Aparecido
Raimundo de Souza
“Falta pouco para cair de vez no buraco. Apenas um
empurrãozinho”.
Padre
Gabriel (religioso assassinado em Vila Velha, no Espírito Santo, em dezembro de
1989).
CAROS
AMIGOS E LEITORES, notadamente os de fora do país. Os estrangeiros, para
sermos mais exatos. Passamos para convidar todos vocês, a conhecerem, de perto,
o Brazzil. Isso mesmo. O Brazzil, a nação sem rumo, a terra nua, desorientada,
derrotada, falida, acabada, fodida e sem administração. Mesma porrada na
moleira, sem resguardo, sem escora, sem amarra, sem hombridade, sem altivez,
sem brio, sem altanaria, sem pundonor ou lisura. Preparado para as exéquias
singelas de um porvir mortuário que logo se fará terminante.
O país onde o presidente é um dédalo.
Um imbondo, “um banana”, e o seu vice uma casca de limão, ou seja, temos uma
banana estragada, azedada. Venham, senhoras e senhores, corram a conhecer os
palácios da Alvorada, residência oficial do banana e suas paredes sujas e seus
inúmeros tapetes enlameados da melhor merda reinante de todas as latrinas
conhecidas. Vocês ficarão boquiabertos, apatetados, vendo tanta pobreza nesse
palácio, enquanto a raia miúda (o povinho) nada em dinheiro e o proletariado de
manés e sirigaitas gastam seus ganhos vivendo à custa de sonhos.
Aproveitem também e deem uma passada no
outro palácio. Fazemos referência ao Palácio do Planalto, ou o local sagrado,
augusto, extraordinário, patriarcal, santificado, onde trabalha mais de dez
horas por dia, imaginem, o nosso incansável, ativo, buliçoso, executivo,
expedido, esforçado e heroico chefe de Estado. Não poderíamos deixar de
declinar seu nome. Patronímico por sinal, lindo, agradável, formoso, airoso,
aprazente e cortês: Michel Jackson Temer.
Para acessar essas duas pocilgas,
perdão, caríssimos amados, para se
assomar a essas arquiteturas projetadas pelo ilustre o honroso Oscar
Niemeyer, é preciso preencher uma série
de requisitos, como ser comportado, não ter passagens pela polícia, não ter batido na mulher, possuir o
passaporte em dia, ser eleitor cu de ferro, provar que entrou em solo
brasileiro pelas vias legais e, principalmente, não carregar uma bomba amarrada
nos colhões. Bomba amarrada nos colhões pode provocar pane e dar um nó tremendo
na cabeça daqueles menos desavisados. Principalmente os santinhos. O que não
falta em Brazzília, são santinhos...
Existem outros jeitinhos mais simples
(os tais jeitinhos brasileiros), como se disfarçar em um dos ministros do STF
ou ter forças nos braços para carregar uma boa mala de dinheiro (nos moldes do
Brocha Loures ou Louro José), ou como nossa grana suada é identificada lá fora,
além-mar, a conhecidérrrrrrima PROPINA. Com propina, as portas não só desses
palhacios, desculpem, desses palácios se abrem como se um gênio disfarçado de
Pablo Vittar com a voz de orangotango menstruado maviosamente sussurrante
soprasse em seus ouvidos “Abra-te Sésamo”.
Todavia, amados leitores, não esperem
por um Sésamo em carne e osso a vir recebê-los de braços abertos, com tapinhas
nas costas, água gelada, cafezinho feito na hora e Dilma Rouboussett sendo
puxada por uma coleirinha como um animalzinho de estimação. Esse cara é
“invisível” para as gentinhas. Até hoje, os seres viventes com os quais tivemos
contato telepático (os honestos e de coração aberto), só o conheceram (sic...
sic... sic...) pelo nome S-É-S-A-M-O.
Evidentemente temos outros lugares mais
pitorescos para serem visitados nesse imenso galinheiro. O palácio Itamaraty, a
Catedral Metropolitana, a Torre de TV e, logicamente, o palácio Janucú (pelo
amor de Deus, não confundam com Jaburú), essa construção às margens pomposas do
sisudo Lago Paranoá. Com relação a esse lago, dizem, a céu aberto, que, em face
dos reboliços acontecidos recentemente nas dependências, do tal Jabucú, o
infeliz laguinho mudou de nome. Ficou envergonhado.
Atende hoje, a quem o procura, para
fotos e filmagens, pela alcunha de LARGO PARANOICOÁ. Parece enfermo, triste,
abatido, com suas águas turvas, meio que apodrecidas e acamadas, completamente
derreadas. Coitado do lindo lago! Sabe-se lá por quais cargas passou a vegetar
esse infortúnio! Talvez pelo lixo que ultimamente alguns filhos da puta tiveram
a coragem de remover do Janucú e jogar descaradamente em seu extenso e espaçoso
leito.
Mas os que vierem “de fora” têm outras
opções. A estação Rodoviária em forma de avião pousado, o Templo da Boa
vontade, o Santuário de Dom Bosco, a Ponte JK, etc. etc. A Câmara dos
Deputados, igualmente pode ser visitada ato contínuo. A Câmara é aquele
lugarzinho onde nossos melhores representantes trabalham muito e ganham pouco.
Entendemos que nossos parlamentares deveriam embolsar um pouco mais.
É uma vergonha uma casa de “autos”
senhores, ou de criaturas que dão seu sangue por causas justas e nobres, por
sujeitos que pensam primeiramente nos menos favorecidos, sem levarmos em conta
que ditos cavalheiros, gastam horas e horas em ocupações árduas (quem sabe até
se passando ou vivendo como escravos) em troca de uma merreca final do mês.
Mesmíssima ocorrência, no Senado.
Nossos senadores, coitados fazem pena vê-los desamparados! Dito de forma mais amena. A pobreza que os
rondam causa angústia. Corta o coração.
A última vez em que lá estivemos, achamos por justo e perfeito patrocinarmos
uma “vaquinha” entre os amigos mais íntimos, intencionando ajudar os nossos
homens sérios. Nossos compatriotas que
pegam no pesado, que suam as camisas e, sobretudo, não permitirmos, jamais, que
essas almas espetaculares e caridosas passem vergonha diante da sociedade e,
claro, dos queridos turistas.
Pois bem. O foco é esse. Os turistas.
Os estrangeiros. Venham. Visitem Brazzília. O berço onde dorme o beiço das
grandes indecisões nacionais. Brazzília o futuro de um país inteiro. Uma cidade
sem ladrões, sem pilantras, sem vagabundos, sem baderneiros. Cidade ou como
acharem melhor apelidar, a Capital onde está situado o majestoso, intocável,
invulnerável, sacrossanto, intangível, sagrado STF ou o inalterado e puro
SUPREMO TRIBUNAL DOS FANFARRÕES. Local
endeusado, onde a farra come solta.
Um esclarecimento importante, caros
senhores. O STF se presta a defender pessoas sem manchas, desde que elas não
estejam envolvidas em probleminhas caseiros, como roubos de pães em
supermercados, ou abestados que passaram os dez dedos num porco, ou numa
galinha, por exemplo. O Supremo deve ser acionado tão somente por cidadãos que
tenham condições de bancar a própria imbecilidade.
Entenderam? Fica, pois, aqui, o
chamamento. O aceno amigável para todos os forasteiros e visitantes de qualquer
lugar deste planeta. Venham conhecer de perto o Brazzil, repetindo amados e
amadas venham ver de perto, pegar, cheirar, tocar, apalpar, a nossa querida e
idolatrada Brazzília. Antes, evidentemente, que ela exploda e suma na fumaça,
como Hiroshima e Nagasaki. Venham, venham, todos. Se acheguem, AINDA HÁ
TEMPO.
Título e Texto: Aparecido
Raimundo de Souza, jornalista. De Santo Eduardo, Estado do Rio de Janeiro.
20-7-2018
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Um texto inteligente, verdadeiro, e bem mostra a vergonha do nosso país.
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