sexta-feira, 2 de março de 2012

Crise, que remédio, mas abutres não!

Isabel Stilwell
Aos primeiros pingos as cidades transformam-se num pandemónio, e com memórias de peixe (que ao que parece não retém uma informação mais do que uns segundos), começamo-nos imediatamente a queixar dos incómodos de andar à chuva. Mas enquanto que uns se lamentam com um sorriso irónico, plenamente conscientes do absurdo das suas lamúrias, outros protestam paranoicamente convictos de que o mundo se uniu para as tramar.
Há alguém que inventou uma crise à sua medida, que manipula a metereologia só para que chova quando querem sol e vice-versa, alguém que põe sal a mais, ou sal a menos na comida para que sofram de hipertensão, num sem fim de atentados à sua ilustre pessoa. Gente que objectivamente se alimenta da morte, odiando aqueles que não só estão vivos, como, insulto dos insultos, parecem ser felizes.
Mas estas criaturas têm mais defeitos. Estão de tal forma viradas sobre si mesmos, que não respondem ao Bom Dia de quem entra com eles no elevador, não trocam um sorriso na plataforma de um metropolitano e quando lhes tropeçamos num pé, por força dos balanços de um autocarro apinhado de gente, fulminam-nos com os olhos, certos de que pertencemos a uma qualquer confraria secreta que os tem como alvos.
Não podem ouvir uma gargalhada, sem franzir o sobrolho, porque estão certos de que rimos deles, nem ver duas pessoas a conversar, sem suspeitar que conspiram. São também elas, que usam os seus pequenos poderes para nos fazer sentir a sua importância, imaginando talvez que ajustam contas connosco, sabe-se lá do quê, e que não têm a nossa vida para andarem por ai a distribuir sorrisos ao Deus dará.
Acredite que se mandasse, reciclava estes sugadores de alegria e boa disposição para um outro planeta. Será que há alguém que os queira? Proponho, à imagem da Media Markt, um dia sem IVA para nos livrarmos dos que temos em stock.
Título e Texto: Isabel Stilwell, Destak, 02-03-2012

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