domingo, 4 de março de 2012

Amanhã (ou daqui a algumas horas) a "oposição" e a avó do ministro. A ver (ler) iremos.

A parábola da avó de Vítor Gaspar
Isabel Stilwell
Finalmente temos um ministro que quando faz sermões aos domingos cita o Evangelho. Numa visita a Manteigas, Vítor Gaspar contou, lenta e pausadamente como é seu timbre, como a avó o educou segundo a Parábola dos Talentos, ou seja, que cada um deve pôr a render os dons com que nasceu, multiplicando-os, sem desculpas ou preguiça.
O ministro das Finanças extrapolou os bons ensinamentos para o País e concluiu que nos cabia trabalhar para o tirar da crise. Deitei as mãos à cabeça. Ai meu Deus, pensei, o que fará amanhã a oposição a partir do Evangelho de S. Mateus, cap. 25, vers. 14-19, e o que dirão os jornalistas e os comentadores. Recordo para quem não sabe, ou esqueceu: um homem, ao partir para fora, chamou os servos e confiou-lhes os seus bens. A um deu cinco talentos, a outro dois e a outro um, a cada qual conforme a sua capacidade. Ora, “aquele que recebeu cinco talentos negociou com eles e ganhou outros cinco. Da mesma forma, aquele que recebeu dois ganhou outros dois. Mas aquele que apenas recebeu um foi fazer um buraco na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor.» Ao voltar o homem premiou os que multiplicaram o seu dinheiro, mas quando chegou ao que apenas lhe devolveu o talento recebido, zangou-se. «Servo mau e preguiçoso! (...) Devias ter levado o meu dinheiro aos banqueiros e, no meu regresso, terias levantado o meu dinheiro com juros. Tirai-lhe, pois, o talento, e dai-o ao que tem dez talentos. Porque ao que tem será dado e terá em abundância; mas, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado.»
Já estou a ver as manchetes dos jornais: «Vitor Gaspar apela à especulação!», «Ministro ao lado dos banqueiros», ou «Governo quer os ricos mais ricos». E veja-se o manancial que deixa aos comentadores para que multipliquem os seus talentos, procurando a mensagem subliminar: Quem é o Senhor, e quem é o Servo? Queria Vitor Gaspar atingir a troika, Passos Coelho ou Cavaco? Pobre ministro, já nem pode recordar a avó!
Isabel Stilwell, Destak online, 04-03-2012

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