quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Indignados

Alexandre Borges
Henrique Monteiro e Ricardo Costa têm andado entretidos a discutir o 1º de Dezembro no site do Expresso. Bonitas crónicas, sólidas demonstrações, à vez, das habilidades argumentativas de cada um, mas, na prática, passam tão ao lado do essencial como todos os outros de cada vez que o calendário se cruza com um feriado extinto e lá volta o concurso das indignações.

Ninguém decretou a extinção das datas ou das comemorações; apenas que voltassem a ser dias de trabalho comuns. O 13 de Maio é certamente a maior celebração religiosa em Portugal e não consta que seja feriado nacional. O ano inteiro não faltam dias da árvore e da criança e da poesia e do teatro e do combate a todas as doenças e malefícios do mundo, devidamente assinalados, comemorados e discutidos, mesmo - pasme-se - sendo dias de trabalho. O 5 de Outubro festejava a implantação da República e não a fundação de Portugal. Aljubarrota diz ainda mais sobre a independência nacional do que o 1º de Dezembro e não tinha direito a feriado. E, no entanto, o país conhece certamente melhor Afonso Henriques e Nuno Álvares Pereira do que os revoltosos da rotunda ou os restauradores de 1640.

Se se quer comemorar uma data, comemore-se; não é preciso, para isso, que seja feriado.

Aliás, não me lembro, em dias de minha vida, de ter ouvido falar tanto sobre os acontecimentos do 1º de Dezembro de 1640 como este ano.
Título e Texto: Alexandre Borges, 31 da Armada, 05-12-2013

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