Foto: Kahon Chan/hojemacau |
Os macaenses aproveitaram o 11º aniversário da reintegração da sua cidade da China para reclamarem mais prestações sociais e mais democracia a nível local. Não é a primeira vez que o antigo território português se manifesta em termos políticos, mesmo que seja habitualmente na outra margem do estuário do Rio das Pérolas, em Hong Kong, que o teste à tolerância política do regime de Pequim é levado mais sério. Tanto Macau como Hong Kong, devolvida à soberania chinesa pelos britânicos em 1997, beneficiam de um nível de liberdade que não existe no resto da República Popular da China. Além disso, ambas possuem um nível de prosperidade económica que nem sequer Pequim ou Xangai conseguem imitar, apesar das taxas de crescimento de dois dígitos que duram há três décadas graças a Deng Xiaoping.
Deng, o homem que deu novo rumo à China depois da morte de Mao Tsé-tung, foi também o inventor da fórmula "um país, dois sistemas", que permitiu negociar com Londres e Lisboa o regresso de Hong Kong e de Macau à mãe-pátria. É importante para a credibilidade do regime de Pequim que a democracia funcione nos dois territórios, em tempos colónias europeias. Até porque falta ainda aplicar a ideia dos dois sistemas a Taiwan, a província renegada desde 1949 que vive uma situação de independência não proclamada. E essa é uma questão de honra para os actuais herdeiros de Mao, o homem que derrotou os nacionalistas há 61 anos, mas que os deixou refugiar-se na próspera ilha.
Alheios a estes jogos de geopolítica, os habitantes de Macau, como os de Hong Kong, fazem bem em defender o legado de liberdade que, por ironia, os seus colonizadores deixaram.
Editorial, Diário de Notícias, 21-12-2010
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