sexta-feira, 19 de abril de 2019

[Aparecido rasga o verbo] Nas negruras profundas, um país se perde submerso...

Aparecido Raimundo de Souza

VIVEMOS NAS GREIS, nas paragens do caos, dos cães, dos figurões, dos ladrões, dos medalhões, dos magnatas e mandachuvas, dos caciques e coronéis, dos deturpadores e dos alteradores das leis, dos pervertidos da boa ordem que cagam na tal da constituição. A “bundeira” brazzzileira (outrora símbolo da pátria, hoje pútrida), deveria grafar, ao invés de “Ordem e Progresso”, esta frase: “Desordem e Retrocesso”. Cairia melhor, haja vista que a mutação degenerativa nos morde o cu do estômago a dentes expostos e o retrocedimento ou a decadência é tão certa e verdadeira, quanto à passagem de Cristo pelo Calvário.

Sobrevivemos, na verdade. Sobreviver. Ah, sobreviver! Essa seria a palavra certa. Sobreviver.  SOBREVIVEMOS, empurramos para a barriga. Neste corre-corre desleal, desenfreado, camuflamos seguir adiante no terreno dos “mamadores das tetas” dos nossos bolsos. Macaqueamos estar tudo azul, com bolinhas da mesma cor, na gleba dos sugadores de nossos suores, na leiva dos embuçalados em nossos míseros trocadinhos. Vivemos (vivemos não, SOBREVIVEMOS) nas botas dos suseranos impiedosos. Escapulimos a trancos e barrancos dessa corja de contraventores e quadrilheiros que se vangloriam na fossilização do obsoleto e do arcaico.  Às tapas e bordoadas safanões e empurrões, nos refazemos, como heróis, não como Teseu, Ajax, Hércules ou Atalanta. Estamos mais para os paladinos fictícios da Marvel e Dc Comics.

Patinamos, escorregamos, num feudo imundo, onde nada funciona. Nada! As leis são falhas, a justiça é injusta, cega dos três olhos (usa em dois deles uma tarja preta, desculpem, uma venda, uma birosca, evidentemente para esconder a miopia galopante da qual foi acometida), além de cara, temerária e fora dos trilhos. Na mesma listinha assemelhada a de Schindler, tem a garganta larga, a goela mais ampla ainda e atentem senhoras e senhores, com dimensões grandiosas, em vista do rego de sua bunda ter sido escancarado e as pregas arrombadas. 

Vivemos, ou resistimos, a trancos e barrancos, num território de pires nas mãos. Um país onde o Zé Povinho desprotegido caminha sem rumo, sem bussola, sem direção, e pior, bancarrotado fodido, à cata de matar um leão por dia (por dia uma merda, por hora) para se conservar em pé e alentado. À força total nos safamos numa nação estraçalhada, onde trabalhamos embaixo de chuva, e sol, para mantermos um leque de “patrões” no poder, “administradores” que nada fazem para melhorar a nossa vidinha medíocre.

Nesse jogo desigual, estamos todos à beira de um abismo maior que a tara sexual pela reforma da previdência. A nossa frente, um desfiladeiro quase do tamanho da desvergonha, perdão, da pouca vergonha, de quem deveria nos dar segurança, saúde excelente, educação nota mil, e um horizonte mais brando e mais camarada. Tangenteamos numa republiqueta de bosta fedorenta, mandando dinheiro para suster as farras e os embusteiros fanfarrões do Epicentro. Farras e fanfarrões, fanfarrões e farras atreladas aos parlapatões que, a cada dia, surgem de buracos e desvãos de esgoto, como larvas e vermes.

Escafedemos (de novo, SOBREVIVEMOS) num rincão tipo Zeboim, onde caminham juntos senhores engravatados, expressivos e vistosos, porém, vigaristas como cachorros e pulgas, porcos e chiqueiros, assaltantes e insufladores, lama e podridão. Relutamos onde a democracia é um zero à esquerda de lugar nenhum e o proletariado, trocado por merda totalmente insípido. Seria de alvitre inspirador que deixássemos registrado (numa espécie de roteiro à Xavier de Maistre), o seguinte: em qualquer lugar do mundo os cagalhões que expelimos em nossas bacias de privadas dão dinheiro, geram grana farta, propiciam empregos, além do que, triplicam os dólares, e quadruplicam o PIB (Produto Interno Bruto).

Nesse enlace, nos atreveríamos a ir mais aquém. Desferimos cotidianamente murros em pontas de facas, num sítio de mercenários, de filhos da puta, de larápios, de cafajestes, de uma leva de larvas que não largam as tetas gordas do poder, de parasitas que boqueteiam como mundanas de zonas de meretrício debruçadas em grossos cacetes, metendo as mãos em nossos salários. Por atalhos paralelos, nos desafiamos onde o PIB (Produto Interno Bruto) se traduz por um PIB diferenciado, qual seja o de um “PUTEIRO DE INTEGRANTES E BANDIDOS”. E queridos e amados leitores, atentem, fato notório, cangaceiros da pior espécie para nenhum país de verdade, de respeito, botar olho grande e querer copiar.

Desacatamos as normas da nossa própria natureza, num universo onde nada funciona. A saúde pública foi atropelada pelos colarinhos brancos, pelos senhores de terninhos de grifes famosas, por usuários de sapatos de boas marcas. Mesmo trilhar, engolimos sapos e cobras acobertando charlatões que passeiam para baixo e para cima em carros importados.  Sem falarmos, melhor posto, reforçando, nos ultrajamos como ratos em face de gabinetes repletos por uma sucia de malfeitores que não faz porra nenhuma a não ser sugar a lambidas rápidas, nossos colhões, chupando nossas porras, nossas vidas, nossos sonhos e contribuindo para aumentar assustadoramente, devassadamente, escabrosamente a babel existente.

Quem manda nesse paíszinho de décimo mundo, é a banda podre, enquanto a banda malnascida, mal gerada, estropiada e vexada, se apega às orações endereçadas ao Altíssimo esperando por um milagre que nunca chegará que não vingará que não prosperará, ainda que passe mil anos. Esse país está atolado. Prestes a ir para a casa do caralho, mergulhado até o pescoço num lamaçal maior que o território da Amazônia (que diziam ser o pulmão do mundo). Esse pulmão, prezados, está comprometido com uma cirrose hepática incurável.

Um câncer maligno, um cancro que o corrói e o definha.  O brazzzil, amados, sofre da AIDS. Em vista dessa praga, caminha como um Pégaso para a sepultura. Quem contrai essa tal de Síndrome da Ineficiência Imunológica Adquirida, não tem volta. Não seria o nosso cafundozinho enlameado de estrume a nos dar esse orgulho. Entre mortos e feridos, nos irmanamos no mesmo abalo sísmico da desgraça anunciada de nos sentirmos personagens vivos de um ditador nos moldes de Nicolás Maduro. O brazzzil deveria mudar seu nome original. Ficaria lindo, por exemplo, VENEZUELA.

Esse pobre e carcomido quinhão está “mais mau” ainda. Atolado, ou para que entendam melhor, enchafurdado nos conchavos por debaixo dos panos. Os Dominadores, os Intocáveis, os de foro privilegiado, os deuses de araque (enfim, todos, embarcados comodamente no inoxidável Avião Pousado) fedem a carniça, a cadáveres em decomposição, como os mais de duzentos corpos de Brumadinho. Vivemos uma segunda Sodoma e Gomorra século 21. Se olharmos para trás, se levantarmos a voz, se esbravejarmos, ou, hipoteticamente, se dermos um peido, que seja (não importa o filho da puta Regente que vá cheirá-lo), um peidinho maroto, sem maiores “censuras”, VIRAREMOS ESTÁTUAS DE SAL. 
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. 19-04-2019

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