Valfrido Chaves
Não é preciso ser estrategista
ou gênio para ver o quanto cresce a ousadia e petulância da maldade em nosso
meio. As quadrilhas, seja quais forem suas especialidades, organizam-se para o
confronto com o Estado, o que tornou-se evidente através das apreensões do
contrabando de armas de guerra e assalto às firmas de segurança ou quartéis da
PM. Pequenas cidades são tomadas por bandos, com policiais acuados enquanto
agências bancárias, Prefeitura, são depenadas, como acaba de acontecer em São
José do Rio Claro, MT. Menores de idade, na certeza da impunidade, são soldados
especiais nos bandos. Nas escolas, professores são escorraçados quando exigem
disciplina. A proibição do álcool a menores e no trânsito é uma chacota. As
forças do Estado, na maior cidade brasileira já foram acuadas em seus quartéis
e delegacias, enquanto policiais não ousam saírem fardados às ruas. No que
tange à corrupção, o cinismo militante e partidário parece organizar-se para
constranger e intimidar até o STF. A promiscuidade entre presos da pesada e
bandidinhos é um tabu. Na verdade, pouco adianta descrever o óbvio.
Por outro lado, a falência do
Estado na educação e na proteção de quem se sujeita à lei são evidentes. A
expressão “direitos humanos”, tão politicamente correta, emprenhada de
ideologismo e demagogia, tanto é usada para constranger direitos legítimos
quanto é objeto de desprezo por larga opinião pública, que vê a contaminação ideológica
do discurso “direitos humanos”. Quando as mais altas autoridades se manifestam
é como se não estivessem no poder há uma década durante a qual não disseram a
que vieram, quanto à segurança, orientação às famílias e educação. O exemplo
que vem de cima é uma lástima, pois o cinismo e o deboche corrompem, como na
afirmação de que “o mensalão não existiu, é uma conspiração contra o governo
popular”. Qualquer ser minimamente pensante pode avaliar o efeito corrosivo de
afirmações desse teor na boca de líderes carismáticos, mas esse nhém nhém nhém
continuará sem pudor algum. E ainda há quem goste...
Na política, nem adianta,
pois, falar. De onde esperar uma reação? Até que ponto terá de ir nossa
insegurança, nossos temores e vergonha? Sim, vergonha, pois quem não a tem ao
saber que o pior psicopata não fica mais de 7 anos excluído do convívio social?
Que o mais perverso sociopata é protegido pela menor idade? Que, quando preso,
o psicopata dá ordens de execução de quem está aqui fora? Não dá vergonha falar
e ouvir estas obviedades, sabendo que as leis continuarão as mesmas e a
execução das mesmas, se mudarem para melhor, será igual “cavalo paraguaio”? Mas
a copa do mundo vem aí, e todos vamos nos alegrar. Até lá, leitor tolerante com
este escriba envergonhado.
Título e Texto: Valfrido M. Chaves, Psicanalista,
09-10-2012
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