quinta-feira, 18 de abril de 2019

[Aparecido rasga o verbo] O Manifestante

Aparecido Raimundo de Souza

O MANIFESTANTE É, ANTES DE TUDO, um imbecil, um piegas tremendamente trouxa. Poderia ser descrito também como aquele sujeito com pinta de burro mongoloideado, que faz questão de dizer, para todo mundo, que é um inexperiente babaca. E, de fato, caros leitores, sem tirar nem pôr, é.

Esse infeliz luta de unhas e dentes por uma causa que nem ele sabe a razão. Peleja se mete em fria, uma atrás da outra, e, nessa confusão desordenada, toma bordoada, leva cacetada, enfrenta spray de pimenta no focinho, toma bala de borrada nos costados até dizer chega. Todavia, não diz.

Apesar disso, briga. Combate numa mistura de euforia malparida. Batalha, digladia, esperneia, tomba, cai, torna a se levantar. Porém, jamais desiste. Ele é um manifestante e a sua sina, o seu objetivo maior é seguir a turba enfurecida por uma causa geralmente perdida.

Feito desnorteado e sem razão. Atividade desprovida de um desígnio específico se assemelha mais a um paranóico puxa-saquista sem saber quais colhões está realmente trazendo para enfiar em si próprio.

O manifestante é um herói anônimo, desconhecido. Forasteiro, extravagante, que carrega, dentro do peito um pouco do Joaquim José da Silva Xavier, o popular Tiradentes.

Com a diferença relevante de que o alferes de Ouro Preto tinha um objetivo: lutava bravamente para perder o pescoço. E perdeu. De roldão, a vida lhe saiu escorrida pelos fundilhos de um cadafalso construído as pressas.

O manifestante, esbraveja, rivaliza adversa. Discute, se fode de verde amarelo. Exalta, a toda hora, a bandeira de uma falida republiqueta de bosta e perde a razão sem saber, contudo, exatamente o motivo.

O manifestante é um bravo, um corajoso, um destemido, um feroz, um assomado. Vai para a guerra, adora ser bucha de canhão, linha de frente. Não pode ver uma trincheira inimiga que logo quer pular dentro e partir para a galera. E acreditem. Parte.

Faz questão de mostrar os bugalhos da sua ira construída a golpes de R$ 50 ou R$ 100 pagos por Espertalhões que não “aparecem” diante das câmeras de televisão. Desde que “essas figuras” que metem as mãos nos bolsos lhe paguem rigorosamente em dia, e ele possa levar um pão com mortadela para casa, está tudo bem.

O manifestante é um santo. Não como os que moram em altares, em igrejas de bairros e periferias, nem faz milagre, porque o Papa-Mingau virou-lhe o rosto e fechou as portas de acesso à Sagrada Madre igreja e pior, indeferiu a sua tão sonhada canonização.

Embora não faça nenhum prodígio, o manifestante adora ser pau mandado, pica para toda obra e contribuir, de corpo e alma, para que seu mentor (não importa quem seja esse Traquina) alcance o incomum de se tornar conhecido e falado na mídia, enquanto ele apodrece numa cela imunda de cadeia servindo de comida para outros prisioneiros matarem suas taras escondidas.

Se o manifestante tivesse o dom de voar como o Crak Kent (a identidade secreta do Super Homem), certamente adejaria para dentro da calcinha da saia da sua mãe e se agarraria de unhas e dentes, na “piriquita” dela, como se fosse um bebezinho de colo que ainda não se esqueceu de largar dos pelos pubianos da mamadeira.  

O manifestante é ainda um cristo ao contrário. Sua sina é a cruz que carrega todo dia, por um ideal perdido, sumido, extraviado, sem justificativa plausível. O manifestante ama a chamada linhagem “Y”, se amolda a descendência dos vadios e boçais elege a geração Coca-Cola, sem perceber que esse refrigerante o mata a goles poucos.

O manifestante sente um prazer quase sexual, adora viver pregado na sua cruz, no seu instrumento de suplício.  Quando não tem um ao alcance, sai à cata, louco incansável, por um pedaço de madeira em forma da qual Nosso Senhor foi martirizado.

Quando acha, encosta o seu rego desadiposo e afilado junto com a bunda cheia de merda. Sorri de alegria ao sentir o calor mormacento do cepo de encontro às suas pregas.

Percebam senhoras e senhores, que todo manifestante tem as nádegas do orifício cagador definhado. E suja de imundícies as mais variadas. É cadavérico por natureza, infame de berço, e não nasceu com o “canal do panamá” direcionado para a lua. Contudo, voltada para os tridentes salientes do tinhoso.

Sempre dá uma de depauperado, quebrantado, o que o torna vulnerável para que a polícia corra em seu encalço e lhe enfie uma boa série de porradas pelos costados.

E ele, então, se regozija se alegra, se assanha. Faz parte do seu show. Venera, de coração, ser palhaço de um público seleto que nem sabe, ou pior, nunca saberá que ele existe.

Resumindo, amados. Só acreditaremos no manifestante se ele for um manifestante com “M” maiúsculo. Quando deixar de ser um recalcado, um vacilante, um Mané. Quando sair para se insurgir, em face de “A” ou “B”, que apronte o diabo.

Todavia, que não atrapalhe o transito, botando fogo em pneus, fechando vias públicas e rodovias. Isso não é manifestar, é fazer papel de donzel, de piegas e pomboca.

Acreditaremos piamente nesse zebróide, quando ele deixar de dilapidar carros e bens particulares, de depredar ônibus e trens e tirar da cabeça a idéia estapafúrdica de agredir cidadãos comuns, velhos, crianças, enfim, a raia miúda que cruza em seu caminho.

Abonaremos a sua conduta, de peito mostrado, aberto e acessível, quando esse cidadão partir para se sobrepor, por exemplo, contra um governador, e, quando o ver, enfiar-lhe o braço no meio da cara. Que se foda o resto. Se for o presidente, que lhe cuspa na face, que o chame de covarde e ladrão. Que se foda o resto.

Endossaremos seus “modos” (ainda que pouco civilizados) quando o ilustre manifestante mostrar a essa legião sem eira nem beira que “TODO PODER EMANA DO POVO E EM SEU NOME É EXERCIDO”.

Jamais, meu nobre manifestante, boline com o pobrezinho de assalariado que luta para ganhar seu arroz com feijão de cada dia. Não prejudique o estrangeiro, o anônimo, o Zé Coitado, que só quer ir e vir do trabalho para casa, sem aporrinhações.

Entenda, de uma vez por todas, que o manifestante que se preza, o corajoso, aquele que não recebe, mas paga para ver, necessita acima de qualquer coisa, carregar, entre as pernas, dois testículos, grosso modo, duas picas grossas e distintas, dispostas a saírem da cueca e berrarem (ou esporrarem) a plenos ejaculos a que vieram.

Carece o manifestante com “M” maiúsculo, honrar as calças que veste. Ter sangue nas ventas. Não ser, não se tornar, um borra botas que segue uma turba de famintos em busca de um objetivo que sabe, de antemão, estar longe de acontecer. Quer lutar? Lute!

Seja robusto, arrojado, audacioso, decidido, aguerrido suficiente para fazer valer a sua vontade soberana. Jamais, em tempo algum, se curve diante desses veados sejam eles do melhor partido existente. Lembra que nenhum partido presta. Por isso, como o nome esclarece, é P A R T I D O.

No mesmo pontapé, nenhum partido (ainda que se diga inteiro), merece a sua atenção, a sua honra, a sua dignidade. Mande caro manifestante, se você tiver brio, vergonha e coragem, ordene de cabeça erguida, prescreva, a esses crápulas que o incitam a ir para as praças, ruas e avenidas, a fazer ou a se passar pelo grotesco papel de bufão... mande todos  eles, sem exceção, TOMAREM NO OLHO DO CU. 
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, de Florianópolis, Santa Catarina. 16-4-2019

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