quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Dupla vitória de Obama

Os senadores John Kerry e Richard Lugar deram a cara pela decisão do Senado.
Foto: Jonathan Ernst/Reuters

A Casa Branca começa a colher frutos da sua meia-derrota eleitoral e a ratificação do START II é disso bom exemplo. Depois de expirado o tratado original e assinado um novo, a pressão concentrou-se no dividido partido Republicano: recusar a aprovação seria prolongar o vazio das inspecções ao material russo e conceder folga ao Irão e Coreia do Norte; adiar seria emitir um sinal de divisão para o interior do partido, depois dos seis antigos Secretários de Estado que serviram administrações republicanas terem publicamente apoiado o acordo. Primeira vitória de Barck Obama: revela-se um líder capaz de fazer pontes com a oposição e mostra as clivagens que nela existem. Richard Burt, o negociador do START original nos tempos de Ronald Reagan, considera que apenas dois países não vão gostar de ver o novo tratado ratificado: Irão e Coreia do Norte. Burt tem, em parte, razão. É verdade que acordar com a Rússia um tema tão sensível pode reforçar a sua pressão sobre o Irão. É ainda verdade que a própria China pode ver este tratado como um desincentivo aos seus investimentos nucleares e contribuir para outra transparência e vigilância sobre Paquistão e Coreia do Norte. Mas também é prudente pensar que Pequim pode ver a redução nuclear de dois rivais como uma oportunidade para os equilibrar, além de não ser linear que o anterior START tenha desmobilizado intenções nucleares, por exemplo, da Líbia. Mas regressemos à Casa Branca. Obama alcança outra vitória no acordo com Moscovo, mostrando-se a eleitorados republicanos: dá continuidade ao escudo antimíssil da NATO, acalmando parte da Europa e do Médio Oriente; e reforça a ajuda russa no Afeganistão, sobretudo às tropas americanas. Sabendo-se como são olhados os Democratas nestas matérias, estas conquistas devem ser vistas com tudo menos desprezo.
Bernardo Pires de Lima, Investigador universitário, Diário de Notícias, 23-12-2010

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