Barack Obama tem feito do
silêncio a sua resposta para não comparecer à Cimeira da Terra (estar ausente
dois dias poderá ter danos na sua suposta reeleição); Angela Merkel está
demasiado ocupada com a sua Europa e com a votação do orçamento alemão e não vai
estar presente no Rio; David Cameron, preocupado com o jubileu de diamante da
rainha - cujas principais celebrações ocorrem três semanas antes da data da
Cimeira, não se consegue preocupar ao mesmo tempo com o destino do planeta e
também estará ausente; o Parlamento Europeu decidiu cancelar a sua participação
na conferência Rio+20, alegando os custos astronómicos que tal iria
representar; a própria Comissão Europeia irá reduzir a sua delegação à Rio+20,
segundo o eurodeputado Gerben-Jan Gerbrandy. Em contrapartida, os
recém-empossados presidentes da França e da Rússia, Hollande e Putin, já
garantiram a sua presença e, do lado das maiores economias emergentes, os
primeiros-ministros da China e da Índia, também.
A juntar às ausências, algumas
das propostas principais contidas no texto inicial a assinar pelos líderes
mundiais naquela que se esperava ser a mais importante cimeira para se definir
o futuro do planeta foram já alijadas nas reuniões preparatórias que têm tido
lugar em Nova Iorque. Os observadores já alertaram que os temores de um
fracasso redondo da Cimeira Rio+20 são cada vez mais evidentes. E se os
elevados custos de participação na Rio+20 há muito têm vindo a ser criticados,
a verdade é que o mesmo eurodeputado que anunciou o cancelamento devido a esses
custos, acabou por afirmar que "existe também um problema com o conteúdo
da conferência" e com as intransponíveis divergências no que respeita ao
estabelecimento de metas para a sustentabilidade mundial e à aposta na economia
verde.
O diretor do Programa de
Desenvolvimento das Nações Unidas em Bruxelas, Antonio Vigilante, já anunciou
publicamente que o insucesso da conferência terá consequências devastadoras
para os pobres do mundo. "O Rio+20 não é uma conferência sobre o ambiente
nem para salvar a natureza. É uma conferência para salvar os seres
humanos". E talvez seja esse o motivo para que ausências e esforços
mínimos estejam a matar um projeto que ainda nem começou.
Título e Texto: Jornal OJE,
15-05-2012
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