Toda unanimidade é burra –
Nelson Rodrigues
O que faz andar o barco não é a vela enfunada, mas o vento que
não se vê – Platão
Todo o dia dou uma espiada nas
manchetes internacionais das principais revistas e jornais brasileiros. Há
sempre umas quatro a cinco notícias sobre o governo Trump. Batata! Todas
desfavoráveis. As saudades, por aí, do “grande e histórico estadista” Obama são
imensas. Isso explica muita coisa... Mas deixemos esse assunto por aqui que o
nosso prato de resistência hoje é muro.
O mundo tem vários muros. O
mais emblemático foi o muro de Berlim. Separava Berlim Ocidental de Berlim Oriental,
esta sob comando comunista. Constrangeu a esquerda. Não havia como explicar porque
a classe trabalhadora fugia do paraíso socialista para o inferno capitalista.
Mas, depois e aos poucos, a esquerda foi olhando para o lado como a fingir que
não via seu próprio fracasso. Quem tem menos de quarenta anos praticamente não
sabe o que foi isso. Pulemos esse muro por enquanto, que a ele voltaremos mais
tarde. Não sejamos apressados.
Quem não quer sair de país
miserável, ou pobre, ou de renda média, para ir para um país em que um pobre,
com ele comparado, está bem de vida? Para barrar ilegais, o que é legítimo a
qualquer país, acredito que seria mais efetivo a edição de norma que o impeça
de conseguir trabalho. Também, para meu gosto estético, não consigo ver, com
bons olhos, um muro entre os Estados Unidos e o México, embora muro entre
países não seja uma novidade, por sinal uma novidade que funciona. Quando trato
do tema, sempre me perguntam se existem. Pesquisei bem o assunto para edificar
uma posição e posso dizer que existem, sim. Vamos ver?
Esqueçamos a Grande Muralha da
China, muro considerado uma das sete maravilhas da antiguidade, feito quase que
com o mesmo propósito do de Trump.
Recentemente, li dois artigos
muitos bons sobre o tema. Um, intitulado “Turning
Trump´s Wall Rhetoric into Reality (Tansformando em realidade a retórica do
muro), escrito por Brendan Kirby; o outro, “The
Places where Walls Work (Lugares onde muros funcionam), de Michael Rubin.
1) Muro separando Israel-West Bank. Na época foi um deus-nos-acuda.
Como sabemos, tudo que Israel faz soa, para a imprensa brasileira, pior do que
as promessas de Trump. O fato é que as pessoas dessa perigosa área passam por
áreas de controle. Isso fez cair em mais de noventa por cento os atentados
contra o povo israelense, dantes corriqueiros. Nesse ponto, foi uma solução,
salva vidas e traz tranquilidade à população.
2) O muro Marrocos-Argélia, com extensão de 1.700 milhas (cerca de
2.600 quilômetros), que paralisou os ataques terroristas da Frente Polisário
contra o Marrocos.
3) Muro feito na ilha de Chipre, sob as bênçãos da ONU, separando
as populações grega e turca, para evitar os choques armados entre as duas
etnias.
4) Muro entre Índia e Paquistão, que parou as incursões de
terroristas paquistaneses.
5) O muro Turquia-Síria, complementado por campos minados, evita
incursões do movimento separatista curdo PKK em território turco.
6) Índia-Bangladesh, extenso e também efetivo.
Há também muro entre a Arábia
Saudita e o Iêmen. Está sendo construído também um na Hungria.
E “o muro de Trump”? De onde
ele tirou essa ideia? Essa ideia ele tirou de muro já existente, de 650 milhas
de extensão (cerca de mil quilômetros). Onde? Justamente em partes da fronteira
dos Estados Unidos com México. E adivinhem em que governo esse muro começou a
ser construído... No governo de Bill Clinton, marido de Hillary que,
sonsamente, atacava o projeto de Trump, inspirado naquilo que o marido dela
começou.
É, amigo, a política tem
dessas coisas... Mas aí vem a pergunta: tem funcionado, tem evitado a
infiltração de imigrantes ilegais? Nas áreas por ele abrangidas (Imperial
Beach, Chula, Vistas, etc.), a detenção de ilegais caiu, comparados os anos
1992-2004, respectivamente de 202.173, 158.952 e 204.456 para 9.112, 9.923 e
119.293. Não é à toa que as autoridades de fronteira, majoritariamente, apoiaram
e apoiam Trump.
E o México, qual o papel do
México nisso tudo? O México está como o Brasil: crime e tráfico de drogas sem
nenhum controle. Os cartéis das drogas são dominantes. De lá vem o grosso da
droga que entra nos Estados Unidos. O governo mexicano faz vista grossa e não
impede a verdadeira corrente de imigrantes que de lá parte ou atravessa o seu
território vindo de outros países.
O muro é uma solução? Não sei,
o futuro dirá. Mas, tenho dito, vejo com reservas, principalmente a conversa de
Trump de que os mexicanos pagarão. Não acredito que o governo mexicano bata um
cheque para pagar. Poderá pagar por formas indiretas. Não nos esqueçamos de que
oitenta por cento das exportações do México são feitas para os Estados Unidos.
O fato é que não gosto da forma como o Trump aborda o assunto. Acho que deveria
ser mais sutil, mais diplomático. Preço que paga por não ser político de
carreira.
Esse é o muro do Trump. Dito
isso, mudemos de tema.
Os Estados Unidos e todo país
que se respeite sempre acolheram pessoas que vivem em estados ditatoriais,
principalmente em estados totalitários. Há diferenças importantes entre
ditadura e totalitarismo, mas não é o momento para discutir o tema, fica para
outra oportunidade.
Assim, as pessoas que sofrem
sob o totalitarismo cubano, sob os auspícios dessa maravilha chamada castrismo e
seus filhotes políticos bastardos, sempre foram acolhidos pela asa da águia
americana. Já disse em outros textos que o voto do desespero é o voto com os
pés. Se não há mais solução, principalmente se não há liberdade de mudar pelo
voto, as pessoas dão no pé. Vão para outro país em busca da liberdade e da
dignidade que não encontram no seu.
Esteve em vigor, por décadas,
norma conhecida como “wet feet” (pés
molhados) e “dry feet” (pés secos)
para a proteção somente de cidadãos cubanos, os únicos da América Latina
sujeitos a um terrível regime totalitário, somente aplaudido por aqueles que,
sem nenhuma coerência, jamais tentaram ir viver em Cuba.
Pois bem, essa norma
assegurava aos cubanos asilo automático nos Estados Unidos, quando, vindos por
mar (wet feet) ou por terra (dry feet), pisassem o solo americano. Há
mais de um ano, dos médicos que faziam parte dessa leva que Fidel mandou para a
América Latina, 2.700 já estavam asilados aqui. E, vejam bem, aqui só poderão
exercer a medicina se forem estudar de novo. Atentem bem, em Cuba eram médicos,
aqui assim não são considerados, mas preferem aqui viver.
No coração ou na mente de
qualquer cubano sempre passou ou passa a ideia de fugir para os Estados Unidos.
Dezenas de milhares já morreram tentando. Se houver céu, inferno e justiça
divina, Fidel responderá por essas vidas e será endereçado para o lugar certo,
na possível outra vida que está vivendo, ou melhor, penando.
Pois bem, nas últimas horas do
encerramento do seu mandato, o querido, o queridíssimo Obama dos brasileiros,
deu duas punhaladas: uma nas costas de Israel, insuflando uma resolução da ONU;
a outra, mais que certeira, nas costas ou, melhor dizendo, no coração, no sonho
de liberdade do sofrido povo cubano. Revogou a regra do wet feet/dry feet. Uma ignomínia. Perguntado por que fizera isso,
respondeu que não era possível somente o povo cubano ter esse “privilégio”.
Assim, sua obra final em favor do castrismo foi acabar com toda e qualquer
esperança do povo cubano, deixando-o à sanha de um regime totalitário, sob o
silêncio obsequioso da esquerda, da imprensa e de todos os que deblateram
contra o muro do Trump. Dois pesos e duas medidas (double standard).
Com essa solerte medida, ou
melhor, desmedida, construiu um muro invisível para encarcerar as legítimas
esperanças de todo um povo vítima do totalitarismo.
O Muro de Obama, como o Muro
de Berlim, foi construído por mãos de carcereiro, foi construído para apagar aquela
chama tão bem simbolizada na entrada do porto de Nova Iorque, empunhada pela
Estátua da Liberdade.
O que causará opressão não é o
muro visível do Trump, mas o muro invisível do Obama.
Título e Texto: Pedro Frederico Caldas, Aventura, E.U.A.
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