Carina Bratt
As desigualdades fundamentais
entre estas duas profissões que trarei à baila, são simples, porém, distintas.
Uma trocada por um amontoado de estrume ou esterco, nós, cidadãs de bem,
sairemos no prejuízo. O outro ofício, ao contrário, é sério, honesto e aprumado
e deve (ou deveria) ser levado em alto grau de consideração. Vamos a elas. Faço
referência à figura sórdida do POLÍTICO e a abalização nobre e ética, apurada e
impecável do ESCAFANDRISTA. Político é aquele profissional da política, lógico,
que não faz nada pelo povo. É um incompetente.
Político é ainda aquele verme
peçonhento que rouba descaradamente da nação. Político é aquela larva asquerosa
e repulsiva que tem foro privilegiado, mora às nossas custas, sobrevive às
nossas expensas e ainda, de lambuja e por debaixo dos panos (e agora, com as
leis inexistentes e favoráveis pendentes a seus desmandes), mete a mão grande
na nossa grana, em nome de uma parceria, onde só ele se beneficia. Se
tivéssemos num país sério, esses crápulas deveriam ser cortados em pedacinhos,
como porcos depois de abatidos.
Diferente do Escafandrista.
Escafandrista é aquele profissional do ESCAFANDRO, lógico, ou aquela criatura
que desce às profundezas das águas revoltas e insondáveis, para ver se os
nossos peixinhos e demais moradores dos sete mares estão todos em gozo de boa
saúde ou se precisam, por exemplo, de uma nova especialidade médica ainda não
existente e disponível no SUM, ou (Sistema Único do Mar).
Enquanto nosso político afana
com os as mãos e os dedinhos afiados, o escafandrista explora o leito oculto
dos oceanos, em busca de navios naufragados, cargas valiosas ao tempo em que
penetra em uma série de estudos valiosos para a sobrevivência da vida marítima.
Da vida marítima, amigas e leitoras, depende “ad perpetuam rei memoriam” e
efluirá ou decorrerá a manutenção ou a continuidade da espécie humana, em
termos de futuro próximo.
O nosso político se veste bem.
Usa camisas importadas e gravatas da moda. Em seu guarda-roupa existem centenas
de terninhos de grife e sapatos de marcas famosas. O escafandrista não precisa
de nada disso. Nem passa pela sua cabeça carro com gasolina e motorista
particular. Tampouco segurança vinte e quatro horas. O que o difere do pilantra
e picareta de carteirinha é a sua dupla vida, ou seja, a sua anfibiedade. O que
venha a ser isso?! Anfibiedade, caríssimas, vem de anfíbio, ou de forma mais
ampla, o escafandrista, por usar o escafandro, tem dupla vida.
Vida dupla no bom sentido,
dupla função. Entendam, por favor, o que estou dizendo. Vida Dupla ou dupla
vida, ou dupla função, não como os abutres das latrinas
congresso-versus-câmara. Vida dupla, dupla vida, dupla função, por viver este
personagem literalmente na terra e no mar. Vestido a rigor, ou metido, grosso
modo, num escafandro. O escafandro, em rápida explanação, é uma indumentária
especial. Uma armadura marítima confeccionada de borracha cobrindo o corpo, dos
pés ao pescoço, notadamente os punhos, que são igualmente lacrados.
Permite, todavia, o
escafandro, apesar de todo fechado, igual sardinhas em latas de sardinhas
convivendo em espaço confinado, que as mãos fiquem livres. Na cabeça há um
capacete de cobre, com duas ou mais aberturas envidraçadas. Sem limpador de
para-brisas, verdade seja dita. No mesmo capelo, existe disponível uma válvula,
de onde parte um tubo, e, pelo qual, o ar é impelido por uma bomba. A maior
profundidade, até hoje, alcançada, por um profissional dessa área, foi de
duzentos metros.
Entretanto, poucos descem a
mais de cinquenta. Nesse desmesurado abissal, a pressão é quatro vezes maior
que a atmosfera. No século XVIII, apareceu uma máquina na qual deram o nome de
“Lulamovel”, uma geringonça assemelhada a um pequeno submarino onde só entrava
o pessoal do PT. Desculpem amigas. Onde só tinha acesso aquele cidadão que
fosse especialista em mergulhos agigantados e que não tivesse medo de encontrar
tubarões disfarçados de deputados ou senadores.
Ratificando: onde só acessava
aquele profissional qualificado, devidamente treinado e que não tivesse,
sobretudo, receio mórbido de ser atacado por baleias e tubarões. Nesse balde de
água salgada, em 24 de junho de 1727 (há exatos 292 anos) se empregou, pela
primeira vez, uma dessas máquinas aperfeiçoadas, invenção de um mecânico alemão
porreta chamado Klingert, de Breslau.
Klingert era, de fato, de Breslau na Polônia, cidade pitoresca às
margens do Rio Oder.
Tempos à frente, surgiu em
cena, outro tipo mais moderninho, o Denayrouse.
Escafandro que chegou até nosso século com toda pompa e sutileza. A
palavra e a profissão de escafandrista vêm do grego, seguida da seguinte
composição malparida: “LulaisDilmaisTemeres”. Traduzindo, chegamos a “skaphe”
que, por sua vez, significa barco “aner-andros”.
Em português correto, “Homem”.
Tudo isso juntado e misturado ao sufixo “ista” que também é originário do
sufixo análogo do grego “istes”. Colocando essa salada de frutas num mesmo copo
de liquidificador e batendo, devemos deixar pontilhado que diversos escafandristas
arrebataram do mais colossal dos oceanos, valiosas raridades e supimposos
cofres abastecidos com uma infinidade incalculável de relíquias e tesouros.
Do britânico SS Laurentic, por
exemplo (inicialmente uma embarcação de passageiros e depois adaptada a
cruzador mercante armado), que se viu torpedeado em 1917, no lago da Irlanda,
conseguiram trazer, à sol aberto, além dos 354 corpos encaveirados, e acreditem
de olhos arregalados e dentes perfeitos, uma carga de ouro no valor (a época)
de vinte e cinco milhões de dólares. Do navio Egito, afundado em Brest, região
da Bretanha, na França retiraram uma carga valiosa de barras de ouro valendo
mais de cinco milhões de dólares. Depois de regatadas, essas barras sumiram na
poeira. Uns dizem que políticos investiram na Torre Eiffel, outros na
construção da sede do departamento de Finistère, capital de Quimper.
Entretanto...
Resumindo nossas “Danações”, o
político é, de fato, uma pústula. Uma
fissura eterna, uma desgraça, um câncer, uma lástima para a sociedade,
notadamente para o povo. Uma doença incurável cujo antídoto, para se colocar
final definitivo, até ontem nenhum cientista (por mais graduado que se ache, ou
que seja), conseguiu chegar perto.
O escafandrista com seus
escafandros, roupas estranhas, parecendo, muitas das vezes seres esquisitos e
vindos de outros planetas, vestiários estes, fechados, a depois, por Augustos
Siebe, em 1839, tomou vida e forma, a partir da exibição do filme “20.000
Léguas submarinas”, película produzida pelos estúdios Disney em 1954, da
majestosa e incomparável obra de Júlio Verne.
Os escafandristas, agora tão
atuais, como nossos deputados, prestam relevantes serviços à sociedade,
enquanto aquela corja de vadios, em Brasília e em aparte, desgraça e arrebenta
com as nossas vidas. Estão presentes os ilustres mergulhadores, em construções
de pontes, viadutos, portos, resgates em alto mar, ou em qualquer outra
situação calamitosa.
Situação catastrófica (como o
naufrágio do Bateau Mouche), que emborcou na baia de Guanabara, em 1988 (em
português, “Bateu Murchou”) ou em empreitadas que se exijam boas criaturas com
espíritos saudáveis e acima de quaisquer suspeitas. Heróis que fazem da
imersão, submersão, soçobro ou socialmente a arte magnânima do afundamento
inesperado, uma das mais belas, audaciosas, nobres e invejadas das profissões.
Título e Texto: Carina Bratt, da Lagoa Rodrigo de
Freitas, no Rio de Janeiro. 14-4-2019
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