terça-feira, 30 de abril de 2019

[Aparecido rasga o verbo] Breve e curtíssima definição de justiça

Aparecido Raimundo de Souza

“A justiça é cega, daí não se ruborizar com os comentários do povo”.
Machado de Assis

A JUSTIÇA VIVE, ou o que sobrou dela, sobrevive, escapole, se escafede de pires nas mãos. Além de abrolhosa e insana, para se pedir ou pleitear qualquer coisa, primeiro se faz necessário a quem dela necessita (aqui, quem dela necessita conhecido como Autor ou Requerente), que meta as mãos no bolso e proceda ao pagamento das custas. Sem as custas... ou sem a custa, ou sem os haveres, não há justiça. Em seu lugar, entra a famigerada embromação, ou a procrastinação.

A justiça é, na verdade, sem tirar, nem pôr, uma Maria-maçaneta, uma bandalha. Dessas levianas e inócuas que se vendem por tostões. Extremamente malandra e sacana. Faz barba, cabelo, bigode e cavanhaque. Cavanhaque também nos leva, ou nos remete a espanador de cu. Por falar nele, a justiça gosta de sentar e rebolar numa cama cheia de dinheiro. Notadamente o vil metal fácil. A bufunfa, o faz-me rir, a bolada, o dindin, que chega às suas mãos por baixo dos “debaixos” dos panos.

A justiça tem lado outro, a garganta profunda e larga. Além de morosa e lenta na horizontal, na prática cotidiana é uma merda elevada ao quadrado. Na hora do ato em si, mija urinando (dá no mesmo, mijar e urinar) fora do penico. Não sabe dar prazer. Não aprendeu a abrir as pernas para sentir o que é gozar diametralmente de verdade. Não dá duas, ou, não repete a dose. E quando repete, o sujeito (no caso o autor ou o requerente) acaba esporrando na tez do chefe da secretaria do cartório ou nas sobrancelhas postiças da estagiária atendente.


Além do pontapé inicial, para ser acionada, depois do pagamento das tais custas, ou da custa, o filho de Deus, ou o pobre, o Zé Coitado, que a procurou (de novo, recordando, o autor ou requerente), ainda tem que provar que pagou os emolumentos para poder ver seu feito seguir adiante, observando, a passos de tartaruga. Se não correr no prazo estabelecido, qualquer togadozinho de bosta metido a magistrado tem o direito ou o livre arbítrio de mandar arquivar a papelada. 

Em contrário, esse depauperado, esse humilde, esse Zé Coitado (em repeteco, autor, ou requerente), que corra que voe que atropele (se não andar na linha, ou não informar ao Senhor Da Capa Preta da vara que pagou), sofrerá na pele a sua desdita. Trocado em miúdos: o autor será brindado ou premiado com a estupefação de voltar para casa, mão na frente, outra atrás. Grosso modo, esdruxulamente escrevendo: com o pau murcho e os colhões sem ter ejaculado.

A justiça ha muito tempo perdeu o que a sociedade como um todo batizou de vergonha. Mandou para o ralo, a dignidade, a hombridade, a lisura, a transparência. Na mesma fornicação, despachou de mala e cuia, para a casa do caralho a sua carência, a sua indigência. Na verdade, se tornou INDIGESTA.

De roldão, enfiou dentro da calcinha melecada, o discernimento, a consciência, a informação, a praticidade e a sensatez (numa salada de frutas sem gosto e sem gelo) entrelaçadas e voltadas não em prol do bem comum, em proveito de si mesma. Aliás, para ela, é viável que se diga o bem comum... kikikikikiki... o bem comum, que se foda...

Possivelmente essa desgraça que conhecemos como justiça, foi estuprada por algum juizinho arrogante recém-empossado no cargo. Tomou no ânus ou no cu, a infeliz e desditosa e, desde então, furisco melindrado, machucado, caxinga, claudica, acambeta ou capenga das pernas. Dai a venda amarrada na fuça.

Em conclusão, a justiça não é justa. Nunca foi. Fede a carniça. Exala odores impuros. Catinga. Acabou mal. Virou rameira, cachorra, devassa, alcoviteira, vagabunda, safada de ponta de estoque, rameira de beira de esquina, entre outros predicados.

A venda em seu rosto (rosto?!), voltando à venda, essa birosca fez dela, ou faz dela, literalmente, uma peça vulgar, medíocre, insignificante, pueril. Pelo acima exposto, encontrarmos, uma nova roupagem para revesti-la. Uma vestimenta ao clima da sua altivez. Uma indumentária ao intocável de sua figura lésbica, falida e bancarrotada: a de j-u-s-t-i-s-s-s-a feita nas coxas... e... sobre... as... colchas.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, de João Pessoa, Paraíba. 30-4-2019

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