Peter Wilm Rosenfeld
No domingo passado, 26.12, assisti a uma participação do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso no programa “Manhattan Connection” no canal GNT.
Fernando Henrique Cardoso e Ricardo Amorim, foto: Julia Paquelet/Manhattan Connection
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Para os que eventualmente não o souberem, esse programa já vai ao ar há muitos anos; atualmente é comandado por Lucas Mendes; teve como um de seus primeiros titulares o falecido e controvertido Paulo Francis. Sua “sede” é em Nova Iorque.
Os demais participantes são, atualmente, Caio Blinder em N. Iorque, Ricardo Amorim em S. Paulo, Diogo Mainardi em Veneza e Pedro Andrade em N. Iorque.
A entrevista ocupou o programa inteiro, de uma hora de duração e, como não poderia deixar de ser, teve como tema central a opinião do ex-Presidente sobre o governo prestes a terminar seu longo mandato de oito anos.
Confesso que o contraste entre a figura do ex-Presidente e a do atual mandatário foi chocante, em todos os aspectos. FHC é um cavalheiro; Da Silva; bem, é ele. Devo dizer que não fui um admirador do governo FHC, principalmente por ter tido como objetivo maior, em seus primeiros quatro anos, a aprovação pelo Congresso da emenda constitucional que permite uma reeleição.
Custou muito dinheiro ao governo, em favores ($$$) aos parlamentares. Uma série de assuntos importantes ficaram para o segundo mandato.
Mas com certeza, no todo, houve a aprovação de uma série de leis que tratavam de assuntos verdadeiramente sérios e importantes para o País.
A privatização de uns tantos mamutes estatais que emperravam nosso progresso e que permitiram ao País dar um salto para a frente, dos quais o mais notório e dramático foi o das telecomunicações.
A criação das agências reguladoras, com a missão principal, penso eu, de evitar desvios de conduta no estabelecimento de normas para cada um dos setores, indicando para chefiar as mesmas técnicos, de alta qualificação.
A implantação, ou a continuação da implantação do Plano Real, afastando do País o eterno fantasma da inflação. Lembremos que o Plano foi introduzido no Governo do Sr. Itamar Franco, sendo Ministro da Fazenda o Sr. FHC.
A ocorrência de três crises financeiras internacionais, tendo o Governo providenciado para que a mesmas não afetassem maiormente o Brasil.
Política de relações externas extremamente séria, sem qualquer oba, oba.
Finalmente, para não me alongar demais, de uma postura séria e sóbria por parte do Gabinete da Presidência, com despesas enxutas e uso de pessoal em número compatível com essa sobriedade.
Acredito que todos os que estão lendo o presente texto já devem ter se dado conta da diferença abismal verificada entre o comportamento e a seriedade dos dois governos!
O comportamento do Sr. da Silva, e a condução dos negócios do País em todos os aspectos e áreas foram vergonhosos, em meu entender.
Tudo passou a ser regido por clientelismo político desbragado, vergonhoso.
A corrupção campeou livremente; o episódio do “mensalão” foi o ápice da falta de pudor, condenado por todos os brasileiros de boa fé, horrorizando a todos os cidadãos de bem e o próprio então Procurador Geral da República, que não teve outro remédio senão o de enviar o processo para o Supremo Tribunal Federal classificando os envolvidos e o chefe do esquema, então Ministro Chefe do Gabinete Civil de delinqüentes e o Ministro-Chefe como o “chefe da quadrilha”, o verdadeiro Ali Babá chefiando os 40 ladrões.
E o Sr. da Silva mentiu deslavadamente ao alegar que desconhecia o problema.
Ele e os que lhe são chegados profissionalmente têm falseado a verdade de forma escandalosa, principalmente quando se trata de enumerar as realizações do governo.
Os números do PAC 1 e do PAC 2 são brutal e assustadoramente falsos. Dão como realizadas obras que ou nem foram iniciadas ainda ou estão pela metade.
Os números da educação igualmente pecam pela falsidade. Foram criadas mais de 100 universidades(sim, foram-no no papel apenas); o mesmo se refere a escolas técnicas. A educação (que costumo chamar de “ensino”) chegou ao fundo do poço.
Nos serviços essenciais reina um descalabro. No presente momento, a ”bola da vez” são os aeroportos.
Mas nem se divulga que nos portos, no corrente ano, navios parados esperando sua vez de atracarem somavam um total de 78.873 horas, equivalentes a 3.286 dias! Um navio parado custa, por dia, algo como US$ 30.000!!
A contratação de funcionários superou os 140 mil, a grande maioria sem concurso. O Gabinete da Presidência da República inchou de uma forma absurda.
Aliás, para terminar, os bens do Presidente também incharam! Não creio que em sua mudança de S. Bernardo para o Palácio da Alvorada tenham sido necessários mais do que um ou dois caminhões; na volta, estão sendo usados onze veículos, sendo um ou dois climatizados...
Ah, mas a popularidade do Sr. da Silva é absolutamente inusitada: 87% da população aprovam o governo.
O Brasil certamente só pode lamentar que seja assim, pois é uma demonstração entristecedora de quão pouco os brasileiros sabem sobre seu próprio País.
Peter Wilm Rosenfeld
Porto Alegre (RS) 28 de dezembro de 2010
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