segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Após o susto, voo em céu de brigadeiro

Comerciante filmado dentro de nuvem salta de novo de parapente
Maíra Rubim
Duas semanas após ficar quatro minutos dentro de uma nuvem durante um voo de parapente, o comerciante Sudmar Franzin saltou de novo da Pedra Bonita, desta vez a convite do vice-presidente do Clube de Voo Livre de São Conrado, Augusto Prates. O céu estava limpo e muito azul, bem diferente do primeiro salto, no qual ele e o instrutor de voo Luiz Gonzaga Pereira de Souza passaram momentos de agonia, registrados num vídeo que teve mais de 500 mil visualizações nas redes sociais.

— Meu sonho era ter uma filmagem do alto, mas, no primeiro salto, não foi possível e só senti a tensão. Agora, meu desejo foi realizado, melhor é impossível! A adrenalina é muito forte e pude ver como o Rio é lindo — contou Franzin, que é de Descalvado, interior de São Paulo.

— Ele disse numa entrevista que gostaria de saltar mais uma vez. Entrei em contato com ele, porque é importante tirar a impressão errada do esporte — explicou Prates.
Franzin nem hesitou. Na sexta- feira, arrumou as malas e viajou, sem avisar à família:
— Quando meus parentes viram o vídeo, ficaram apavorados. Se eu falasse que ia voar novamente, eles não teriam me deixado vir. O que aconteceu foi uma infelicidade e também um alerta de que nunca se deve desafiar a mãe Natureza.

A rampa estava fechada desde a última segunda-feira e foi reaberta neste fim de semana. Segundo Prates, o episódio poderia acontecer com qualquer um:
— Com o tempo ruim, o piloto acabou perdendo a referência.
O sucesso do vídeo rendeu frutos para o comerciante: — Uma seguradora de Minas me chamou para ser o garoto propaganda da empresa.

No ano passado, duas mortes provocaram debates sobre a regulamentação confusa do esporte: oficialmente, voos duplos são permitidos apenas para a formação de instrutores.
— O clube quer se regulamentar para profissionalizar o esporte, mas não depende da gente. Na última semana, saiu uma nota da Anac informando que o órgão realizou fiscalizações e comprovou que cumprimos todos os procedimentos de segurança — contou Prates.

O vídeo, de 13 minutos, mostra a angústia de Franzin e o desespero de Souza com a situação. Eles entram numa nuvem e, como não conseguem sair, o instrutor se preocupa: “Não sei onde eu tô”. Em seguida, Souza começa a rezar e pede ao comerciante para fazer o mesmo. Com mais de 20 anos de experiência, o instrutor foi afastado por tempo indeterminado pela Associação Brasileira de Voo Livre.
— Tinha certeza de que ia morrer. Não sei como passamos por cima da Pedra Bonita — lembrou Franzin.
Título e Texto: Maíra Rubim, Grande Rio, O Globo, 01-9-2013

Relacionado:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-