Juliano Oliveira
De acordo com artigo publicado no jornal 'Gazeta do Povo', Jair Bolsonaro postou em sua
conta no Twitter a seguinte informação: “o Ministro da Educação Abraham
Weintraub estuda descentralizar investimento em faculdades de filosofia e
sociologia (humanas). Alunos já matriculados não serão afetados. O objetivo é
focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como: veterinária,
engenharia e medicina.”
O presidente prosseguiu: “A função do governo é respeitar o dinheiro do
contribuinte, ensinando para os jovens a leitura, escrita e a fazer conta e
depois um ofício que gere renda para a pessoa e bem-estar para a família, que
melhore a sociedade em sua volta.”
Diante da notícia, fiz uma modesta comemoração em minhas redes sociais, o
que despertou o questionamento de algumas pessoas. Basicamente, questionaram o
porquê de minha comemoração frente ao anúncio de que recursos escassos serão
melhor alocados na educação (noutras palavras, serão retirados dos cursos de
ciências humanas e direcionados, segundo o atual presidente da República, para
áreas de maior importância).
Minha resposta: Nossos cursos de ciências humanas estão ideologicamente
aparelhados por movimentos e partidos de esquerda. Não refletem, portanto, a
pluralidade de ideias que deveria ser a regra em cursos que se propõem a
ensinar a arte do pensamento crítico. Duvida?
Experimente apontar as contradições dos defensores dos movimentos das
minorias “oprimidas” nos ambientes das instituições federais. Tente explicar
para um típico aluno de filosofia da USP que, de forma bastante estranha, quer
se libertar da opressão ocidental usando saias, que a desigualdade salarial
existente entre homens e mulheres nada mais é que o resultado das características
que a própria natureza conferiu ao sexo feminino e que só foi acentuada porque
o estado tem interferido cada vez mais nas relações voluntárias que se dão
entre empregador e empregada e verá quão valorizado é o pensamento crítico nas
universidades públicas.
Já faz tempo que os cursos de ciências humanas estão desconectados da
realidade do mercado de trabalho. Não é justo ou moral que o pagador de imposto
seja convidado a subsidiar sua própria destruição. Sim, destruição. Conforme
aponta Amilcar Baiardi, professor aposentado da Universidade Federal da Bahia
(UFBA) e da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), os cursos de
humanas não conferem o profissionalismo de que as pessoas necessitam para o
mercado de trabalho, “ao contrário, as ciências humanas no Brasil estão
afastadas das questões de inovação e focadas demais em pesquisas de gênero, de
luta de classe e de etnia, sem apresentar soluções para tais problemas”.
Diante desta evidência, pergunto: de que maneira espera o trabalhador brasileiro
aumentar sua produtividade, eficiência e, como consequência, seu padrão de
vida, se recursos escassos, que seriam melhor aplicados em áreas que demandam
bons e talentosos profissionais, financiam cursos que ensinam a seus pupilos a
ideia de que Lula é apenas uma vítima de uma conspiração da elite que não
suporta o crescimento da classe mais pobre da sociedade?
Deixando de lado a discussão sobre este crescimento altamente
questionável (o número de desempregados atinge os 13 milhões, herança maldita da
era lulopetista), é nos DCE’s das universidades públicas que se amontoam as
mentes embebidas de muita justiça social ao estilo classista de Marx, mentes
que reivindicam o monopólio do altruísmo mas não têm a capacidade ou a honradez
intelectual de conviver com o contraditório.
Obviamente, apesar de considerar alvissareiro o fato de que o presidente
esteja considerando uma melhor alocação de recursos escassos, minha defesa de
menos estado e mais livre mercado me leva a deixar claro que o melhor dos mundos
seria aquele em que não houvesse educação estatal. Neste mundo, todas as
universidades seriam privadas e a educação seria, para desespero dos que foram
doutrinados a acreditar num estado provedor e clarividente, uma mercadoria a
ser comercializada no balcão do capitalismo. Sim, este seria o melhor dos
mundos. Empreendedores da educação ávidos por atender os interesses do mercado
e fornecer-lhe profissionais altamente preparados, dinâmicos e sintonizados com
as demandas da realidade 4.0.
Como minha capacidade preditiva sinaliza que alguns leitores da ala
esquerdista farão uso do argumento da diferença de qualidade dos cursos
ofertados nas universidades públicas em relação às particulares, lanço mão das
palavras do jornalista Leandro Narloch para justificar minha preferência por
instituições de ensino privadas:
Diz o autor em Guia Politicamente Incorreto da Economia Brasileira:
“[…] há hotéis baratos e ruins, caros e bons, caros e ruins, e às vezes
há pechinchas de hotéis cinco estrelas. Tomar um exemplo de faculdade privada e
ruim e usá-lo para retratar todo o sistema privado é como escolher uma
espelunca de beira de estrada para dizer que todos os hotéis são péssimos. Há
faculdades privadas mequetrefes e outras léguas à frente das públicas”.
Título, Imagem e Texto: Juliano Oliveira é administrador
de empresas, professor e palestrante. Especialista e mestre em engenharia de
produção, é estudioso das teorias sobre liberalismo econômico. Instituto Liberal, 27-4-2019
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