o futuro deste velha cidade romana.
Como explica Cláudio Torres, em entrevista na última página desta edição do DN, um dos problemas de Pompeia decorre directamente do excessivo número de visitantes que ali acorrem todos os dias, a fragilidade do monumento não podendo assim comportar semelhante carga. E a ideia pode não agradar a países e cidades que vêem no turismo cultural importante fonte de rendimentos.
Uma redução do volume de turistas poderá ser equacionada (e Pompeia não será exemplo único). Mas coloca-se assim uma nova questão: perante a necessidade de acolher menos visitantes, quais dos muitos "pretendentes" terão afinal direito a visitar Pompeia? A bem de uma equidade na selecção dos turistas, há que pensar em regras. Sob risco de, resolvendo a questão apenas através de uma política de preços de bilheteira, transformar o acesso a uma das mais importantes memórias do mundo romano num espaço fechado a elites. 
Editorial do Diário  de Notícias, 02-12-2010

Em Pompeia, julho de 1983. A foto foi tirada por Nouha

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