João Bosco Leal
Antes de nos envolvermos afetivamente
com outra pessoa, mesmo quando desejamos que isso ocorra, é muito comum
impormos uma série de requisitos que acabam dificultando qualquer início de
paquera ou namoro.
Já maduros, é muito raro nos
entregamos a uma atração sem, instintivamente, pensarmos em algumas
consequências e logo percebemos estar nos questionando se aquele relacionamento
poderá nos proporcionar segurança emocional, onde vai dar e se, estando com
aquela pessoa, o que poderá ocorrer futuramente.
Independentemente da
possibilidade de uma nova aproximação se transformar em amizade, namoro ou algo
mais sério, noto que quanto mais idade e experiência possuímos, mais vamos
colocando esses questionamentos antes de qualquer novo relacionamento, não
querendo arriscar uma primeira ou nova frustração.
Exceto quando ocorrem as
paixões, inexplicáveis e incontroláveis, que quando percebemos já estamos
envolvidos de modo irreversível, sempre observamos a pessoa, ouvimos
informações – muitas vezes não verdadeiras e até invejosas ou de pessoas pouco
confiáveis -, sobre seus relacionamentos anteriores e, mesmo após os primeiros
contatos continuamos com muitos questionamentos antes de nos decidirmos pelo
novo envolvimento.
Esse comportamento seletivo,
além dos afastamentos naturais que ocorrem por motivos diversos em todas as
áreas de nossa vida social acaba restringindo a quantidade de pessoas que estão
à nossa volta, que fazem parte de nossa vida ou que fizeram parte de nossa
história.
Exemplo mais comum é o fato de
normalmente aguardarmos muito tempo por um momento mais apropriado para uma
conversa que poderia resolver algum mal-entendido e com isso muitas vezes
acabamos perdendo definitivamente a possibilidade desse surgimento, nos
afastando irrecuperavelmente de pessoas muito queridas.
Por motivos como esses, quanto
mais velhos ficamos mais sozinhos estaremos e sempre encontraremos idosos já
viúvos com pouquíssimos amigos, inclusive porque muitos dos que faziam parte do
seu cotidiano já se foram. Isso poderia ser alterado se durante a vida não
fossemos tão exigentes e não estivéssemos tão fechados ao novo.
Buscando por ilusões,
príncipes ou princesas encantadas, acabamos permitindo que muitas oportunidades
de novos relacionamentos passassem ao nosso lado sem sequer serem percebidas,
apesar de possivelmente serem pessoas encantadoras, maravilhosas.
Criando muitas expectativas,
esperando algo de filhos, amigos, namorados, maridos ou esposas, muitas vezes
terminamos frustrados e decepcionados, quando o erro foi nosso de esperar algo
que era fruto exclusivo da nossa imaginação e muitas vezes longe do ideal de
vida daquelas pessoas.
Vivendo sem nada esperar dos
outros, deixando os acontecimentos determinarem para onde, com quem e até
quando caminharemos juntos, provavelmente seríamos mais felizes. Sem esperar
retornos não sentiríamos as frustrações e decepções tão comuns ao término de
nossos relacionamentos.
As fases de aproximação e
conhecimento no relacionamento proporcionarão a criação de afetividades, a
troca de carinhos, desejos e prazeres físicos, mas o surgimento de um
verdadeiro amor, onde exista amizade, cumplicidade e companheirismo, só
acontecerá com a convivência mútua, diária e por um longo tempo.
Iniciando novos
relacionamentos sem muitas exigências ou preocupações com o futuro
desconhecido, certamente estaremos abrindo caminhos para riscos, mas mesmo não
sendo duradouros com eles sempre aprenderemos algo, viveremos momentos de
felicidades e deles teremos boas recordações.
O caminho em busca de um grande amor deve ser percorrido sem medos,
pois sempre poderá ser retomado.
Título, Imagem e Texto: João
Bosco Leal
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