Agência Senado
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Sede do Banco Central do
Brasil, em Brasília, foto: Rodrigo Oliveira/Caixa Econômica Federal
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Uma das medidas propostas pelo
presidente da República, Jair Bolsonaro, nesta quinta-feira (11), para marcar
os 100 primeiros dias do seu governo, foi um projeto de lei complementar que
garante a autonomia do Banco Central. O texto ainda não foi remetido para o
Congresso. No entanto, o tema já é assunto de debates e projetos no Senado
Federal desde 1991.
A versão mais recente do
assunto está no PLP 19/2019, do senador Plínio Valério (PSDB-AM). O texto prevê mandatos fixos
de quatro anos para o presidente e os diretores do Banco Central, com a
possibilidade de até uma recondução. Os mandatos se iniciam no segundo semestre
do segundo ano de cada governo, de modo que a gestão do BC fique desvinculada
do mandato presidencial.
Pela proposta, a destituição
antecipada de membros da diretoria do BC precisará ter autorização do Senado,
por meio de votação secreta em Plenário. Trata-se do mesmo procedimento que já
é adotado para a indicação do presidente da instituição.
Valério explica, na sua
justificativa para o projeto, que a atual relação que existe entre o Banco
Central e o Poder Executivo deixa a condução econômica vulnerável a guinadas políticas.
“O governo pode ser tentado a
promover um maior crescimento de curto prazo, criando pressões inflacionárias,
em períodos pré-eleitorais, de modo a influenciar os resultados das eleições. A
autonomia formal do Banco Central impede essas pressões e dá maior
credibilidade à política monetária”, escreve o senador.
.
O PLP 19/2019 foi apresentado
no início de fevereiro, poucas semanas antes da sabatina do atual comandante do
Banco Central, Roberto Campos Neto. O presidente do BC abordou o assunto na sua
exposição, manifestando-se a favor desse passo. Para ele, a autonomia
operacional do BC protegeria a instituição de ingerência política e permitiria
que ela cumprisse as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional
(CMN).
— Se existe um risco, em algum
momento, de o Banco Central não seguir a sua missão, obviamente, quem está
olhando para aquele risco vai colocar no preço a probabilidade de uma ruptura.
Hoje o Brasil é uma 'jabuticaba', porque nós temos um sistema de meta que é
comparável com os de outros países, mas não temos a independência — afirmou.
Outros nove projetos já foram
apresentados no Senado sugerindo a autonomia do Banco Central, com mandatos
fixos para sua cúpula. O primeiro deles veio em 1991. Sete das iniciativas
foram projetos de lei complementar e as outras duas foram propostas de emendas
à Constituição. Todas elas foram arquivadas, porém.
O projeto de lei do governo
federal iniciará sua tramitação pela Câmara dos Deputados, onde também existe
uma discussão antiga sobre o tema da independência do Banco Central. Um projeto
de autoria do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, apresentado no início de seu
primeiro mandato como parlamentar, tramita desde 2003.
O PLP 32/2003, de Rodrigo Maia, no entanto, possui uma diferença crucial em
relação aos projetos que já passaram pelo Senado: ele não prevê a necessidade
de consulta ao Congresso para destituição do presidente ou dos diretores do
Banco Central. A exoneração continua sendo de livre iniciativa do presidente da
República, desde que se observe “desempenho insuficiente”. Apesar disso, o
texto também estipula mandato de duração fixa (quatro anos) e sem sincronia com
o mandato presidencial.
O ministro-chefe da Casa
Civil, Onyx Lorenzoni, antecipou que o projeto do governo pode apresentar
semelhanças com o projeto de Rodrigo Maia, e os textos podem ser combinados
para garantir uma tramitação mais rápida. Para isso, será necessário
desarquivar o PLP 32/2003, que se encontra engavetado.
A proposta do governo deve
prever, também, o fim do status de ministro para o presidente do Banco Central,
que existe desde 2004. Nenhum dos projetos da Câmara ou do Senado tocam nesse
aspecto, porque a criação e extinção de ministérios é uma atribuição privativa
do Poder Executivo.
Título e Texto: Agência Senado, 11-4-2019
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