Aparecido Raimundo de Souza
VIVEMOS NAS GREIS, nas paragens do caos, dos
cães, dos figurões, dos ladrões, dos medalhões, dos magnatas e mandachuvas, dos
caciques e coronéis, dos deturpadores e dos alteradores das leis, dos
pervertidos da boa ordem que cagam na tal da constituição. A “bundeira”
brazzzileira (outrora símbolo da pátria, hoje pútrida), deveria grafar, ao
invés de “Ordem e Progresso”, esta frase: “Desordem e Retrocesso”. Cairia
melhor, haja vista que a mutação degenerativa nos morde o cu do estômago a
dentes expostos e o retrocedimento ou a decadência é tão certa e verdadeira,
quanto à passagem de Cristo pelo Calvário.
Sobrevivemos, na verdade. Sobreviver. Ah,
sobreviver! Essa seria a palavra certa. Sobreviver. SOBREVIVEMOS, empurramos para a barriga.
Neste corre-corre desleal, desenfreado, camuflamos seguir adiante no terreno
dos “mamadores das tetas” dos nossos bolsos. Macaqueamos estar tudo azul, com
bolinhas da mesma cor, na gleba dos sugadores de nossos suores, na leiva dos
embuçalados em nossos míseros trocadinhos. Vivemos (vivemos não, SOBREVIVEMOS)
nas botas dos suseranos impiedosos. Escapulimos a trancos e barrancos dessa
corja de contraventores e quadrilheiros que se vangloriam na fossilização do
obsoleto e do arcaico. Às tapas e
bordoadas safanões e empurrões, nos refazemos, como heróis, não como Teseu,
Ajax, Hércules ou Atalanta. Estamos mais para os paladinos fictícios da Marvel
e Dc Comics.
Patinamos, escorregamos, num feudo imundo, onde
nada funciona. Nada! As leis são falhas, a justiça é injusta, cega dos três
olhos (usa em dois deles uma tarja preta, desculpem, uma venda, uma birosca,
evidentemente para esconder a miopia galopante da qual foi acometida), além de
cara, temerária e fora dos trilhos. Na mesma listinha assemelhada a de
Schindler, tem a garganta larga, a goela mais ampla ainda e atentem senhoras e
senhores, com dimensões grandiosas, em vista do rego de sua bunda ter sido
escancarado e as pregas arrombadas.
Vivemos, ou resistimos, a trancos e barrancos,
num território de pires nas mãos. Um país onde o Zé Povinho desprotegido
caminha sem rumo, sem bussola, sem direção, e pior, bancarrotado fodido, à cata
de matar um leão por dia (por dia uma merda, por hora) para se conservar em pé
e alentado. À força total nos safamos numa nação estraçalhada, onde trabalhamos
embaixo de chuva, e sol, para mantermos um leque de “patrões” no poder,
“administradores” que nada fazem para melhorar a nossa vidinha medíocre.
Nesse jogo desigual, estamos todos à beira de um
abismo maior que a tara sexual pela reforma da previdência. A nossa frente, um
desfiladeiro quase do tamanho da desvergonha, perdão, da pouca vergonha, de
quem deveria nos dar segurança, saúde excelente, educação nota mil, e um
horizonte mais brando e mais camarada. Tangenteamos numa republiqueta de bosta
fedorenta, mandando dinheiro para suster as farras e os embusteiros fanfarrões
do Epicentro. Farras e fanfarrões, fanfarrões e farras atreladas aos
parlapatões que, a cada dia, surgem de buracos e desvãos de esgoto, como larvas
e vermes.
Escafedemos (de novo, SOBREVIVEMOS) num rincão
tipo Zeboim, onde caminham juntos senhores engravatados, expressivos e
vistosos, porém, vigaristas como cachorros e pulgas, porcos e chiqueiros,
assaltantes e insufladores, lama e podridão. Relutamos onde a democracia é um
zero à esquerda de lugar nenhum e o proletariado, trocado por merda totalmente
insípido. Seria de alvitre inspirador que deixássemos registrado (numa espécie
de roteiro à Xavier de Maistre), o seguinte: em qualquer lugar do mundo os
cagalhões que expelimos em nossas bacias de privadas dão dinheiro, geram grana
farta, propiciam empregos, além do que, triplicam os dólares, e quadruplicam o
PIB (Produto Interno Bruto).
Nesse enlace, nos atreveríamos a ir mais aquém.
Desferimos cotidianamente murros em pontas de facas, num sítio de mercenários,
de filhos da puta, de larápios, de cafajestes, de uma leva de larvas que não
largam as tetas gordas do poder, de parasitas que boqueteiam como mundanas de
zonas de meretrício debruçadas em grossos cacetes, metendo as mãos em nossos
salários. Por atalhos paralelos, nos desafiamos onde o PIB (Produto Interno
Bruto) se traduz por um PIB diferenciado, qual seja o de um “PUTEIRO DE
INTEGRANTES E BANDIDOS”. E queridos e amados leitores, atentem, fato notório,
cangaceiros da pior espécie para nenhum país de verdade, de respeito, botar
olho grande e querer copiar.
Desacatamos as normas da nossa própria natureza,
num universo onde nada funciona. A saúde pública foi atropelada pelos
colarinhos brancos, pelos senhores de terninhos de grifes famosas, por usuários
de sapatos de boas marcas. Mesmo trilhar, engolimos sapos e cobras acobertando
charlatões que passeiam para baixo e para cima em carros importados. Sem falarmos, melhor posto, reforçando, nos
ultrajamos como ratos em face de gabinetes repletos por uma sucia de
malfeitores que não faz porra nenhuma a não ser sugar a lambidas rápidas,
nossos colhões, chupando nossas porras, nossas vidas, nossos sonhos e
contribuindo para aumentar assustadoramente, devassadamente, escabrosamente a
babel existente.
Quem manda nesse paíszinho de décimo mundo, é a
banda podre, enquanto a banda malnascida, mal gerada, estropiada e vexada, se
apega às orações endereçadas ao Altíssimo esperando por um milagre que nunca
chegará que não vingará que não prosperará, ainda que passe mil anos. Esse país
está atolado. Prestes a ir para a casa do caralho, mergulhado até o pescoço num
lamaçal maior que o território da Amazônia (que diziam ser o pulmão do mundo).
Esse pulmão, prezados, está comprometido com uma cirrose hepática incurável.
Um câncer maligno, um cancro que o corrói e o
definha. O brazzzil, amados, sofre da
AIDS. Em vista dessa praga, caminha como um Pégaso para a sepultura. Quem
contrai essa tal de Síndrome da Ineficiência Imunológica Adquirida, não tem
volta. Não seria o nosso cafundozinho enlameado de estrume a nos dar esse
orgulho. Entre mortos e feridos, nos irmanamos no mesmo abalo sísmico da
desgraça anunciada de nos sentirmos personagens vivos de um ditador nos moldes
de Nicolás Maduro. O brazzzil deveria mudar seu nome original. Ficaria lindo,
por exemplo, VENEZUELA.
Esse pobre e carcomido quinhão está “mais mau”
ainda. Atolado, ou para que entendam melhor, enchafurdado nos conchavos por
debaixo dos panos. Os Dominadores, os Intocáveis, os de foro privilegiado, os
deuses de araque (enfim, todos, embarcados comodamente no inoxidável Avião
Pousado) fedem a carniça, a cadáveres em decomposição, como os mais de duzentos
corpos de Brumadinho. Vivemos uma segunda Sodoma e Gomorra século 21. Se
olharmos para trás, se levantarmos a voz, se esbravejarmos, ou,
hipoteticamente, se dermos um peido, que seja (não importa o filho da puta
Regente que vá cheirá-lo), um peidinho maroto, sem maiores “censuras”,
VIRAREMOS ESTÁTUAS DE SAL.
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
19-04-2019
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