João Bosco Leal
Certa vez uma pessoa me disse
sempre se lembrar de uma imagem que lhe ficou gravada na memória ainda durante
sua infância: a dos animais de tração, nos quais são colocados tapa-olhos
laterais, para que não consigam ver nada ao seu lado, que concentrem os olhares
no horizonte à frente e dessa forma sejam levados a realizar trabalhos que
jamais fariam caso soubessem o que estavam fazendo.
Sem que percebamos, no
decorrer da vida vamos adquirindo hábitos bons e outros nem sempre
recomendáveis, como os modos agressivos de nos expressar, agir ou reagir,
conceitos e pré-conceitos sobre tudo e todos ou nos impondo diversas regras que
um dia saberemos não terem nenhuma utilidade.
Por esses motivos, em algumas
oportunidades tomamos atitudes, dizemos ou escrevemos coisas que não são bem
entendidas por quem as vê, ouve ou lê, pois muitas vezes as pessoas entendem o
que se fez, disse ou escreveu, de forma totalmente diversa entre elas e também
distinta da verdadeira intenção do autor das ações, palavras ou textos.
Entretanto, quando por
natureza ou por formação possuímos comportamentos mais rígidos, os que nos são
próximos e até os muito queridos passam a interpretar nossas atitudes, palavras
e escritas também sem nenhuma flexibilidade, imaginando que queríamos mostrar
ou dizer algo diferente do que realmente fizemos.
Diversas coisas nos são
ensinadas ou impostas como necessárias, quando muitas são inúteis, guardadas
desnecessariamente em nossas gavetas mentais, ocupando espaços que poderiam
estar ocupados com algo mais interessante ou limpos e abertos para aprendizados
mais importantes.
Se pensarmos nas regras de
convivência que nos foram transmitidas durante a vida, assimiladas da maneira
como as entendemos e naquelas criadas por nós e adicionadas à listagem geral,
veremos que estamos como os animais com os tapa-olhos, pois poucas foram as
realmente úteis, mas muitos foram os maus hábitos adquiridos.
Quantas vezes já dissemos
palavras desnecessárias, agressivas, que não produziram os efeitos desejados e
pioraram as situações?
Explicamos algo que não foi
corretamente entendido, muitas vezes provocando afastamentos desnecessários de
pessoas, simplesmente por não termos buscado esclarecer?
Ou deixamos de dizer
abertamente o que estávamos pensando ou sentindo, perdendo grandes
oportunidades que talvez nunca mais voltem?
Sempre pensei que não se deve
dizer a uma pessoa que ela “tem que”, pois ninguém deve ser obrigado a algo e
em conversas com os que me cercam dizia que quando ouvia isso, logo me vinha a
vontade de dizer que agora é que “não tenho que mais nada”, pois ninguém me
obrigará a fazer o que não desejo.
Mas há muito aprendi que
regras imutáveis de convivência não existem. O que expressamos hoje, pode não
ser o mesmo que estaremos pensando amanhã. O que é válido hoje provavelmente já
não o será na próxima década.
A evolução humana é uma
constante e graças a ela hoje não estamos como os animais que usam tapa-olhos,
olhando somente para o que está à nossa frente, sem acreditar na existência de
algo além do horizonte que enxergamos.
Nos mais diversos tipos de relacionamentos humanos, a regra que sempre
deve estar presente é o bom senso.
Título, Imagem e Texto: João Bosco Leal
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