Maíra Rubim
Duas semanas após ficar quatro minutos dentro de uma nuvem durante um voo de parapente, o comerciante Sudmar Franzin saltou de
novo da Pedra Bonita, desta vez a convite do vice-presidente do Clube de Voo
Livre de São Conrado, Augusto Prates. O céu estava limpo e muito azul, bem
diferente do primeiro salto, no qual ele e o instrutor de voo Luiz Gonzaga
Pereira de Souza passaram momentos de agonia, registrados num vídeo que teve
mais de 500 mil visualizações nas redes sociais.
— Meu sonho era ter uma filmagem do alto, mas, no
primeiro salto, não foi possível e só senti a tensão. Agora, meu desejo foi
realizado, melhor é impossível! A adrenalina é muito forte e pude ver como o
Rio é lindo — contou Franzin, que é de Descalvado, interior de São Paulo.
— Ele disse numa entrevista que gostaria de saltar
mais uma vez. Entrei em contato com ele, porque é importante tirar a impressão
errada do esporte — explicou Prates.
Franzin nem hesitou. Na sexta- feira, arrumou as
malas e viajou, sem avisar à família:
— Quando meus parentes viram o vídeo, ficaram
apavorados. Se eu falasse que ia voar novamente, eles não teriam me deixado
vir. O que aconteceu foi uma infelicidade e também um alerta de que nunca se
deve desafiar a mãe Natureza.
A rampa estava fechada desde a última
segunda-feira e foi reaberta neste fim de semana. Segundo Prates, o episódio
poderia acontecer com qualquer um:
— Com o tempo ruim, o piloto acabou perdendo a
referência.
O sucesso do vídeo rendeu frutos para o comerciante:
— Uma seguradora de Minas me chamou para ser o garoto propaganda da empresa.
No ano passado, duas mortes provocaram debates
sobre a regulamentação confusa do esporte: oficialmente, voos duplos são
permitidos apenas para a formação de instrutores.
— O clube quer se regulamentar para
profissionalizar o esporte, mas não depende da gente. Na última semana, saiu
uma nota da Anac informando que o órgão realizou fiscalizações e comprovou que
cumprimos todos os procedimentos de segurança — contou Prates.
O vídeo, de 13 minutos, mostra a angústia de
Franzin e o desespero de Souza com a situação. Eles entram numa nuvem e, como
não conseguem sair, o instrutor se preocupa: “Não sei onde eu tô”. Em seguida,
Souza começa a rezar e pede ao comerciante para fazer o mesmo. Com mais de 20
anos de experiência, o instrutor foi afastado por tempo indeterminado pela
Associação Brasileira de Voo Livre.
— Tinha certeza de que ia morrer. Não sei como
passamos por cima da Pedra Bonita — lembrou Franzin.
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