Aos primeiros pingos as
cidades transformam-se num pandemónio, e com memórias de peixe (que ao que
parece não retém uma informação mais do que uns segundos), começamo-nos
imediatamente a queixar dos incómodos de andar à chuva. Mas enquanto que uns se
lamentam com um sorriso irónico, plenamente conscientes do absurdo das suas
lamúrias, outros protestam paranoicamente convictos de que o mundo se uniu para
as tramar.
Há alguém que inventou uma
crise à sua medida, que manipula a metereologia só para que chova quando querem
sol e vice-versa, alguém que põe sal a mais, ou sal a menos na comida para que
sofram de hipertensão, num sem fim de atentados à sua ilustre pessoa. Gente que
objectivamente se alimenta da morte, odiando aqueles que não só estão vivos,
como, insulto dos insultos, parecem ser felizes.
Mas estas criaturas têm mais
defeitos. Estão de tal forma viradas sobre si mesmos, que não respondem ao Bom
Dia de quem entra com eles no elevador, não trocam um sorriso na plataforma de
um metropolitano e quando lhes tropeçamos num pé, por força dos balanços de um
autocarro apinhado de gente, fulminam-nos com os olhos, certos de que
pertencemos a uma qualquer confraria secreta que os tem como alvos.
Não podem ouvir uma
gargalhada, sem franzir o sobrolho, porque estão certos de que rimos deles, nem
ver duas pessoas a conversar, sem suspeitar que conspiram. São também elas, que
usam os seus pequenos poderes para nos fazer sentir a sua importância,
imaginando talvez que ajustam contas connosco, sabe-se lá do quê, e que não têm
a nossa vida para andarem por ai a distribuir sorrisos ao Deus dará.
Acredite que se mandasse,
reciclava estes sugadores de alegria e boa disposição para um outro planeta.
Será que há alguém que os queira? Proponho, à imagem da Media Markt, um dia sem
IVA para nos livrarmos dos que temos em stock.
Título e Texto: Isabel
Stilwell, Destak, 02-03-2012
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