Luciano Henrique
Muitas pessoas da direita
estão indignadas porque a esquerda norte-americana exibiu fotos da
nudez da esposa de Donald Trump, Melanie. As fotos foram recuperadas pelo
jornal esquerdista New York Post e agora são parte da campanha difamatória da
candidata Hillary Clinton.
A reclamação de direita é
clara: “é um jogo baixo”. Tecnicamente, eles estão certos. É um jogo baixo.
Mas, ainda assim, é um jogo. Atacar a família de um candidato é um
meio potente de desestabilização psicológica e imposição de poder. Não seria
sequer racional esperar que Hillary não aproveitasse essa
oportunidade. Ademais, as fotos não são falsas. Melanie Trump realmente
posou nua no passado. Assim, a regra de explorar ao máximo eventos
inconvenientes do passado do oponente foi apenas seguida.
É um costume da direita se
irritar apenas porque a esquerda vigente costuma aproveitar todas as
oportunidades para jogar o jogo. Decerto é preciso exibir
indignação pública, o que também deve ser parte do jogo. O que no fundo
significa que voltamos para a mesma tecla: o importante é jogar. Logo, não faz
sentido gastar muito tempo se indignando porque a esquerda fez sua parte
(jogar) em proporção maior do que seus oponentes de direita deveriam ter feito.
Mas e se os republicanos
resolverem jogar na mesma intensidade?
Nesta situação, os membros do
partido esquerdista devem ser expostos como machistas, por estarem expondo a
esposa de Trump. Ao invadirem sua privacidade, podem ser expostos também como
pessoa cruéis e desumanas. Evidentemente, os esquerdistas vão apelar ao
moralismo contra Melanie (“ah, ela posou nua”), e podem ser escrachados de
volta como inimigos da liberdade feminina, além de obscurantistas, como se
fossem os piores jihadistas. Em todo esse processo, é sempre importante
demonstrá-los como baixos, desprezíveis, seres rastejantes…
Infelizmente, o vídeo abaixo
não tem legendas. Mas mesmo sem legendas, é possível ver como o republicano
Newt Gingrich destronou a tentativa de John King (da ABC) de atacar sua vida
particular:
Isto se chama metaframe,
onde o próprio frame do oponente pode ser desmoralizado por meramente ser
verbalizado. Desta forma, quando alguém atacar Trump dizendo “ah, sua esposa
tirou foto nua”, a resposta não deveria ser focada em ficar desconversando
ou se desculpando, mas em expor o oponente como baixo, vil e desprezível por
levar este tipo de assunto ao debate. Realizem um metaframe possível: “seu
partido é composto de gente imunda, porca, nojenta e sem caráter por estarem
atacando Melanie em sua vida privada”. As oportunidades de metaframe para
Donald Trump nesta questão são diversas.
Com uma boa aplicação do
metaframe e uma boa atenção aos diversos pontos a serem desmascarados (da
narrativa esquerdista), Trump pode virar esse jogo. Aqueles sádicos que estão
se divertindo fazendo Melanie Trump chorar hoje, poderão chorar muito mais, de
volta, se o candidato republicano caprichar no metaframe.
Título e Texto: Luciano Henrique, Ceticismo Político, 2-8-2016
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