João Bosco Leal
A maioria das pessoas, quando
ainda muito jovem já se sente no direito de discordar de seus pais, de adultos
e até de idosos bem mais vividos e experientes do que eles.
É aquela fase do jovem
“aborrecente”, que pensa já saber de tudo e bem mais do que os outros “velhos,
quadrados e ultrapassados”, que não sabem de nada, que nasceram no “tempo da
onça”, quando nem computadores, celulares ou internet existiam.
Que pensa ser muito superior
aos mais velhos, simplesmente porque sabe utilizar vários programas de
informática ou manusear com facilidade os controles remotos e os novos jogos
eletrônicos que seus pais não sabiam sequer que existiam.
Muitas vezes julgam até as
atitudes profissionais e comerciais de seus pais, dizendo-lhes como deveriam
agir para trabalhar menos e ganhar mais, pois com aquela idade certamente já
estariam muito ricos.
Durante essa fase esses jovens
sabidos, revoltados por ainda terem de se submeter à determinação dos pais,
erram bastante e desnecessariamente, simplesmente por não conseguirem entender
que os mais velhos os orientam com amor, exatamente tentando evitar que
tropecem ou caiam nos caminhos já conhecidos ou até já experimentados pelos
próprios.
Normalmente esse entendimento
só ocorre após o nascimento de seu próprio filho, quando sentem por ele o que
seus pais sentiram desde a primeira vez que o viram, das noites em claro que
passaram sem entender o motivo de seus choros, cuidando de suas dores, febres,
inflamações e infecções, até que seu pequeno corpo fosse mais forte e capaz de
criar as próprias defesas imunológicas.
A partir desse momento, passam
a entender os motivos de certos comportamentos de seus pais que os revoltavam,
mas agora fazem o mesmo com seus filhos, insistindo nas orientações sobre a
importância dos estudos, das boas companhias, dos motivos para que se mantenham
afastado de outras, do risco das drogas e tantas outras recomendações que
frequentemente ouviam de seus pais.
Assumindo as responsabilidades
de um lar, por vezes se lembram de quantas vezes reclamaram de suas roupas,
calçados ou do tempero da comida, sem jamais questionarem quanto custou a seus
pais colocar tudo isso à sua disposição.
Começam a entender os motivos
pelos quais seus pais tanto pensavam no futuro, no plano de saúde, na escolha
das escolas onde estudariam, nas economias para o pagamento de sua faculdade
particular e na preocupação com a escolha que faria de sua futura profissão.
Esses jovens – como a maioria
de nós –, passaram todo o tempo que viveram junto de seus pais sem entendê-los
e discordando deles, perdendo assim a oportunidade de aprender com quem lhes
ensinaria com amor, mas só percebem isso quando passam pela mesma experiência,
sentindo agora que a discordância dos seus próprios filhos e o fato deles não
seguirem muitas de suas recomendações, o que faz com que errem onde não seria
necessário.
Tentando fazê-lo entender que
no futuro também se arrependerá, o agora pai conta então a seu filho como
atualmente se arrepende, de não ter ouvido os mais velhos.
A história se repete geração após geração, com os mais jovens pensando
saber mais que os mais velhos, até que sejam eles próprios os mais velhos.
Título, Imagem e Texto: João Bosco Leal, jornalista, escritor e
produtor rural
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