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“Finis gloriae mundi”, óleo de
Juan de Valdés Leal, 1672, Hospital da Caridade, Sevilha, Espanha
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Se nada muda de repente, muito menos a
maneira de ser de uma sociedade, fatos que vêm acontecendo em nosso país provam
que, de fato, a glória do mundo passa.
Afinal, quem podia imaginar
que haveria o impeachment de Dilma Rousseff? Mais espantoso ainda, a prisão de
Lula da Silva? Quem se arriscaria na recente campanha eleitoral acreditar que o
preposto do presidiário perderia a eleição presidencial para Jair Messias
Bolsonaro, um candidato sem dinheiro, sem TV, sem coligações, ancorado por um
partido minúsculo, esfaqueado por um assassino de aluguel que quase deu cabo de
sua vida?
Durante a campanha analistas
políticos faziam pose de intelectual, cara de inteligente e sentenciavam que
não haveria a menor chance de Bolsonaro ganhar. Jornalistas se multiplicavam na
mídia e confirmavam: ele não ganha. Pesquisas que bateram recordes de erros
mostravam resultados nos quais Bolsonaro perderia de todos os candidatos se
conseguisse chegar ao segundo turno.
Além disso, todos os
candidatos combatiam o adversário do PSL. Um deles, Geraldo Alckmin (PSDB), que
tinha mais recursos financeiros, mais coligações, mais tempo de TV, discursava:
votem em mim porque se Bolsonaro chegar ao segundo turno com o PT este partido
vai ganhar.
Alckmin parecia esquecido de
sua campanha anterior na qual, ajoelhado aos pés do PT que duramente o
hostilizava, perdeu para o ídolo dos tucanos, Lula da Silva.
Nem os analistas nem a mídia
se deram conta de que existiu nessa eleição o que chamei de Quinto Poder, ou
seja, as redes sociais. Assim, a despeito dos enfatuados palpiteiros, Bolsonaro
foi eleito com quase 58 milhões de votos. A glória do mundo estava passando
para muitos, principalmente para o ex-poderoso e atual presidiário, Lula da
Silva, que arrastava consigo seu partido para a inglória derrota.
Inconformada, querendo moldar
a realidade a suas ânsias de poder, uma oposição encarniçada continuou a se
abater sobre o vitorioso no período de transição. Cobrava-se dele a reforma da
Previdência, algo que nenhum governo anterior fez. Ridicularizava-se os
desencontros da equipe, situação normal de ajuste e também existente com outros
eleitos que foram respeitosamente poupados. Nem a posse escapou do
inconformismo dos vencidos. Houve desdém de alguns diante do brilhantismo da
primeira-dama, Michelle, que discursou no parlatório usando a linguagem de
libras para o delírio da multidão que aplaudiu entusiasticamente.
Uma vez empossado, a oposição
raivosa parece dizer ao presidente: “você tem o direito de ficar calado porque
tudo que disser poderá ser usado contra você”. E assim tem sido. Nada que o
presidente Bolsonaro diga ou faça é aceito pela mídia e os autointitulados
progressistas, que melhor seriam chamados de regressistas.
Mesmo a cirurgia, complicada e
dolorosa, consequência da facada, não escapou ao ódio. Como representante da
esquerda um deputado do PSOL, mesmo partido do matador de aluguel, avisou que
Bolsonaro estava morrendo. Sem dúvida, um agouro que ele expressava pelos
companheiros, mas que felizmente não passou de mentira.
Todavia, as mudanças seguem
seu curso e coisas antes inimagináveis continuam ocorrendo. Vejamos algumas bem
marcantes:
O poderoso senador Renan
Calheiros não conseguiu se reeleger presidente do Senado, mesmo com ajuda do
presidente do STF, Dias Toffoli, que destoando da tradicional demora em julgar
da entidade suprema da Justiça, em plena madrugada ordenou ao Senado que a
eleição fosse por voto secreto, conforme a Constituição nem sempre seguida pelos
mais altos magistrados.
Não funcionou. O senador vai
incomodar, mas como escreveu o jornalista Josias, “Renan agora está numa caixa
de fósforo”. Comanda o Senado e, portanto, o Congresso, Davi Alcolumbre. A
Câmara é presidida por Rodrigo Maia. Ponto para o presidente Bolsonaro.
Lula da Silva é condenado
novamente na Lava Jato a mais doze anos e onze meses de prisão por corrupção
ativa, passiva e lavagem de dinheiro na ação que investigou a reforma do sítio
Santa Bárbara em Atibaia. E esse é só o segundo de outros processos.
“Uma investigação da Receita
Federal que aponta suspeita de ‘corrupção, lavagem de dinheiro, ocultação de
patrimônio ou tráfico de influência’ do ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF) Gilmar Mendes será alvo da Corregedoria do Fisco. O procedimento aberto
no ano passado, também investiga a advogada Guiomar Feitosa, mulher do
ministro”. (O Estado de S. Paulo – A10, 9/2/2019).
O ministro Gilmar Mendes tem
se notabilizado em soltar bandidos que os juízes prendem. Naturalmente, ele já começou
a se defender e disse que “a Receita Federal” não pode virar uma Gestapo.
Entretanto, o Supremo, antes
um Poder respeitado, atualmente tem sofrido repúdio da sociedade por suas ações
e omissões.
Tudo isso faz lembrar que sic transit gloria mundi, a glória do
mundo passa. Afinal, impermanência é a marca de quem vive e os pêndulos da
existência oscilam sempre para cima e para baixo
Título e Texto: Maria Lucia Victor Barbosa, socióloga,
10-2-2019
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