Gonçalo Bordalo Pinheiro
A equipa do FMI passou a Páscoa a trabalhar para encontrar uma forma de o País sair da bancarrota; o primeiro-ministro esteve a descansar, de férias, num hotel de luxo. Tristemente não estamos a falar do Zimbabwe.
Pedimos, desculpa, Sócrates foi de férias
Ao passar o fim-de-semana alargado da Páscoa num hotel de luxo, enquanto o País negoceia um pedido de ajuda externa, José Sócrates mostra o que o liga aos portugueses: um profundo desprezo.
Em primeiro lugar, ao escolher um hotel de luxo no Algarve, demonstra desprezo por todos os que não têm dinheiro para ir de férias nem para o Barreiro: os 11,2% de desempregados que perderam apoios sociais, os 700 mil funcionários públicos que perderam uma parte do ordenado e toda a classe média que perdeu poder de compra com os três aumentos da carga fiscal no ano passado.
Em segundo lugar, ao aproveitar a insólita tolerância de ponto que ele próprio decidiu, indo de folga na quinta-feira à tarde, demonstra desprezo por quem nos pode ajudar a sair do buraco: os países europeus, que nos vão emprestar dinheiro em troca de mais produtividade e menos despesas, e o sector privado, que não pode distribuir tolerâncias de ponto para não ir à falência.
Finalmente, ao ir de férias a meio das negociações com o FMI, num dos momentos mais delicados das últimas décadas, demonstra desprezo por quem o elegeu e tem o futuro dependente de si: infelizmente somos todos nós.
Gonçalo Bordalo Pinheiro, Sábado, nº 365, de 28 de abril a 4 de maio de 2011
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