Vitor Cunha
Esta onda de linchamento a
tudo e todos, na minha opinião, não reflete o fim da revolução sexual e sim o
repúdio da sociedade contemporânea pelos progenitores. Não se fica pela censura
de comportamentos inapropriados: arroga-se o direito de comoção coletiva e
generalizada que vise expurgar, em última instância, as falhas da humanidade,
assimilando na perfeição o conceito de Homem Novo. O Homem Novo é mulher, que
também é homem, porque cada um é o que quiser ser a uma dada altura. Os nossos
pais falharam, com a sua devassa sexual, com a falta de sensibilidade pelo
pecado do heteropatriarcado. Como poderíamos nós, os seus filhos, frutos de
luxúria pecaminosa, abdicar do Pecado Original de tão animalesca concepção?
Deus terá dito que pouparia os
justos em Sodoma e Gomorra, mas não encontrou qualquer um que fosse merecedor
de piedade. Talvez o erro de Deus tenha sido o da criação propriamente dita,
que quem vê a floresta trata as árvores como sendo todas iguais (exceto
eucaliptos, esses caíram em desgraça por outros motivos).
Acordem-me quando terminarem
de extinguir as falhas da humanidade, ou, em rigor, a própria humanidade. Eu cá
fico quietinho, devidamente cristalizado como a mulher de Ló, aquela que se
atreveu a desobedecer por olhar para trás.
Título e Texto: Vitor Cunha, Blasfémias,
3-11-2017
Já na Grécia antiga tudo era permitido em matéria de sexualidade... A cultura e moral cristã e de outras tendências religiosas fundamentalistas restringiram essa tolerância.... Certo ou errado? Para uns certo, para outros errado... e assim caminha a humanidade...
ResponderExcluirValdemar