Ele, o cidadão Zé Palitinho,
ou o Zé Magrelo, hoje em dia, nunca anda só. Não que tenha medo. Jamais! Sempre
em turminha, gosta de aprontar acendendo grandes fogueiras. Acondicionado em
pequenas casinhas (dessas que, quando um entra o outro necessita ficar do lado
de fora), divide o espaço numa multiplicação desenfreada, ao contrário dos
anões da Cinderela. Os anões da Cinderela, conforme nos relata a história, são
em número de sete. Apesar de pequeno e chupado, raquítico e miúdo, possui
quarenta irmãos.
Embora não tenha estudado
muito, é um perfeito metaloide combustível. Na obscuridade se torna luminoso e
incandescente. Em contato com o ar, produz uma chama azulada. Os primeiros da
sua família de pintores de rodapés semelhavam aos gasguitos que, desde sempre
passaram a fazer parte do nosso dia a dia.
Num primeiro momento
espalharam que o pai de Zé Magrelo era de nacionalidade francesa e tinha como
nome de batismo, Chanel. Todavia, coube ao mercador e alquimista alemão Henning
Brand, ir ao cartório e registrar o rebento. Brand descobriu seu pequeno filho
em 1669, quando brincava de beliscar a bundinha quase sem carne de sua mulher
Catarina. Nessas beliscadas, descobriu que fazendo sexo tipo canguru perneta,
destilou em sua fogosa esposa, ou melhor, esporrou nela uma mistura de ureia e
areia, enquanto revirava os olhinhos em busca da pedra fundamental.
Nessas estocadas, ao vaporizar
a ureia com seus espermatozoides obteve um material branco que brilhava no
escuro e ardia como uma chama brilhante. O tal do Chanel meio retrógrado,
apagava suas mágoas colocando a “cabeça” num frasco contendo ácido. Ao
contrário de Brand, esperto e vivaldino, manteve tudo no mais completo segredo.
Quando Zé Palitinho alcançou
oito anos, apresentou seu filho aos amigos o que, de supetão, virou notícia em
Hamburgo. Para driblar dificuldades financeiras, Brand deu seu primogênito para
ser batizado por um sujeito “pica grossa”, cheio do dinheiro, o também alemão
Johann Daniel Kraft, que, de primeira, deu um “kraft” no amigo, passando-lhe a
perna e se tornando seu mentor intelectual.
Corria o ano de 1675. Dois
anos depois, Johann por mediação de Gottfriedd Leibiniz, um pilantra nos moldes
de Michel Temer, fechou um negócio fabuloso e trocou, por debaixo dos panos, a
paternidade do garoto em barganha de um salário fixo enquanto vivo fosse.
Nesta babel, o Zé Palitinho,
foi estudando e, em linha paralela, estudado as escondidas, até chegar aos
cuidados de J. E. Lundström, que lhe deu em 1866 a forma semelhante à de um
rapaz bem-educado, inteligente e deveras apessoado. Trocado tudo isto em
miúdos, Zé Palitinho ou Zé Magrelo se tornou o nosso querido e prestimoso ZÉ
PALITO DE FÓSFORO.
E como fósforo adulto, devemos
dizer que só em São Paulo existem doze fabricantes que, juntos, produzem doze
bilhões de caixinhas, por ano. As marcas mais conhecidas, Fiat-Luz, Argos,
Universal, Luminar, Alves & Reis, Andrade Latorre, Dois Anões (fósforos de
cores variadas), Comercial de Fósforos e Cia Brasileira de Fósforos, estão a
todo vapor. Em 2016, o Brasil ocupava o sexto lugar, no mundo, em reservas de
fósforos, com um total aproximado de 800 milhões de toneladas.
Os cinco primeiros países,
pela ordem decrescente, são: Estados Unidos da América do Norte, União
Soviética, Tunísia, Argélia e Marrocos. Um fato interessantíssimo. Cálculos
feitos por vários matemáticos renomados, demostram que o corpo humano contém
fósforo suficiente para fabricar 4.000 palitos. Em contrapartida, o fosforo é
essencial para a vida dos animais e vegetais. Seu símbolo é “P”, seu peso
específico, 1.82. O peso atômico 30,975. Por conseguinte, o número atômico, 15.
Um derradeiro comentário, para
finalizar. Embora Zé Palitinho seja brasileiro nato, seu nome vem do velho
berço grego, da estirpe dos “phosphoros”.
Dissecando os elementos, chegamos a seguinte conclusão: “phos”,
“photos”, significa “luz, lume”. Já “photos”, nos remete a “portador”. Nesse
contesto, a etimologia juntando um e outro, ou outra e um, concluímos que os
dois acabaram se fundindo em “portador da luz”. Fim de papo. Até mais ver,
caríssimas amigas. Fiquem na paz!
Título e Texto: Carina Bratt, de Porto Alegre, RS.
21-4-2019
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