João Lemos Esteves
O maior admirador do balão é o presidente
Donald Trump (que terá achado piada à “criação artística”). Isto porque, para
efeitos políticos internos americanos, reforça a sua popularidade
1. É certamente uma das figuras mais odiadas por certas elites
europeias; é, ainda mais indubitavelmente, o político que mais marca a agenda
política internacional. E vai ditando o passo da política global, não com base
em declarações conjunturais ou acompanhando as tendências da “espuma dos dias”
dominadas por questões laterais e as tradicionais banalidades que pautam o
discurso político convencional (mais rigorosamente, aquele a que os povos, em
diferentes latitudes e longitudes, estão habituados): antes, o presidente
Donald Trump tem trazido para a discussão política internacional matérias há
muito conhecidas e há muito ignoradas. Tal afirmação poderá suscitar o
ceticismo e a hesitação das nossas leitoras e leitores: é normal, atendendo a
que a comunicação social (deliberadamente) perde mais tempo com sound bites comunicacionais, com o
cabelo mais ou menos esvoaçante de Donald Trump, teimando em desprezar as
matérias de fundo que são suscitadas pela nova administração norte-americana,
as quais assumem uma relevância vital para todos nós.
2. A falta de imparcialidade e rigor da comunicação social na
cobertura das ações e iniciativas políticas do presidente Donald Trump ficou
uma vez mais cabalmente demonstrada no último fim de semana: após uma
entrevista televisiva do presidente dos EUA ao programa “Face The Nation” da
CBS, lançou-se o alerta geral na Europa. Razão: Donald Trump colocou a União
Europeia no lugar cimeiro dos inimigos (foi esta a expressão difundida nos média
europeus), antes da Rússia e da China. Ora aí está: eis a prova de que Trump
tem um conluio com a Rússia, que encenou uma confrontação fantasiosa com a
China para ganhos pessoais e pretende, no seu íntimo, destruir a União Europeia
– tal foi a interpretação da quase totalidade dos jornalistas e comentadores
políticos. Pois bem, esta narrativa que criaram é estimulante, tem contornos de
romance de espionagem, sofrendo apenas de um pequeno, conquanto crucial, vício:
o seu desfasamento face à realidade.
3. A realidade é, de facto, sempre bem mais fastidiosa, mais
complexa e intelectualmente mais exigente que a mera invenção de teorias da
conspiração para descredibilizar um presidente norte-americano em exercício de
funções: não esqueçamos que Donald Trump derrotou também a maioria dos órgãos de
comunicação social, que alinharam expressamente com Hillary Clinton. E estes
não lhe perdoam (nem a Donald Trump, nem à maioria do povo norte-americano) o
feito de questionar a sua hegemonia na formação e condicionamento da opinião
pública. Não tenhamos dúvidas: hoje, o poder dominante é o poder mediático.
Noutros tempos, só passava nos média aquilo que sucedia na política;
atualmente, só passa na política aquilo que passa nos média. Já o havíamos
demonstrado no nosso livro “O Dia D – o Dia de The Donald”, que versa sobre a
eleição do presidente dos EUA.
4. Sabendo da desonestidade intelectual dos jornalistas europeus (e
dos portugueses, por contágio: a maioria dos jornalistas portugueses abdicaram
da sua autonomia e liberdade para se limitarem a reproduzir o que os
jornalistas estrangeiros escrevem), fomos ver as declarações do presidente
Donald Trump na íntegra. E confirmámos as nossas suspeitas: na verdade, Donald
Trump não se referiu à União Europeia como um inimigo, equiparando-a, moral e
estrategicamente, à Rússia e à China. O que verdadeiramente sucedeu foi que o
presidente dos EUA – respondendo a uma questão sobre quem é o verdadeiro
adversário da nação americana – afirmou que não há propriamente um adversário;
há vários Estados que têm interesses divergentes (e, logo, competitivos) com os
EUA. Neste contexto, se a Rússia disputa com os EUA interesses de ordem
geoestratégica, a União Europeia é, presentemente, uma adversária comercial da
nação norte-americana: daí que seja necessário forçar a revisão das barreiras
ao comércio existentes à entrada de produtos dos EUA no espaço europeu,
retificando o desequilíbrio comercial que os americanos correntemente registam.
5. Qual é a novidade desta declaração? Nenhuma – é uma constatação
que tem um largo acolhimento quer na sociedade, quer nos políticos americanos,
desde os democratas muito à esquerda até aos republicanos mais à direita. Qual
é o choque desta asseveração de Donald Trump? Para as elites europeias, deve
ser muito – é que estas há muito que desprezam a realidade, preferindo viver
num mundo fantasioso que elas próprias criam. A reter: Donald Trump disse
tão--somente que a União Europeia é uma rival comercial dos EUA, realçando que
a dinâmica das relações internacionais do tempo presente é incompatível com a
redução da política externa de um país à resposta às ameaças de um Estado em
concreto. A lógica bipolar da Guerra Fria terminou: o mundo pós-unipolar em que
vivemos produziu como sua consequência uma generalização das alianças e das
amizades – que, por seu turno, conduziu a uma diluição dos interesses
adversariais dos Estados. Anteriormente vivíamos numa época de generalização do
conflito, com setorialização das alianças (e aproximações de várias índoles);
presentemente vivemos numa época de generalização das alianças, com
setorialização dos conflitos e dissensos.
6. Por conseguinte, dizer-se que os EUA e a UE são concorrentes
comerciais não é mais do que constatar a evidência. Aliás, não deixa de ser
curioso que a mesma UE que se mostra tão indignada com a declaração
(reconhecendo a evidência) do presidente Donald Trump seja a mesma UE que
mostrou resistências várias à aprovação do TTIP de Obama – com a tão tolerante
e democrata França à cabeça… Razão tem, pois, Donald Tusk quando, em reação ao frenesim
criado em torno da entrevista de Donald Trump, escreveu que quem disser que os
EUA e a UE não são aliados estará apenas a difundir fake news. Pois bem,
finalmente reconheceu que os média europeus tradicionais – ao
descontextualizarem por completo as afirmações do presidente Trump – estão
apenas a difundir notícias mentirosas… foi uma bonita e importante defesa do
presidente norte-americano feita pelo presidente do Conselho Europeu.
7. Mais estranho (ainda) é a completa omissão por parte da
comunicação social portuguesa (e europeia em geral) sobre um problema candente
e que, a prazo, poderá ter implicações graves para a segurança europeia e
internacional: o jogo duplo que a Alemanha faz com a Rússia. Numerosos
políticos alemães de relevo tornam--se, após a cessação do exercício das
respetivas funções públicas, lobistas profissionais de empresas energéticas
russas. Voltaremos a esta matéria. Já no que respeita à visita de Donald Trump
ao Reino Unido, deixemos aqui duas brevíssimas notas: 1) Theresa May divulgou
que Donald Trump terá sugerido uma ação judicial contra a UE, na sequência do
Brexit, como retaliação pelo facto de Trump ser amigo de Boris Johnson (e não
ter escondido esse seu estado de alma); 2) aí sucedeu o facto verdadeiramente
importante para a nossa comunicação social: o balãozinho com a figura de Donald
Trump com uma fralda, insinuando que o presidente dos EUA não passa de um bebé.
Até a voz mais sábia de Portugal, esse arauto da sabedoria que é José Pacheco
Pereira, considerou o balão uma “manifestação de protesto genial” (?!). Estamos
a falar de um boneco com uma fralda! Se fosse o António Costa em fralda, em
forma gigante, numa manifestação contra a geringonça em Torres Vedras, Pacheco
Pereira diria que tudo não passaria de uma manifestação popularucha, folclórica
e foleira de gente radical, ligada à direita radical que feriu a matriz do PSD!
Ah, e financiada pelos grandes escritórios de advogados, o grande capital e os
abutres que querem destruir o equilíbrio das relações de trabalho! Mudam-se as
conveniências, mudam-se os discursos – é assim que Pacheco Pereira (e outros
como ele) sobrevive há quarenta anos no espaço político-comunicacional
português…
8. Sobre o balão, aliás, o seu maior admirador é o presidente
Donald Trump (que, sabemos, terá achado piada à “criação artística”). Isto
porque, para efeitos políticos internos americanos, reforça a sua popularidade
– a qual continua a subir em todas as sondagens, graças aos resultados que a
sua administração tem alcançado em várias frentes. O melhor favor que lhe podem
fazer, aqui na Europa, é, portanto, continuarem o trabalho de ridicularização
de Trump, assumindo-o como um produto tipicamente americano. Como cantaria a
Romana, esse nome maior da cultura pop portuguesa e certamente uma das referências
do Ephemera na Marmeleira, continuem a chamar ao presidente Trump bebé… e
depois vejam os índices de aprovação do presidente dos EUA. Aí, por favor, não
chorem assim como um bebé… com uma fralda, claro.
Título e Texto: João Lemos Esteves, jornal “i”,
17-7-2018
O que este Editor mais admira em Donald Trump é o FATO de ele não se deixar pautar! Noutras palavras, foda-se a CNN e o C... a quatro! Ele não faz o que a CNN acha que deveria fazer (de modo a ter uma boa imprensa e, até, ganhar um Prêmio Nobel da Paz!)
Que o "elefante" tenha uma longa vida!
Quem sabe?, graças a ele, sairemos das trevas marxistas que escureceram (e diminuiram) o Ocidente durante parte do século XXIX e TODO o século XX!
Antes da pergunta da bonita leitora, no assento 27A, sim, todo o século XX! Me aponte alguém (filósofo, político, idiota, ator calhiassiano) que tenha, por um segundo sequer, questionado a 'unanimidade' desse calhorda político que foi Sartre.
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Tenho cuidado de não criticar muito o Trump , pois sei que respeitávéis figuras aqui o admiram.
ResponderExcluirMas desta vez, com licença...mas é um pandego!
Hoje veio se desculpar pelo que disse ,que não devia ter dito ,dizendo que não disse , e que a mídia não entendeu o que ele queria dizer!
Não é a toa que o "de fraldas" já arrecadou em tempo recorde financiamento para viajar por toda a America.
Este teria sucesso no show business ,fazendo stand up.
Mas na politica ! Sorry ,só perde para o Lula!
Paizote
Well, senti grande frustração não poder me incluir nas “figuras respeitáveis” que prestigiam, com a participação, esta revista, pois não admiro Donald Trump. No entanto, enquanto perdurar a aliança esquerdista-islamo-‘democrata’-mídia militante (não de jornalistas) CONTRA Donald Trump, não importando o que ele faça, ou deixe de fazer, ele pode contar com o meu apoio!
ExcluirEnquanto esta aliança (tem mais gente!) nos empurrar mesas-redondas que “analisam”, esculhambando-o, o que Trump disse, não disse, deveria dizer...
enquanto a economia norte-americana parece (disse parece, pois não consigo confirmar, não sai em lugar nenhum) atravessar um ótimo momento, bom para os EUA e seus habitantes;
enquanto na Nicarágua o pau come e pessoas morrem por determinação do seu esquerdista governante;
enquanto um candidato a presidente do Brasil (este, sim, um real perigo para as instituições) insultar um Procurador (ou Procuradora, tanto faz) de filho da puta;
enquanto um homem preso e condenado por corrupção afirmar faceiramente (e safadamente, como lhe foi sempre peculiar) que valentes são as mulheres de “grelo duro” que o apoiam, e continuar contando e beneficiando de uma rede de “figuras respeitáveis” que, a serviço de uma ideologia, enchem o saco do Brasil e dos brasileiros tentando nos convencer que essa figura ainda tem algum préstimo;
enquanto essa gente, a que chamo de ‘aliança’, transformar uma pessoa embriagada que constrange um candidato – que não é o dela – em legítima manifestante;
enquanto essa gente, concluo, não “perder tempo” com a economia norte-americana, silenciar sobre o que Ortega realiza na Nicarágua (não esquecer Maduro), tratar um desequilibrado e, sim, um machista agressivo (a mídia não nos lembra do que ele afirmou numa campanha presidencial quando ele era casado com Patrícia Pilar), como um candidato palatável e Bolsonaro não...
e tentar, irracionalmente (como sói acontecer com a dialética marxista-leninista) nos convencer de que Donald Trump é O pândego - menor dos qualificativos desqualificadores...
Donald Trump pode contar com o meu apoio.
Ah, e Jair Bolsonaro também.
Caro Jim , vc faz sim parte das pessoas respeitáveis!
ExcluirE com isto , sim , reconheço que vc merece o respeito que tem das pessoas que aqui frequentam!
Porém lamento não poder dizer o mesmo de Trump!
É apenas um politico no cenário mundial, a mais e no mesmo nível dos esquerdistas que vc citou.
Muda a pseudo ideologia, mas na essência são iguais!
Basta ver sua biografia e constatar que os interesses pessoais jamais respeitaram quem quer que seja em nome do lucro.
E nisto conseguiu superar seu pai (dele!),ficou milionário com negócios no mínimo duvidosos. (até eu ficaria milionário se conseguisse isenções por 40 anos de taxas e conseguisse que fosse "tirado" dos serviços de atendimento prestados a população pobre de NY ,160 milhões de dólares , para investir em causa própria.
E nem interessa se os advogados dele conseguiram provar na justiça que era uma operação legal , que qualquer outro poderia fazer e que apenas o " tino comercial" de Trump , viu antes esta oportunidade.
Eu já manifestei aqui, que nem me interessa se o cara é de direita ou esquerda , e sim se é do bem ou do mal.
Basta ver que os próprios islamitas ,apesar de condenados , comungam em muito com os de direita nas suas filosofias, mas agem mais como esquerdistas na pratica. Portanto um cara arrogante ( é sorry, pândego!), como é o perfil do presidente americano ,jamais gozaria de minha simpatia.
Mesmo que distribuísse ao povo de seu país ouro liquido!
Já Bolsonaro , ainda não disse a que veio !
Mantenho minhas reservas.
Como tenho para mim que basta entrar na política e todos se corrompem .
Não há como evitar!
Não apoio nenhum dos pre-candidatos que se apresentam para as próximas eleições no Brasil.
Meu voto é nulo, e disto me orgulho!
Perdão se é difícil aceitar ou entender!
Nem direita nem esquerda ,procuro um candidato confiável.
Um homem do bem!
Sem falsas ideologias , destas que se movem ao sabor das marés.
Então é isto , meu caro, e respeitável Jim .
Abraços fraternos!
Paizote
Seja o que Donald Trump responder:
ResponderExcluir"WTH is Trump supposed to say ?
Responding to a crybaby snot MSM "reporter" about whether Russia is still targeting us ?
It's a setup question. Any answer he provides is going to be misconstrued.
The MSM is SO OBSESSED with the literal words out of Trump's mouth vs his actual actions on Russia.
It's embarrassing.
I give Trump a LOT of points for not caving to these little cockroaches.
SimplyZen