Prejuízo com atos de
vandalismo em cemitério de São Paulo pode chegar a R$ 300 mil
Local foi invadido por grupo
há uma semana. Túmulos, banheiros e até a capela foram destruídos
Domingo Espetacular
Enquanto ainda busca
explicações sobre o que motivaria um grupo a depredar o cemitério do Araçá, na
zona oeste de São Paulo, a administração do local já estima que o prejuízo com
os danos chegue a R$ 300 mil. Além de furtar peças de bronze, os criminosos quebraram túmulos, bancos, banheiros, carrinhos elétricos e a capela, na madrugada de domingo (5).
O administrador do cemitério,
Wilton Olivar de Assis, afirma que foi a primeira vez que depredações desse
porte aconteceram.
— Nunca na história do
cemitério do Araçá houve uma profanação desta dimensão. Eu fiquei quase sem
ação. Fiquei estarrecido, seria o termo.
Essa foi a segunda vez em dois
meses que o Araçá foi alvo de vândalos. Em novembro do ano passado, foi
depredado o ossuário com os restos de 1.046 pessoas enterradas clandestinamente
no cemitério de Perus durante o regime militar.
No caso do último fim de
semana, a polícia tem imagens de uma câmera de segurança que mostram cerca de
30 jovens, vestidos normalmente, em um ponto próximo ao cemitério. Uma
testemunha relatou aos investigadores ter visto o mesmo grupo pulando a grade
do cemitério.
Na sexta-feira (10), três homens e uma mulher foram presos pela polícia,
suspeitos de furto. Em um carro apreendido com eles foram encontrados objetos
levados do cemitério.
O cemitério do Araçá é um dos
mais antigos de São Paulo. Ele foi inaugurado há 120 anos. No local estão
enterradas personalidades com os jornalistas Assis Chateaubriand e Blota
Júnior; as atrizes Cacilda Becker, Nair Belo e Cibele Dorsa - e o jogador de
futebol Denner. Também há o mausoléu da Polícia Militar, onde são sepultados os
PMs mortos em serviço.
Crimes desse tipo são
complicados de entender, já que não há motivação aparente, segundo o sociólogo
Sérgio Adorno.
— Muitas vezes fazem porque
querem se confrontar com a lei. É um ato consciente, ou às vezes não, é um ato
completamente irracional. É uma explosão de sentimentos e que muitas vezes fica
muito difícil para nós cidadãos comuns entender por que as pessoas destroem
cemitério.
Fora o prejuízo do cemitério,
muitos familiares de mortos vão ter que gastar para recuperar lápides e até
obras de arte dos túmulos. Além do custo financeiro, o ato de vandalismo ainda
mexeu com o valor sentimental de parentes.
Título e Texto: Domingo Espetacular, 12-01-2014, atualizado em 13-01-2014, 11h10
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