quinta-feira, 26 de julho de 2018

Almas de lacaio

José Mendonça da Cruz

O povo. O povo são os condutores que no passado fim-de-semana, na A12, perto de Palmela, fizeram inversão de marcha na faixa em que seguiam de uma autoestrada porque viram fumo: um bando ovino e medroso, a quem tudo sobressalta e perturba. A plena assunção da condição ovina veio de um dos do grupo que, em entrevista à Sic, se queixou de que não tinha informação, nem havia «apoio».

O Estado. O Estado é aquele corpo adiposo que deixa roubar armamento, deixa arder populações, sorve mais de 50% da riqueza nacional, deixa deteriorarem-se todos os serviços, não presta contas nem cumpre as leis, se engalana de modernidade promovendo a eutanásia dos humanos enquanto proíbe a dos cães e gatos, e que pesa sobre o ombro de quem tenha iniciativa, com o hálito fétido regulamentador e a avidez babada de novos saques.

A Comunicação Social. A comunicação social são as televisões comemorando a aterragem de um avião muito grande no aeroporto de Beja, celebrando o que dizem ser o futuro redescoberto da coisa -- sem memória, sem responsabilidade, sem juízo, sem contas, com a habitual e abjeta complacência, o medular servilismo por qualquer coisa de esquerda, mesmo que ruinosa. 

A CS não existe, não comunica nem é social, é pessoal nas causas, nos enviesamentos e no consciente desprezo da notícia. O Estado é tão fiável que, à simples vista de fumaça, o rebanho dispara tonto, aterrorizado, inimputável, e para onde calhar. Mas, sendo este o Estado e esta a Comunicação Social, é este o rebanho. E sendo este o rebanho, é mais deste Estado que ele quer.
Título e Texto: José Mendonça da Cruz, Corta-fitas, 24-7-2018

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